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Grande ABC tem taxa de letalidade por Covid-19 maior que no Brasil

Levantamento ainda projeta que as sete cidades juntas possam
alcançar 12.699 casos confirmados da doença até o fim de abril

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
09/04/2020 | 00:01
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Pixabay


 A taxa de letalidade do Grande ABC em decorrência do novo coronavírus é superior à registrada em São Paulo e no Brasil. É o que mostra levantamento do ABC Dados, instituto de pesquisas com foco na região, que compilou os números enviados pelas prefeituras desde o primeiro registro da Covid-19  nas sete cidades, em 15 de março, e comparou com as informações da Secretaria Estadual de Saúde e do Ministério da Saúde. A conclusão é que a proporção entre óbitos e pacientes confirmados com a doença no Grande ABC é maior do que a computada nos âmbitos estaduais e nacionais.

Segundo os números (atualizados com os boletins epidemiológicos enviados pelas prefeituras ontem), a região tem taxa de letalidade de 7,4%, consequência dos 325 casos confirmados e das 24 mortes pela Covid-19, ficando à frente dos índices estadual (6,5%) e nacional (4,9%). Os 15,8% correspondentes a São Bernardo (101 confirmações e 16 óbitos) puxam o Grande ABC para este outro patamar.

“A intenção (do levantamento) foi compreender a dimensão da epidemia no âmbito regional. Ao totalizar e comparar os números das cidades do Grande ABC, percebemos que havia diferenças significativas entre os municípios e também em relação às médias de casos estadual e federal. De fato, impressiona a letalidade na região, bastante alta comparada à média nacional, sobretudo em São Bernardo”, explica o cientista social Marcos Soares, especialista em opinião pública, mídia e estratégias em comunicação política, um dos idealizadores do ABC Dados. “Não temos a intenção de fazer alarde, mas consideramos razoável supor que neste momento estejamos olhando para apenas uma fração do problema”, complementa.

Entretanto, apesar de representativos à primeira vista, os números não surpreendem os especialistas. “É a estatística aguardada”, comenta o infectologista Paulo Rezende, diretor do Hospital Santa Ana, de São Caetano, que salienta o fato de ainda ser necessário aguardar quais as políticas públicas que vão adotar as prefeituras da região no combate e na prevenção. “A orientação para a população quanto ao isolamento e à testagem ajuda. E vale ressaltar: não é gripezinha. Mata!”

A pesquisa traz ainda uma projeção do número de casos confirmados no Grande ABC até o fim do mês caso o ritmo de crescimento dos últimos 15 dias se mantenha. Desta maneira, a região alcançaria 12.699 casos – o que representa 0,45% da população das sete cidades (estimada em 2.789.871 pessoas no último sendo do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2019). “Está dentro do esperado. Nada alarmante. Mas depende da apresentação da curva. Se a gente tiver em 0,8% da população, teremos 20 mil casos. Está abaixo da média mundial”, afirma o infectologista Paulo Rezende, que compara estes dados com a pesquisa realizada em Wuhan, na China, epicentro inicial da doença. “Se chegar a estes números, ainda assim vai ser bem menor do que no primeiro grande estudo, em Wuhan, onde tiveram 67 mil casos, tem população de 11 milhões de pessoas e perfil demográfico semelhante ao do Grande ABC”, complementa. “A projeção de registros feita para as próximas semanas é um cálculo de progressão geométrica baseado no crescimento dos casos confirmados nos 15 dias anteriores”, explica Marcos Soares.

A região aparece em destaque em outra questão, na que diz respeito à quantidade de dias necessários para dobrar o número de pessoas que testam positivo. O Grande ABC tem média igual à do Brasil, sendo preciso seis dias para multiplicar por dois os casos, enquanto no Reino Unido e nos Estados Unidos foram sete dias.

São Caetano registra a quarta morte

O Grande ABC alcançou ontem 325 casos confirmados da Covid-19, aumento de 46 com relação aos balanços epidemiológicos enviados pelas sete prefeituras na terça-feira. São Bernardo ultrapassou uma centena de confirmações, com 101 pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Santo André aparece logo atrás, com 98, seguida por São Caetano (56), Diadema (32), Mauá (24), Ribeirão Pires (sete) e Rio Grande da Serra (sete).

Além disso, houve o acréscimo de uma morte à contagem da região, chegando a 24 óbitos no total. Este último foi registrado em São Caetano, de uma mulher, 78 anos, que tinha doença neurológica crônica e morreu no Hospital Maria Braido.

Nos números divulgados pela secretaria estadual de Saúde, São Paulo já contabiliza 6.708 pessoas infectadas pelo novo coronavírus, enquanto 428 morreram em razão da doença. “Porém, tudo mostra que o crescimento de São Paulo está muito inferior ao que poderia. Já estaríamos, sem a quarentena, com mais de 10 mil casos e 1.500 mortos”, disse, em live, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB).

O Brasil tem 16.188 casos confirmados e registrou 155 óbitos em 24 horas, chegando a 822.

Já de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) e outros órgãos internacionais, o mundo contabiliza 1.511.104 pessoas com a Covid-19 desde o primeiro caso, em 31 de dezembro. Entre estes, 88.338 evoluíram a óbito. Por outro lado, 328.661 destas pessoas foram recuperadas.




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