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Este Centro Acadêmico está mais vivo do que nunca
Ademir Medici
04/01/2018 | 07:00
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 Leitor. Você se lembra dos colegas da escola? Mantém contato com eles? Reúnem-se periodicamente? Pois é, os universitários de São Caetano, em especial os dos anos 1950 a 1960, mantêm esse contato quase que mensalmente: primeiro, graças ao antigo Centro Acadêmico; segundo, por iniciativa de lideranças como a de Carmelo Conti, o coordenador dos encontros.

A foto coletiva do grupo nós publicamos em dezembro. Hoje iniciamos uma radiografia de cada um dos acadêmicos, na data dos seus aniversários.

Neste dia 4 de janeiro aniversariam Ramis Sayar e Flavio Lino. Carmelo Conti está atualizando a lista dos antigos universitários, para que nenhum nome seja esquecido.

 

PRÓXIMO ANIVERSARIANTE

Odair, o Alemão, em 21 de janeiro

 

Ruas de terra.

E chega a FEI

Flavio Lino tem uma história educacional que envolve o nascente ABC: ele estudou em São Caetano, em Santo André e em São Bernardo, do primário à faculdade, num período em que a urbanização engatinhava na região.

As ruas eram de terra no seu bairro, a Vila Barcelona, em Utinga – onde iniciou o curso ginasial na Escola Amaral Wagner – e em São Bernardo, no nascente campus da Faculdade de Engenharia Industrial, a FEI.

Tanto que para fazer a FEI, em meados da década de 1960, precisou comprar um par de coturnos para enfrentar o barro da Estrada dos Alvarenga.

A FEI estava se transferindo do bairro da Liberdade, em São Paulo, para São Bernardo. Os primeiros pavilhões entre os bairros Assunção, dos Casa e Alvarenga estavam sendo construídos. Várias aulas precisaram ser ministradas na ETI Lauro Gomes, hoje ETE, ao lado do atual Paço Municipal.

“A cobertura dos primeiros pavilhões da FEI fazia com que o calor fosse insuportável no verão e terrível no inverno”, rememora Flavio Lino.

O Centro Acadêmico de São Caetano reunia os universitários de São Caetano. As festas, reuniões e debates políticos e sociais passavam pelo Centro Acadêmico, de muita influência em São Caetano. E as reuniões regulares realizadas hoje com os antigos acadêmicos não deixam morrer aqueles anos de uma juventude da cidade que tinha no Centro Acadêmico um ponto de referência dos mais importantes.

Flavio Lino formou-se engenheiro elétrico. Seguiu carreira na área de finanças e administração. Atuou por mais de 15 anos na Dow Química, em São Paulo, seguindo depois em negócio próprio.

 

Flavio Lino

Nascimento: Presidente Venceslau, São Paulo, 4-1-1944

Filiação: João Vieira Lino e Maria Jorge Vieira

São Paulo: a família muda para a Vila Madalena quando ele tinha 4 anos.

São Caetano: a mudança em 1950.

Escolaridade: Grupo Escolar 28 de julho; curso de Admissão, Instituto de Ensino São Caetano; Ginásio: Amaral Wagner, em Utinga; curso Científico, Bonifácio de Carvalho; Engenharia, FEI.

Filhos: Flavio (engenheiro civil) e Georgia (design).

Netas: Gabriela, 11 anos; Victoria, 5 anos.

 

UMA LEMBRANÇA

O pai tinha uma sorveteria na Vila Barcelona e a família era vizinha do casal de educadores Milton Feijão, diretor do Grupo Escolar 28 de Julho, e Alcina Dantas Feijão, hoje nome de escola conceituadíssima em São Caetano. Professor Milton, severo; professora Alcina, um doce de pessoa. Flavio brincava com os filhos do casal, Neto, Miltinho, Dedé no cenário formado pelas ruas Taipas e Joana Angélica.

 

E a Passeata.

Do Silêncio

Ramis Sayar participou da Passeata do Silêncio, em 4 de abril de 1961, considerada uma das principais manifestações políticas da história de São Caetano – se não a principal. Objetivo da passeata: anular o aumento dos subsídios dos vereadores, proposto e aprovado por eles mesmos: de 13 mil para 47 mil cruzeiros mensais.

