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Agência de viagens dá calote na região

Após a compra de pacote para passar Réveillon em Cancún, o que não aconteceu, grupo sofre prejuízo de mais de R$ 50 mil; polícia está investigando

Marina Teodoro
Do Diário do Grande ABC
22/01/2015 | 07:01
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Nario Barbosa/DGABC


Sol, praia e paisagens paradisíacas. Esse era o cenário onde a vendedora Farida Nesi, 28 anos, imaginava passar a virada do ano. Após comprar, junto com grupo de nove amigos um pacote com destino a Cancún, no México, da agência JR Central Tour Operadora e Agência de Viagem Ltda., de Santo André, eles descobriram, poucos dias antes da viagem, que todos haviam sido enganados.

Com menos de um mês para a partida do grupo, Farida achou estranho que ainda não tinham recebido nenhum voucher para utilizar na viagem, e resolveu verificar com a dona da agência o que estava acontecendo.

A vendedora descobriu que, apesar de ela e os amigos já terem pago cerca de R$ 5.300 cada um pela viagem com partida marcada para 25 de dezembro, o que ultrapassava os R$ 50 mil, a agência, que havia comprado o pacote com outra operadora, teve sua reserva cancelada pela falta de pagamento. “No dia 24 ela ainda não tinha entregado nada para a gente. Foi aí que fomos no mesmo dia para a delegacia registrar o calote. Acabou com o Natal de todo mundo” comentou Farida.

Além desse, outros grupos também foram lesados pela JR Central Tour. É o caso da jornalista Gabrielle Santana, 28, que comprou pacote para comemorar, em novembro, o aniversário de 3 anos de sua filha, junto com a família, na Disney, nos Estados Unidos. Ela conta que, antes de embarcarem, a dona da agência tinha usado o seu cartão de crédito sem autorização para uma compra que não fazia parte da viagem dela. Ao perceber o crime, Gabrielle e o marido conversaram com a empresária, que prometeu ressarcir a quantia.

Mas esse estava longe de ser o único problema da família. No decorrer da viagem descobriram que vários dos serviços pagos por Gabrielle não estavam disponíveis, entre eles: o voo, que tinha uma escala não prevista; hotéis distintos e inferiores aos contratados; plano de alimentação pago previamente, que funciona como um all inclusive; e jantar agendado com as princesas. Já no Exterior, a jornalista não teve outra alternativa, a não ser pagar do próprio bolso. “Foram R$ 30 mil de prejuízo. Fora o desgaste físico e emocional. Foi aterrorizante” desabafou.

O Diário esteve no local indicado pelos clientes como a sede da agência. Chegando lá, no entanto, havia apenas uma casa em construção. A equipe conseguiu o endereço residencial de J.V., que concordou em dar entrevista, mas pediu para não ter o nome revelado. Ela assumiu que teve problemas financeiros, e que não conseguiu honrar com todas as viagens que havia fechado. “Eu quebrei, mas estou tentando resolver. Não sou criminosa, nem bandida. Em nenhum momento me neguei a ressarcí-los e a não deixá-los no prejuízo”, disse J.V..

A dona da operadora contou, ainda, que recebeu ameaças e ataques a ela e à família por meio de redes sociais: “Infelizmente eu errei, e agora as pessoas que estão ao meu lado estão pagando também”.

Ela afirma, ainda, que já havia feito acordo informal com uma das integrantes do grupo que iria a Cancún, a corretora de seguros Tatiane Lemos, 29, que teria pego como moeda de troca quantia estimada em R$ 45 mil em pisos – que seriam utilizados na construção do endereço indicado como sede da agência. O que, segundo J.V., seria o suficiente para compensar todos os prejudicados.

Tatiane, por sua vez, nega ter dito que recuperaria o dinheiro de todos. “Os pisos estão comigo, mas esse foi um acordo que era entre eu e ela. Nunca disse que iria ressarcir todo mundo. Até porque nem dá, já que os pisos não devem valer mais do que R$ 10 mil.”

Farida e os amigos continuam a pesquisar sobre outros casos de calote da agência e encontraram muitas outras histórias semelhantes à deles. Procurado, o 1º Distrito Policial de Santo André, no Centro, que está investigando o caso, informou que o inquérito está em andamento e não pode dar maiores informações.

“Agora, mesmo depois da denúncia, ainda encontramos gente que foi viajar pela JR Tour. Nós só queremos que haja justiça para que outras pessoas não sejam enganadas,” declarou a vendedora.


Dicas para programar sua viagem e evitar fraudes

Há um mês, o Diário denunciou outra agência de viagens, a Thai Tour, de São Caetano, que também estava sendo investigada, acusada de vender pacotes para Punta Cana (República Dominicana), também para o Réveillon, e dar o calote. Para evitar fraudes como essas, o Procon dá dicas que podem ajudar os consumidores na hora de programar suas viagens.

O primeiro passo é pesquisar referências sobre a agência de viagem com pessoas que tenham usado os serviços. Informações também podem ser obtidas no site do Procon (www.procon.sp.gov.br) ou pelo telefone 151 para verificar se há queixas. Tudo que foi acertado verbalmente deve estar no contrato. Atenção às cláusulas que possibilitam alterações nos hotéis, passeios, taxas extras e transportes. Tenha sempre via datada e assinada em mãos, orienta o órgão. Depois de fechado, o cliente deve receber os vouchers (comprovantes de reserva de hotéis e traslados) e recibos dos valores pagos em bilhetes e passagens com datas de saída e chegada o quanto antes.

Qualquer problema durante a viagem deve ser comunicado à agência e, se possível, que sejam registrados por meio de fotos ou vídeos, por exemplo. 




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