A partir desta segunda-feira, a Alemanha conta com um Pacto contra a extrema direita, numa tentativa de mobilizar os cidadaos contra a violência dos grupos neonazistas, que aumentou nos últimos meses.  O Pacto foi criado em conjunto pelo porta-voz do governo (formado por social-democratas e verdes), Uwe-Karsten Heye, pelo presidente do Conselho Central Judeu na Alemanha, Paul Spiegel, e por seu adjunto, Michel Friedman.

"Esta iniciativa dos cidadaos de toda a Alemanha pretende criar um efeito bola de neve em todo o país para organizar em grande escala a resistência natural dos democratas contra a extrema direita", disse Heye numa coletiva de imprensa em Dusseldorf (oeste da Alemanha). 

A idéia é que o Pacto se torne uma associaçao de utilidade pública, capaz de coletar fundos para organizaçoes locais que lutam contra a extrema direita, freqüentemente pobres de fundos, segundo Heye.  

O pontapé inicial das atividades do Pacto é uma grande concentraçao em Berlim, no final de setembro, para mobilizar a opiniao pública.  Esta iniciativa foi lançada após um claro aumento dos incidentes protagonizados por grupos de extrema direita, principalmente no Leste da Alemanha. As discussoes sobre o assunto aumentaram principalmente depois do atentado a bomba em Dusseldorf, em 27 de julho, que feriu dez pessoas, todos estrangeiros. Sete eram judeus. Ninguém assumiu a autoria do atentado, mas para a opiniao pública, nem era preciso.  

Spiegel falou na coletiva que os alemaes vivem uma situaçao insuportável, que nao acreditávamos que voltasse a se repetir na Alemanha. Ele chegou a pedir na cletiva que seja estudada a possibilidade de tornar proscrito o partido neonazista NPD.  

A decretaçao da ilegalidade do NPD foi exigida por vários representantes políticos. Um grupo de trabalho misto, com a participaçao de representantes do governo federal e das regioes, deverá examinar a possibilidade constitucional de uma medida do gênero.  

Segundo pesquisa publicada na quarta-feira passada, para 80% dos alemaes, o extremismo de direita é um perigo que ameaça o país cada vez mais. A ameaça é sentida especialmente pelos simpatizantes socialdemocratas -88%-, segundo a pesquisa realizada pelo instituto Forsa para a televisao Deutsche Welle.   

Vários incidentes violentos de cunho ultradireitista foram registrados esta segunda-feira na Alemanha, com prisoes em diversas cidades, segundo as polícias locais.  Enquanto isso, em Viena, um representante do partido de extrema direita austríaco (FPOe), disse esta segunda-feira que a violência racista dos neonazistas prova que a Alemanha está lotada de imigrantes.

Hubert Gorbach, assessor do FPOe, partido de Joerg Haider, declarou que o número crescente de ataques racistas justifica a política austríaca inspirada por seu partido, de estrita restriçao às imigraçoes.