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Região parte em busca de ouros no Pan
Por Anderson Fattori/Dérek Bittencourt
14/10/2011 | 07:20
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Se em quantidade o Grande ABC reduziu drasticamente sua contribuição para a delegação brasileira - de 120 para 62 atletas -, pelo menos em qualidade não se pode dizer a mesma coisa. Seguramente, boa parte das medalhas que o Brasil tem chances de conquistar nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara terá participação dos atletas da região, principalmente na natação e no atletismo, modalidades fundamentais pelo número de provas em disputa, 32 e 47, respectivamente.

Um das grandes apostas do Brasil será Thiago Pereira, nadador da equipe Corinthians/São Bernardo. Em 2007, no Rio de Janeiro, ele brilhou ao conquistar seis medalhas de ouro, uma de prata e outra de bronze. Agora, ele quer se tornar o brasileiro com mais ouros na competição. Para isso, precisa desbancar o mesa-tenista Hugo Hoyama, que venceu nove vezes no Pan e estará novamente em ação no México.

"Vou fazer o meu melhor e tentar conquistar o maior número de medalhas de ouro para o Brasil, para que a natação seja mais uma vez o esporte com maior número de conquistas nos Jogos", declarou Thiago Pereira, que nadará oito provas.

No atletismo um dos grandes nomes da região no México será a saltadora Fabiana Murer, da BM&FBovespa/São Caetano, que em agosto conquistou a primeira medalha de ouro do Brasil no Mundial de Daegu, na Coréia do Sul.

"Para mim é importante representar o Brasil no Pan-Americano. Estou bem no fim da temporada, mas empolgada em realizar grande salto e conseguir a medalha de ouro. Sei da minha responsabilidade, mas posso dizer que estou pronta", avalia a atleta que, inclusive, abdicou de disputar a temporada indoor em 2012 para poder estar presente em Guadalajara.

Outro atleta da equipe que larga como favorito no México é o maratonista Marílson Gomes dos Santos, bicampeão da Maratona de Nova York e tricampeão da São Silvestre. Elisângela Adriano e Fernanda Borges, que também são da equipe de São Caetano, são candidatíssimas à dobradinha no lançamento do disco.

Na ginástica, São Caetano terá dois fortes representantes no México. Arthur Zanetti, finalista na prova de argolas do Campeonato Mundial, que acontece até sábado em Tóquio, no Japão, além de Francisco Barreto que também integra o time brasileiro.

O taekwondo também deve render medalhas para os representantes do Grande ABC. Diogo Silva, atual campeão pan-americano, continua como favorito assim como Márcio Wenceslau, ambos da equipe de São Caetano. São Bernardo também tem boas chances de medalhas na modalidade, com Douglas Marcelino e Talisca Jierzeski Reis.

 

Brasil espera garantir hegemonia nos coletivos

 

A dificuldade que o Brasil enfrenta a cada edição de Olimpíada por não figurar entre os primeiros colocados no quadro de medalhas tem um significado: o País tem cultura de formar equipes fortes. Dessa forma, os esportes coletivos se destacam, enquanto os atletas individuais dependem de resultados esporádicos.

No Pan-Americano tal panorama é diferente, afinal o Brasil é uma das potências do continente, individual ou coletivamente - justamente o que garantiu a terceira colocação geral no Rio, em 2007, e o segundo lugar em número de medalhas (163). Com tudo isso, em Guadalajara a meta é manter as hegemonias no vôlei, basquete, futebol, handebol e vôlei de praia.

Entre as modalidades, duas garantiram os quatro ouros: handebol e vôlei de praia, tanto no masculino quanto no feminino. Para seguir no topo em ambas, estratégias diferentes: enquanto a primeira se renovou, a segunda fez a manutenção do time.

No handebol, oito atletas saíram do Grande ABC. Seis jogam na Metodista (Nick, Fábio Chuiffa, Japa, Tupan, Vinícius Teixeira e Henrique), e outros dois nasceram em São Bernardo (Fernanda Silva e Felipe Borges). Já no vôlei de praia, Juliana e Larissa buscam o bicampeonato, mesmo caso de Emanuel, que terá a companhia de Alison e não Ricardo.

O basquete masculino foi outro a subir ao lugar mais alto do pódio. Para seguir por lá o técnico Rubén Magnano leva a base vice-campeã sul-americana e terá como principal rival a Argentina. Entre as mulheres, prata no Rio, o trio andreense Jaqueline, Cacá e Nádia vai ajudar o técnico Ênio Vecchi a chegar ao topo.

O vôlei masculino é outro a tentar o bi, agora sob o comando de Rubinho, do BMG/São Bernardo (que substitui Bernardinho). Bruninho, Gustavo e Murilo são os destaques. Já as mulheres tentam apagar a perda do ouro para Cuba e leva o que tem de melhor - entre elas Fabi, Jaqueline, Mari, Sheilla e Paula Pequeno.

Por fim, o futebol feminino confirmou o favoritismo em 2007 e quer repetir a dose. Sem Marta e Cristiane, Formiga é a grande atração. Já o masculino, fiasco no Rio, busca o topo com Ney Franco, apostando em jovens como Felipe Anderson, do Santos, e Henrique, do São Paulo.

