Mesmo tendo sido amplamente divulgado pela imprensa, o cancelamento das eleições de Mauá causou domingo certa confusão entre os eleitores da cidade mais desavisados. Houve quem foi até seu local de votação e deu com a cara na porta. Teve também quem não compreendeu bem os cartazes da Justiça Eleitoral que informavam a não-realização do segundo turno e o local onde os eleitores em trânsito (com títulos eleitorais de outras cidades) deveriam justificar seus votos.

A mensagem, que dizia: “Não haverá 2º turno no município de Mauá. Os postos de justificativa estão instalados no Independente Futebol Clube, rua Japão, 146 Centro”, confundiu alguns eleitores, que entenderam ser necessário o comparecimento de todos aos postos de justificativa.

“Sabia que não ia ter eleição, mas fiquei na dúvida. O cartaz podia ser mais claro, faltou informação de que o eleitor de Mauá não precisava justificar”, reclamou o professor da rede estadual, Benedito Rosa, 68 anos. Funcionário público, ele estava preocupado em manter-se em dia com a Justiça Eleitoral. “Preciso dos comprovantes eleitorais para apresentar no meu trabalho.”

Nas cidades onde houve segundo turno, as justificativas foram feitas nas próprias seções eleitorais. Quem não sabia que as eleições haviam sido canceladas e deu de cara com os portões fechados e o cartaz da Justiça Eleitoral, ficou em dúvida e também foi até os postos de justificativa. “Chego tarde em casa e não vi o noticiário ontem (sábado). Para mim foi uma surpresa quando vi o cartaz na escola. Pelo que estava escrito, entendi que precisava justificar”, explicou o eleitor José Maurício Lima, 37, morador do bairro Feital.

De manhã, na entrada do clube Independente, a chefe da 339ª Zona Eleitoral, Maria Izabel Zoccoler Domingues, negava ser grande o número de eleitores de Mauá que tentaram justificar o voto. “Teve gente que se confundiu, mas foram muito poucos até agora”, disse.

Nos cerca de 30 minutos que a reportagem permaneceu no local, quatro eleitores de Mauá entraram no posto em busca de informação sobre a necessidade de justificativa. O movimento de eleitores em trânsito, que realmente precisavam justificar o voto, estava intenso, mas no geral o atendimento a todos que chegavam estava tranqüilo.

Mesários – Apesar de todos os transtornos com o cancelamento do segundo turno, muitas pessoas puderam pegar a estrada mais cedo para viajar. Como os amigos Elton Strufald, 22, Cristiane Nóbrega, 31, e Valtencir Nascimento, 17, que anteciparam a viagem para Monguaguá, no litoral Sul.

Inicialmente, os três haviam planejado viajar domingo à noite, já que Elton e Cristiane haviam sido convocados pela Justiça Eleitoral para trabalhar como mesários nas eleições. “Ganhamos um dia”, comemorava o grupo, que esperava o ônibus das 11h40 no terminal da Samavisa, no Centro da cidade.

Apesar de concordarem quanto ao benefício de um dia a mais de descanso, os amigos divergem quanto ao cancelamento das eleições. “Vamos aproveitar mais a viagem, mas acho chato porque o povo tem direito de votar”, comentou Elton. Já Valtencir lamentava apenas o fato de as eleições terem sido canceladas em cima da hora. “Fiquei chateado, porque podia ter ido antes para a praia.”