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Facção usa postos para lavar dinheiro
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
20/10/2006 | 22:27
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O PCC (Primeiro Comando da Capital) utiliza 44 postos de combustíveis no Grande ABC para lavagem de dinheiro, além de lojas de automóveis. Isso é o que aponta investigação da Polícia Civil de Santo André, que apura a participação no esquema de Felipe Geremias dos Santos, 31 anos, o Alemão, um dos principais líderes da facção no Grande ABC. O esquema movimenta por mês cerca de R$ 500 mil. Os postos de combustível ficam em Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá.

Além de lavar dinheiro, o PCC lucra com a venda de combustível totalmente adulterado. Investigações da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Santo André apontam que, ao invés de vender gasolina, esses postos colocam 50% de álcool anidro e 50% de solventes.

Isto é, não vende ao menos um pingo de gasolina. Para enganar o comprador, também é adicionado corante para simular a cor do combustível.

O dinheiro para a aquisição dos postos e das lojas de veículos vem do tráfico de drogas. Esses negócios são administrados pela facção por meio de laranjas. Os postos foram escolhidos para o esquema especialmente porque movimentam constantemente dinheiro em caixa.

Alemão é subordinado a um integrante da cúpula do PCC, o torre (comandante) Wilson Roberto Cuba, o Rabugento, detido na penitenciária de segurança máxima de Presidente Venceslau. Para lavar o dinheiro, são usadas 40 contas bancárias de diversos laranjas. No inquérito da Polícia Civil sobre o caso, foram indiciadas cerca de 50 pessoas.

Como parte da investigação, a Dise de Santo André realizou sexta-feira operação especial na região com nove mandados de busca e apreensão em residências de suspeitos e na loja de veículos Tonhos, localizada na avenida Barão de Mauá, em Mauá.

No local, foram apreendidos 20 carros e quatro motos. O estabelecimento também foi interditado. O proprietário, que seria um laranja, Antônio Soares de Melo, não foi encontrado.

A polícia descobriu que o estabelecimento estava totalmente irregular, pois não tinha registro na junta comercial e muito menos alvará de funcionamento. O segurança Marcelino Soares da Silva, 19 anos, foi detido por porte ilegal de arma.

Segundo a Dise, a Tonhos Veículos utilizava a loja Sidimar Veículos, com estabelecimentos em Mauá e Santo André, para fazer financiamento dos carros vendidos. O dono da Sidimar, Sidnei Garcia, saberia do esquema e seria partícipe.

Um dos mandados de busca e apreensão foram feitos na casa de Garcia, na Vila Bocaina, em Mauá. Além de diveros documentos, foram apreendidos R$ 22, 8 mil e US$ 241. A reportagem tentou localizar Garcia, mas não conseguiu.

Nos outros locais em que os policiais cumpriram os mandados foram apreendidos basicamente documentos referentes à contabilidade dos postos de gasolina, além de computadores.

Em uma das casas, no bairro Campestre, em Santo André, foi preso por estelionato o pai de uma das amantes de Rabugento, Moacir Valério, 40 anos. Os investigadores encontraram diversos documentos falsos em nome de outras pessoas em poder de Valério.

O que mais chamou a atenção foi um RG do próprio filho morto há dois anos que Valério usava para aplicar golpes. A Polícia Civil da região deve divulgar nos próximos dias a relação dos postos de combustível utilizados pelo PCC na região. O inquérito sobre o caso deve ser concluído em 30 dias e deverá solicitar a prisão de todos os envolvidos.



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