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Justiça determina que S.Caetano oferte abrigo a invasores do Cras

Famílias, que foram removidas do terreno onde havia o edifício Di Thiene, estavam no equipamento público desde o dia 2 de junho

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
04/06/2021 | 20:45
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Divulgação


 O juiz Thiago Elias Massad, de Santo André, atendeu a pedido de tutela antecipada da Defensoria Pública do Estado de São Paulo e determinou, na tarde de hoje, que a Prefeitura de São Caetano oferte transferência das pessoas que invadiram na quarta-feira, dia 2 de junho, o Cras (Centro de Referência de ASsistência Social) Heloísa Pamplona, no Bairro Fundação, "para local digno, com acesso à alimentação e higiene, bem como, dispensando especial atenção às crianças e idosos, sob pena de multa diária de R$ 10 mil para o caso de descumprimento."

As famílias, entre 40 e 50 pessoas, incluindo adultos e crianças, foram para o Cras na última quarta-feira após terem sido removidas de terreno no bairro Fundação, onde existia o Edifício Di Thiene, que desabou parcialmente e foi demolido em 2018. As pessoas alegam que pagaram pelos apartamentos, mas a prefeitura considerava o local como uma invasão. Após o desabamento, as famílias foram incluídas em programa de auxílio aluguel por 18 meses, aguardando pela construção de unidades habitacionais, sob responsabilidade da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). Sem prazo para início das obras, as famílias invadiram o terreno onde havia o edifício, em protesto pela demora.

Após quase um mês no local, foram removidas na quarta-feira. As famílias que estavam no Cras aguardavam por uma conversa com algum representante da prefeitura, já que na decisão que determinou a reintegração de posse do terreno, a juíza Ana Lucia Fusaro determinou que a remoção das pessoas só fosse realizada quando a prefeitura pudesse dar algum suporte a todos que foram retirados. Sem previsão de diálogo, as pessoas se recusaram a deixar o Cras. A administração municipal bloqueou o acesso ao interior do equipamento público e aos banheiros, sob argumento de evitar perdas de documentações, e os munícipes ficaram no quintal do imóvel. Houve registro de tumultos, porque a GCM (Guarda Civil Municipal) não permitia que quem saísse do imóvel para buscar alimentos e água retornasse.

A axiliar de cuidadora de idosos Adriana Lucio da Silva, 39 ano, está no Cras desde a quarta-feira com a filha de 9 anos. Por volta das 21h dessa sexta-feira, ela ainda não sabia para que local seriam encaminhados. "A nossa luta continua. Queremos a solução definitiva para a nossa moradia e não uma coisa provisória", afirmou.

Em nota, a Prefeitura de São Caetano informou que  tomou conhecimento da decisão judicial sobre a invasão do Cras, no Bairro Fundação, e que cumprirá a sentença. Segundo o comunicado, o prefeito Tite Campanella (Cidadania) determinou que um clube municipal seja preparado para receber os moradores originários do antigo condomínio Di Thiene, com alojamento, alimentação e demais atendimentos necessários. Ontem, a prefeitura entrou na Justiça com pedido de reintegração de posse do Cras.

HISTÓRICO - No dia 1º de maio, as 84 famílias invadiram o terreno onde ficava o prédio que havia sido interditado pela defesa civil da cidade após desabamento parcial da laje em junho de 2019. O episódio deixou oito pessoas levemente feridas e 102 famílias desabrigadas. A demolição total da edificação pela Prefeitura foi em novembro do mesmo ano. O imóvel era invadido, mas os moradores alegam que compraram as residências. A pandemia do coronavírus, entretanto, piorou a situação dos ex-moradores, que, sem condições, resolveram retornar ao endereço. Ao todo, moravam 102 famílias no local, mas algumas, conseguiram novas moradoras, principalmente, no interior de São Paulo.




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