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Ex-jogadores buscam apoio contra vício
Por William Cardoso
Do Diário do Grande ABC
11/01/2009 | 07:00
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O jogo é aposta perdida para quem já torrou US$ 12 mil em uma noite nas roletas, R$ 30 mil em três dias em máquinas caça-níqueis ou viu família e emprego entregues à própria sorte depois de lances frustrados até mesmo no par ou ímpar. Eles reconhecem a fraqueza e tentam ganhar dignidade nos Jogadores Anônimos.

No Grande ABC, dois grupos se reúnem para dividir as angústias. Em São Caetano, eles estão todas as segundas-feiras na Igreja de Nossa Senhora da Candelária. Às terças, na Paróquia Imaculada Conceição, em Mauá.

O Diário participou de encontro em dezembro e ouviu histórias assustadoras, mas também de esperança para quem quer se livrar do vício.

A reunião tem início com leitura de texto sobre o reconhecimento da fraqueza. É uma exposição clara e inequívoca da dependência, e uma prece por serenidade para distinguir as coisas que podem ser mudadas daquelas que não têm solução. Logo depois, a palavra é passada aos participantes.

Ele tem 26 anos e vive num mundo recheado de ‘capetas' e ‘fantasmas'. As máquinas caça-níqueis são as preferidas do rapaz que ganhou R$ 8.000 uma vez, em 2004 e, de lá para cá, mais nada. "Perco sempre e acabo me afundando depois na bebida. Ou então saio por aí comprando compulsivamente em promoções."

Seis anos, 11 meses e 16 dias separavam um aposentado de 69 anos de qualquer tipo de jogo. "Fazia montes de açúcar na mesa e apostava em qual a mosca iria pousar. Brincava de par ou ímpar com placa de carro. Era também um mentiroso compulsivo."

Um ano, cinco meses e 20 dias sem jogar não foram suficientes para que um empresário de 50 anos fosse esquecido pelos donos de bares que contam com máquinas caça-níqueis. "Ligam até hoje e perguntam se não vou tirar os prêmios acumulados. Perdi R$ 70 mil em dois anos e meio."

Viagens pagas por cassinos no Exterior e drama familiar marcam a vida de um empresário de 66 anos com o jogo. Viveu de tudo, mas não aposta há oito anos, seis meses e 27 dias. "Cercava o carteiro na rua, para evitar que as cobranças chegassem em casa e me dedurassem à família. Era um inferno. Hoje, vivo com 1% do que tinha, mas estou bem."




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