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Ecossistema marinho também foi vítima do maremoto na Ásia
Por Da AFP
31/12/2004 | 15:34
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Cientistas avaliam que as praias do Oceano Índico, devastadas pelo maremoto no sul e sudeste da Ásia, poderão recuperar seu aspecto em alguns anos, mas serão necessários alguns séculos para que a fauna e a flora marinhas se recuperem totalmente.

Os recifes de coral, os manguezais, os peixes e toda a vida marinha sofreram em cheio o imenso maremoto do último domingo no Oceano Índico.

"É muito difícil explicar o assunto de forma resumida, mas o nível dos prejuízos causados nas zonas litorâneas é evidente. A flora submarina e o ecossistema dos manguezais foram afetados, mas os danos mais graves foram sofridos pelos corais", ressalta o diretor da Conservation International (uma organização de proteção do meio ambiente, com sede na Ilha de Bali, na Indonésia), Ketut Sarjana Putra. "O sistema coralino pode ter sido totalmente destruído. Serão necessárias centenas de anos para que volte a crescer", acrescentou.

A perda dos corais, por sua vez, pode afetar a fauna, que depende dos recifes para sua sobrevivência. Para Lyle Vail, responsável pela estação de investigação da Ilha Lizard, na grande barreira de coral, a oeste da Austrália, os danos provocados nos corais por um tsunami são tão impactantes como os deixados por um ciclone.

Quando acontece um maremoto, as estruturas coralinas colidem umas com as outras, multiplicando os danos. Nos casos mais extremos, o crescimento dos corais também poderá ser afetado pele escasso número de larvas que ficaram nos recifes.

Os danos são "muito graves", estimou o coordenador regional do programa marítimo para o sul e sudeste da Ásia, da União Mundial para a Natureza (em Colombo, no Sri Lanka), Jerker Tamelander. O ecossistema marítimo da região está "estressado e degradado", acrescentou.

Tamelander lembrou que os numerosos recifes do Oceano Índico começavam a se recuperar dos danos provocados pelas variações de temperatura da água, devido ao fenômeno climático do El Niño. "No conjunto da região, podemos esperar efeitos muito importantes no ecossistema", acrescentou o especialista. Segundo ele, serão necessárias "décadas, inclusive séculos" para que a natureza recupere sua força.

Além disso, a quantidade de limo, areia e matérias orgânicas levantada pelos tsunamis podem sufocar a vida marinha. Os corais podem ter sido danificados também por sua exposição ao sol no momento em que as águas recuaram para a formação das ondas gigantes.

Os manguezais, que limitam a erosão do solo, também podem ter sido destruídos. "Isso terá repercussão nos próximos anos", advertiu Tamelander.

O professor de ecologia marítima da universidade australiana de Melbourne, Michael Keough,  ressalta que Tailândia, Índia, Sri Lanka, Indonésia e Maldivas, países muito afetados pelo maremoto, têm um sistema coralino muito desenvolvido. “Um tsunami passa muito mais rápido do que um ciclone, pode ser mais potente e sua força pode aumentar quando toca as profundezas, onde vivem os corais”, explica.




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