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Brasileiro amplia gasto com previdência
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
10/04/2011 | 07:20
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A população brasileira está pensando mais no futuro. O reflexo dessa preocupação aparece no avanço dos gastos com a previdência privada, que apenas no ano passado cresceu 86,36%, totalizando aporte médio de R$ 123, segundo pesquisa da financeira Cetelem BGN.

Reserva financeira para os próximos anos e aposentadoria são os objetivos mais listados pelos investidores ao poupar uma parcela do dinheiro para a previdência. Em 2009, a despesa média era de apenas R$ 66.

Para o coordenador da pós-graduação de Finanças Corporativas e Investment Banking da FIA (Fundação Instituto de Administração), Roy Martelanc, a elevação no montante poupado também é considerado um efeito pós-crise.

"As pessoas se preocupam mais com o futuro quando o País passa por algum problema econômico, como aconteceu em 2008. No ano passado, foi o momento para boa parcela da população reservar parte dos rendimentos", ponderou o professor.

Desde 2005, o gasto do brasileiro com previdência privada avançou 123,63%. Naquela época, a Cetelem BGN identificou que R$ 55 foram reservados no mês anterior à pesquisa. A instituição entrevista cerca de 1.500 pessoas todos os anos em dezembro, questionando-as sobre os hábitos de consumo no mês anterior.

ESTRATO SOCIAL

De acordo com a pesquisa da financeira, realizada pela Ipsos, as classes AB desembolsaram em novembro do ano passado R$ 131 com previdência. Enquanto a classe C, empregou quantia média de R$ 115 e os estratos DE não investiram na categoria (veja arte acima à direita).

Por região, o Sudeste do País acumulou maior aporte na previdência, de R$ 147. Em seguida figurou o Sul, com R$ 88. O Nordeste e as regiões Norte e Centro-Oeste juntas, registraram, respectivamente, R$ 56 e R$ 39.

CONTROLE

A estratégia da administradora de empresas Sueli Ramos, 43 anos, é reduzir os gastos para ampliar o aporte no seu plano de previdência privada. "Faço investimentos nesta modalidade há dez anos", disse a mauaense. Ela faz contribuição mensal de R$ 500. No início ela começou reservando fatia de apenas R$ 100 do salário.

Evitar despesas com itens supérfluos é a principal medida tomada por Sueli para garantir a complementação de sua renda no futuro. "Faço investimento em imóveis para diversificar. Creio que as pessoas estejam se conscientizando, por isso a contribuição com a previdência aumentou."

O professor da FIA acrescenta que há o incentivo na dedução do Imposto de Renda em até 12% da renda bruta contribuída nas aplicações feitas no PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre).

Balanço da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) de janeiro apontou que o setor encerrou o mês com arrecadação de R$ 4 bilhões, aumento de 21,6% em relação aos R$ 3,2 bilhões que ingressaram no sistema em igual período de 2010.

Desembolso com educação teve leve recuo em 2010

A mesma pesquisa realizado pela financeira Cetelem BGN, que abrangeu 17 categorias de consumo, sinalizou que as despesas dos brasileiros com educação tiveram leve queda no ano passado, de R$ 278 para R$ 274, em média.

Considerando o investimento com mensalidade, material didático, uniforme escolar e transporte, a classe AB desembolsou valor médio de R$ 384 em novembro na educação dos membros da família. Na chamada nova classe média (C), a despesa chegou a R$ 193, enquanto nos estratos DE, a quantia foi de R$ 120.

A professora Juliana Vieira Martins, 31 anos, de São Bernardo, está entre as pessoas que reduziram os gastos. A filha Alícia, de 3 anos, foi matriculada na escola em que trabalha. "Pagava R$ 250 de mensalidade, sem considerar o material didático e o lanche que minha filha levava todos os dias."

Depois de voltar para a área da Educação, Juliana conseguiu bolsa para Alícia, gastando somente com material didático, que soma cerca de R$ 180 a cada dois meses. "Agora sobra mais dinheiro para gastar com alimentação, medicamentos e roupas", enumera.

O professor da FIA (Fundação Instituto de Administração), Roy Martelanc, considera que o recuo é mínimo. "Quatro reais ou 1% não é uma queda considerável nos investimentos com a educação dos filhos".




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