O movimento foi liderado pelo Centro Acadêmico, Centro Estudantil de Cultura e Grêmio 28 de Julho. Um plantão permanente de estudantes foi organizado na Câmara Municipal. E veio a passeata, silenciosa. Estudantes desfilando pelas ruas da cidade, dentro do mais estrito silêncio. O grande público a tudo assistindo, sem nenhuma palavra. Apenas as frases carregadas em cartazes muito bem desenhados: “Silêncio! Estamos de luto”. E um enterro simbólico.

A esquerda pretendeu tomar partido. Ficar à frente. Ao menos participar. Foi rechaçada. Num determinado momento, não se sabia ao certo quem estava à frente do que:

“A gente se colocava na marquise do Cine Max e ficávamos discursando. Na frente, uma multidão que se formava. No dia da Passeata do Silêncio, o caixão principal, que era do (vereador) Jaime da Silva Reis, quem carregava portava máscaras. Não sabemos quem era quem”, declarou uma daquelas lideranças estudantis, Ramis Sayar, em mesa-redonda gravada por esta página Memória sob a orientação do professor Oscar Garbelotto – e o resultado do encontro daquela noite, em março de 2011, foi publicado na íntegra e em várias edições aqui em Memória.

Esta série com participantes do Centro Acadêmico de São Caetano apenas se inicia. Mas ousamos imaginar que a Passeata do Silêncio de 1961 foi a grande realização daqueles ousados e idealistas estudantes.

 

Ramis Sayar

Nascimento: Vera Cruz, São Paulo, 4-1-1939

Filiação: Feres e Ana Sayar

São Caetano: 1941, com 2 anos

Escolaridade: do grupo escolar à Faculdade de Direito de Bauru e de Filosofia São Marcos.

Carreira profissional: professor, advogado e empresário. É sócio-proprietário do Buffet Samir.

Atuação política: presidente da Comissão Municipal de Esportes e secretário municipal em várias áreas: Planejamento, Social, Desenvolvimento Econômico.

 

LEMBRANÇAS

Ter presidido o Grêmio Estudantil 28 de Julho, no Colégio Bonifácio de Carvalho, e promovido vários shows, entre os quais o dos irmãos Dompieri, que tocavam harmônica, o de Jerry Adiani iniciando carreira e com a trupe do Manoel da Nóbrega, da Rádio Nacional de São Paulo, hoje Rádio Globo.

 

Falecimento

EZELINO BONICIO

(São Bernardo, 12-8-1931 – 1-1-2018)

 

A Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo) foi fundada em 1944. Valdemar Campião foi o seu primeiro funcionário registrado. Logo após, entre 1945 e 1946, vieram os demais colaboradores pioneiros: Agostinho Mazini, Glady Silva, Adib Abud, José Miguel de Luca (chefe do escritório) e Ezelino Bonicio.

Trabalhar em escritório, naquele pós-guerra, dava status. Ezelino atuou por vários anos na Acisbec, ainda quando a entidade estava na Rua Marechal Deodoro, e depois seguiu vida profissional em outras empresas. Era neto de duas famílias que remontam aos primeiros anos do Núcleo Colonial de São Bernardo, criado em 1877, os Bonício e os Marson.

Ezelino Bonicio era filho primogênito de Luiz Bonicio e de Antonia Marson Bonício. Deixa a mulher, Irene Pedrão Bonicio, e os filhos Ricardo, Ezelino Junior e Doroti. Parte aos 86 anos. Está sepultado no Cemitério Museu de Vila Euclides.

 

Diário há 30 anos

Domingo, 3 de janeiro de 1988 – ano 30, edição 6640

Primeiro Plano (Otávio de Assis) – 1987, um ano problemático. Com dificuldades ou não é preciso continuar, seguir, afinal cada um de nós tem um grande caminho pela frente. Caminhemos, pois.

Nota – Era a abertura da coluna econômica do Diário, a última assinada pelo jornalista Otávio de Assis. Na edição seguinte teríamos um novo titular.




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