 

Policiais, exército, marinha e tudo para confirmar a segurança

 

Apesar de ser um país da América do Norte, o México está longe de ter a segurança e a eficiência policial de Estados Unidos e Canadá. Diariamente, os noticiários exibem homicídios relacionados aos cartéis do narcotráfico, o que deixa tenso o ambiente dos Jogos Pan-Americanos. Para coibir tal problema e até mesmo possível terrorismo, não apenas a polícia local como a federal, a marinha e o exército estão protegendo as delegações em Guadalajara.

Dez mil policiais armados, câmeras, helicóptero blindado fazem parte do esquema de segurança dos Jogos.

Outra preocupação é com o tempo. O furacão Jova passa pelo Estado o qual Guadalajara faz parte e os transtornos já são sentidos desde o início da semana com chuvas e ventos fortes. Reflexo disso é que algumas estruturas que vão receber modalidades não suportaram, caso do ginásio de ciclismo, que sofre com diversas goteiras.

Aliás, justamente por conta do mau tempo a cerimônia de abertura de hoje pode ser encurtada.

 

Limitação da Vila manda brasileiros a hotel

 

A numerosa delegação brasileira tem causado problemas na Vila Pan-Americana de Guadalajara. Não há quartos suficientes para abrigar os 800 componentes da equipe - 519 são atletas -, a maior que já saiu do Brasil para a disputa de uma competição. Assim, os times de vôlei masculino e feminino, basquete feminino, pentatlo moderno e hipismo (saltos) ficarão hospedados em hotel vizinho, mas farão a alimentação com os demais atletas brasileiros.

Segundo o Comitê Olímpico Brasileiro, a hospedagem dessas modalidades em hotel estava planejada há muito tempo e a decisão foi tomada em comum acordo entre a entidade e as confederações com o objetivo de dar mais conforto aos atletas brasileiros durante os Jogos.

Os jogadores do handebol são outros que não ficarão na Vila Pan-Americana, mas por questão de logística. As equipes serão alojadas em hotel localizado mais próximo do ginásio onde acontecerão as partidas, que fica a 22 quilômetros da Vila.

Mesmo com os problemas e com a chuva insistente em Guadalajara ontem, os brasileiros mostraram alegria e disposição no cerimonial onde foi hasteada a Bandeira Brasileira na Vila Pan-Americana. Integrantes da delegação se empolgaram com a apresentação de danças típicas mexicanas e alguns chegaram a arriscar uns passos.

O evento foi prestigiado pelas equipes feminina e masculina de handebol e de ginástica rítmica e artística. "Muito carinho e muita hospitalidade são realmente o que nós temos recebido diariamente aqui em Guadalajara. A nossa resposta é trazer para o México a maior delegação esportiva que já saiu do Brasil, composta por mais 800 pessoas, 519 atletas", comentou o chefe da missão brasileira, Bernard Rajzman.

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, também participou da cerimônia. "Isso é um incentivo para que os atletas busquem seus melhores resultados. Ainda trago o espírito de atleta, e esse evento sempre mexe. Mas ao mesmo tempo temos a certeza de que o trabalho será benfeito", garantiu Nuzman.

 

É impossível repetir 2007, diz dirigente do COB

 

Com exceção ao futebol, basquete e vôlei masculino, o Brasil leva para o México o que tem de melhor, inclusive medalhistas olímpicos como Maurren Maggi, do salto em distância, que ficou com o ouro nos Jogos de Pequim, em 2008. Mesmo assim, para o dirigente do Comitê Olímpico Brasileiro, Marcus Vinícius Freire, é impossível repetir o desempenho de 2007, no Rio de Janeiro, quando o País conquistou 161 medalhas e terminou em terceiro no quadro geral.

"Com certeza é impossível repetir o desempenho do Rio. Por todas as razões possíveis. Historicamente, o evento dentro de casa é sempre o melhor da história para o País. O número de participantes do Brasil (660) era maior, conhecíamos o vento da marina, tínhamos apoio da família e da torcida, todo um clima dentro de casa", comentou Freire.

Experiente, o dirigente revelou que a missão brasileira em Guadalajara é garantir o maior número de vagas nos Jogos Olímpicos de 2012 para depois pensar no número de medalhas conquistadas.

"Este foi um ano complicado, com vários torneios importantes na metade do ano, como o Mundial de Esportes Aquáticos e de Atletismo, e os Jogos Pan-Americanos foram empurrados para o fim do ano. A nossa missão principal é classificar atletas para Londres. Podemos colocar cerca de 100 atletas na Olimpíada com os resultados aqui de Guadalajara", afirmou.

Freire não polemizou quando questionado sobre a opinião de dirigentes do Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, que elogiaram as instalações da cidade mexicana e disseram ser melhores que as do Rio-2007. "Tomara que seja melhor que o Rio. Se for, vai ser melhor para os Jogos Pan-Americanos. No finalzinho faremos nossa coletiva e avaliaremos isso", disse.




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