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Peronistas Menem e Kirchner disputarão segundo turno
Do Diário OnLine
Com AFP
29/04/2003 | 00:14
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Dois candidatos peronistas, o ex-presidente Carlos Menem e o governador Néstor Kirchner, disputarão no dia 18 de maio o segundo turno das eleições presidenciais da Argentina. Menem liderou o primeiro turno do pleito, realizado domingo, com 24,36% dos votos, seguido por Kirchner, que conquistou 22%. Pesquisas de intenção de voto dão conta de que Kirchner leva vantagem sobre Menem numa simulação de segundo turno.

O instituto de pesquisa EX aponta que Kirchner tem 53,8% das intenções de voto, contra 24,5% do ex-presidente Menem. Outros institutos apontam vitórias ainda mais acachapantes a favor do governador da província de Santa Cruz. A diferença chega a 40 pontos percentuais em alguns levantamentos.

Os dois candidatos que disputarão o segundo turno presidencial — inédito na história eleitoral do país — se declaram peronistas. Mas Menem aplicou uma política neoliberal em seus dez anos de governo (1989-99). E Kirchner, apoiado pelo presidente Eduardo Duhalde, se coloca na ala esquerda do tradicional Partido Justicialista (PJ).

Ao contrário dos prognósticos, a eleição se caracterizou por uma elevada taxa de participação, próxima dos 80%, e apenas 0,89% dos votos em branco. A justiça eleitoral argentina já contabilizou 99,24% do total (mais de 19,7 milhões de votos).

O duelo previsto para 18 de maio será o primeiro 2º turno da história argentina desde que foi reformada a Constituição, em 1994. Num hotel de Buenos Aires, Menem se proclamou vencedor e recordou que há 16 meses estava preso "injustamente", acusado de contrabando de armas para Equador e Croácia nos anos 90. Menem afirmou que voltou "para tirar o país do desastre".

Kirchner disse à imprensa: "depois de muito tempo, a Argentina vai ficar entre dois modelos. Um deles é o de apertar os cintos e a exclusão; o outro é o da produção, da estabilidade e da volta ao trabalho".

Atrás de Menem e Kirchner ficou o candidato neoliberal ortodoxo Ricardo López Murphy, com 16,34% (3.144.528 votos). A social-cristã Elisa Carrió ficou em quarto lugar, com 14,14% (2.720.692 votos), enquanto que o populista Adolfo Rodríguez Saá ficou com 14,12% (2.715.799).

Derrota - O conservador López Murphy admitiu sua derrota nas eleições argentinas ao afirmar que seu partido "fará uma oposição construtiva e eficaz". "Vamos tratar de transformar o enorme apoio eleitoral deste domingo para eleger legisladores e construir um espaço político novo", disse à imprensa.

Entretanto, Elisa Carrió foi a primeira a admitir a vitória dos peronistas. Mas ela disse que seu partido, Afirmação para uma República Igualitária (ARI), "fez uma extraordinária eleição em todo o país". A candidata advertiu que não fará alianças para o segundo turno e que "não votará em Menem".

Já a União Cívica Radical caiu ao pior nível de sua história, com menos de 2,34% dos votos, o que o candidato Leopoldo Moreau atribuiu ao "fracasso de Fernando de la Rúa como presidente e a frustração que significou a Aliança (UCR e centro-esquerdista Frepaso)".

Menem e Kirchner já iniciaram nesta segunda-feira os contatos políticos com vistas ao segundo turno do pleito argentino.

Batalha final - O segundo turno vai representar o confronto entre duas estratégias que existem dentro do governamental peronismo da empobrecida Argentina, pois medirá a tendência progressista reivindicada por Kirchner (53 anos) contra o modelo neoliberal defendido por Menem (72 anos).

Menem propõem acentuar o modelo de livre circulação de capitais, com uma economia de livre mercado e estreitas relações com os Estados Unidos na Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Kirchner, ao contrário, encarna um projeto neokeynesiano (forte papel do Estado), com impulso na indústria, comércio e mercado interno.

Um porta-voz da Presidência disse que Eduardo Duhalde observou como "tremendamente animadores" os resultados da eleição. O sucessor de Duhalde deverá enfrentar uma situação social explosiva, com 57% de pobreza e um calote dos bônus da dívida de US$ 55 bilhões.

A Argentina emerge da pior crise de sua história, registrada no final de 2001, quando chegou ao fundo do poço e provocou a queda do presidente radical conservador Fernando de la Rúa, a quem Duhalde sucedeu por decisão do Congresso.




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