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Poluição do ar na região é preocupante
Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
15/08/2017 | 07:00
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 Estudo inédito divulgado ontem, data em que foi celebrado o Dia de Combate à Poluição, pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade alerta: a situação do ar no Grande ABC se encontra em estado preocupante. Com índices de impureza bem acima dos recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde), municípios da região têm propiciado aos moradores maiores riscos para doenças provocadas pela má qualidade do ar, fator que somente em 2015 foi responsável pela morte de 11,2 mil em todo o Estado.

A análise é feita pela própria diretora técnica do instituto e também responsável pelo estudo, Evangelina Vormittag. “Hoje, a poluição mata mais que acidentes de trânsito (7.867), e até mesmo câncer de mama (3.620). E o estudo mostra justamente isso. Um índice de poluição muito acima do que o recomendado pela OMS”, aponta.

Feito com base em números da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), divulgados no Relatório de Qualidade do Ar 2015, o estudo questiona a análise dos dados da companhia levando em consideração os padrões de qualidade de ar recomendados pela Organização Mundial da Saúde. “Os parâmetros de qualidade do ar estipulados hoje pelo País estão defasados em comparação ao que temos como referência mundial.”

A pesquisa, que acompanhou as medições feitas por estações da Cetesb espalhadas por todo o Estado, revelam que São Caetano, por exemplo, está entre as cinco cidades com maior concentração de particulado inalável – resíduo da queima de combustíveis fósseis de extrema toxicidade – em toda a Região Metropolitana de São Paulo.

Em 2015, o município ultrapassou em 79 dias o padrão de particulado estipulado pela OMS. Ou seja, durante pouco mais de dois meses naquele ano, moradores do município estiveram expostos a impurezas prejudiciais à Saúde, podendo, inclusive, causar inflamações nos vasos sanguíneos. “O índice de São Caetano é o pior do Grande ABC. Ele pode estar relacionado diretamente à frota de veículos, como também à quantidade de indústrias instaladas em seu território”, alerta Evangelina.

Na estação de São Bernardo chamam a atenção os problemas de qualidade do ar que ocorrem principalmente em razão dos poluentes provenientes de automóveis, motivo que, segundo o estudo, enfatiza a importância das medidas de redução das emissões veiculares. Segundo o relatório, em 146 dias, praticamente metade de 2015, o índice de ozônio ultrapassou os parâmetros considerados impróprios pela OMS. “É necessário que a Cetesb e os próprios municípios coloquem em prática controle das emissões de indústrias em seus respectivos territórios. Caso contrário a situação tende a piorar”, ressalta Evangelina.

Ainda segundo o estudo, doenças cardio e cerebrovasculares, tais como arritmia, infarto do coração e derrame cerebral, representam 80% dos efeitos da poluição do ar. Ela é causa comprovada dos cânceres de pulmão (o mais letal dos tumores) e de bexiga.

 

Má qualidade mata mais que o trânsito

Levantamento feito pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade mostra que a poluição do ar foi responsável, em 2015, pela morte de 11,2 mil em todo o Estado de São Paulo. O índice, que representa média de 31 óbitos precoces por dia, é também maior do que a quantidade de mortes no trânsito, que no mesmo ano fez 7.867 vítimas fatais. “É inaceitável que um problema de Saúde pública desta dimensão continue invisível”, adverte Paulo Saldiva, diretor do Instituto de Ensinos Avançados da USP (Universidade de São Paulo), e um dos autores do estudo.

Segundo a diretora técnica do instituto e também responsável pelo estudo, Evangelina Vormittag, é preciso mais atenção por parte de gestores públicos em relação ao tema.

“Precisamos discutir o assunto. Estamos há quatro anos tentando mudar os parâmetros de qualidade do ar, mas a discussão não avança. É preciso rever tudo isso a curto prazo”, destaca. “Com este estudo, o Instituto Saúde e Sustentabilidade visa alertar sobre os riscos da nossa legislação ambiental de aceitar como seguras concentrações de poluição do ar reconhecidamente lesivas à saúde da população”, acrescenta Evangelina.  




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