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Albino diz que invasões serão respondidas com uso da força

Em reunião com grupo de moradia, secretário
de Marinho promete repetir truculência de sábado

Por Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
04/12/2014 | 07:16
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Orlando Filho/DGABC


O MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) lotou o plenário da Câmara de São Bernardo durante a sessão de ontem para cobrar explicações sobre a ação da GCM (Guarda Civil Municipal) para desocupar cerca de 300 famílias de terreno no bairro Cooperativa, no sábado, e foi respondido com nova truculência. Em conversa exaltada, o secretário de Governo, José Albino (PT), afirmou à líder do grupo, Gabriela Valentin, que a postura da administração de Luiz Marinho (PT) em relação a novas invasões será a mesma dada pelos guardas municipais.

“A conversa foi horrível. Ele disse que se nós não nos enquadrarmos no plano de habitação deles e ocuparmos terrenos é isso que vamos receber (uso de força para desocupação). Não foi aberto nenhum espaço para o diálogo, porque, segundo ele, nós não respeitamos o plano de habitação e ocupamos o terreno. Nós buscamos o diálogo, ocupamos um terreno ocioso para iniciar conversa com a Prefeitura”, relatou a líder do MLB.

O primeiro contato dos dois ocorreu nos corredores internos da Câmara, quando Gabriela cobrou apoio de Albino para que a bancada do PT assinasse requerimento convocando o secretário de Segurança Urbana, Benedito Mariano, a comparecer à Casa para discutir a ação da GCM. “Eu não sou vereador, não tenho voto”, disparou o secretário. “Para com isso. Nós sabemos que tem orientação do governo com a bancada. Só faltam cinco assinaturas, o PT pode apoiar isso”, rebateu a ativista, que, em seguida, foi conduzida pelo secretário a uma sala fechada.

A equipe do Diário questionou Albino para ele expor sua posição sobre o impasse com o MLB, mas ele se negou a falar.

Integrantes do movimento alegam incoerências na desocupação. Dizem que a Polícia Militar, responsável por cumprir mandatos de reintegração de posse, esteve no local e só pediu para retirarem carros do espaço. “A GCM chegou com violência, sem diálogo e cometeu aquele crime. Seguranças e o motorista do Marinho estavam junto. O MLB atua em todo o País, isso nunca aconteceu”, disse Gabriela.

A intenção é que o Paço inclua o movimento no programa federal Minha Casa, Minha Vida Entidades, para entrega de terreno e liberação de recursos para que o próprio movimento construa unidades habitacionais. “Não queremos furar fila (no cadastro habitacional)”, disse Gabriela, que convocou novo protesto para amanhã, às 19h, no Paço.

A manifestação na Câmara contou com apoio do MST (Movimento Sem Terra), MPL (Movimento Passe Livre) e de militantes petistas que discordam da conduta do correligionário Luiz Marinho. Apenas a bancada de posição – PPS, PSDB e SD – se solidarizaram com a causa e assinaram o requerimento para convocar Mariano. “A Prefeitura cometeu uma ilegalidade”, justificou Julinho Fuzari (PPS).

Diante do apoio da oposição, Gabriela relatou aos integrantes do movimento que tomará cuidado para que a causa não seja utilizada por “oportunistas”. “Chegaram a incentivar que quebrássemos tudo, mas não somos contra ninguém, estamos a favor da moradia para pessoas que não têm condições”, explicou.

“Não assino esse requerimento. A ação de desocupação foi correta, a lei permite o uso da força. Temos um plano extraordinário de habitação e não podemos permitir novas ocupação, se não o problema não vai ser resolvido nunca”, declarou José Cloves (PT). O líder do governo na Casa, José Ferreira (PT), disse desconhecer o documento.

“Conversei com GCMs que disseram ter filmado e que não houve nenhuma violência. Este governo fez revolução na Habitação, nunca se trouxe tanto dinheiro para construir casas. Temos de respeitar isso”, afirmou o presidente do Legislativo, Tião Mateus (PT).




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