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Sem verba, natação para deficientes é interrompida

Piquenique no Celso Daniel chama atenção para o problema

Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
02/05/2013 | 07:00
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O clima foi de brincadeira, mas o assunto é sério. A oitava edição do Piquenique no Parque, promovido pela Acide (Associação pela Cidadania das Pessoas com Deficiência) ontem no Parque Celso Daniel, em Santo André, pode ter sido o último evento da entidade, que existe há 11 anos. Isso porque o principal projeto da entidade, o Nanasa (Núcleo de Apoio à Natação Adaptada), que atende 240 alunos com diversos tipos de limitação, ainda não foi contemplado pela Lei de Incentivo ao Esporte do governo do Estado neste ano.

Sem a verba de R$ 900 mil necessária para manter a manutenção da piscina, na Rua Marechal Hermes, 485, e o pagamento de professores e estagiários, as aulas foram interrompidas na terça-feira. "Agora tenho de inventar desculpas para minha filha, que pergunta todo dia se vai ter natação. Disse que a piscina está quebrada, mas ela sente muita falta", afirma a dona de casa Elaine Cristina Batista, 42 anos, mãe da Maria Fernanda, 5, que sofre de atraso no desenvolvimento, mas não tem diagnóstico fechado.

Elaine esperou por um ano e meio na fila, que hoje tem cerca de 600 pessoas. As aulas começaram em fevereiro. "Estamos torcendo para voltar logo, pois auxilia no equilíbrio."

A Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Estado informou que há dois projetos da entidade inscritos na Lei de Incentivo ao Esporte: o Nadar é Preciso, que atenderá 42 alunos, no valor de R$ 220 mil, aprovado e publicado no fim de março e aguardando captação; e o projeto Esporte ao Alcance de Todos 3, para 240 alunos, no valor de R$ 901 mil, que está em fase final de análise e, se aprovado, será publicado até o fim de maio.

Segundo o presidente da Acide, José Carlos Rodrigues Bueno, houve alterações na legislação estadual e a aprovação dos projetos, que deveria ter sido feita até dezembro, foi tardia. "Mesmo que liberem a verba no fim de maio, como prometeram, vamos precisar de pelo menos três meses para que possamos colocar as atividades em prática novamente."

Ex-presidente da entidade, Carlos Alberto dos Santos teme que a demora na aprovação deixe a Acide sem opções na hora de captar os recursos. "As empresas oferecem o dinheiro porque há isenção fiscal. Mas elas estão procurando os projetos que já estão aprovados, então, vai sobrar pouca coisa para nós."

Apesar do cenário preocupante, a dona de casa Roseli Morales, 50, mãe da Nicole, 8, acredita que a Acide vai conseguir a verba. "Se o poder público tem dinheiro para tratar usuários de drogas, fazer Jogos Olímpicos e Copa do Mundo, tem que ter para os deficientes. Que não fechem os olhos para quem precisa."

EVENTO
Durante o piquenique, cerca de 500 pessoas, entre alunos e familiares, aproveitaram o dia de sol no parque. Além dos comes e bebes, com direito a refrigerantes e esfirras, houve gincana de caça ao tesouro e os pequenos puderam alimentar os peixes do lago. "Nosso objetivo é mostrar que o deficiente pode e deve sair de casa e ocupar os espaços sociais como todo cidadão", garante Bueno. E é esse direito que a entidade quer preservar.




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