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Atila é o 1º prefeito preso na região, mas há casos emblemáticos

Vereadores e secretários já foram detidos por acusação de assassinato de prefeito e PM

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
13/05/2018 | 07:00
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Montagem/DGABC


  A prisão de Atila Jacomussi (PSB), prefeito de Mauá, na quarta-feira em decorrência da Operação Prato Feito, da PF (Polícia Federal), foi a primeira de um chefe de Executivo na história do Grande ABC. Atila foi detido após policiais encontrarem em sua casa R$ 87 mil em espécie durante mandado de busca e apreensão em sua casa.

Entretanto, outros políticos – como vereadores e secretários – foram presos no exercício do cargo na região.

MUSEU DO TRABALHADOR

Em dezembro de 2016, a PF deflagrou a Operação Hefesta, que apontou suspeita de desvio de dinheiro na construção do Museu do Trabalho e do Trabalhador, em São Bernardo. Segundo a instituição, secretários e empresários atuaram em conluio para fraudar processos licitatórios e de constituição de projetos básico e executivo, superfaturando valores.

Na ocasião, dois secretários do governo de Luiz Marinho (PT) foram presos: Osvaldo de Oliveira Neto, de Cultura, e Alfredo Buso, de Obras e de Planejamento. Essas Pastas eram responsáveis pelo projeto idealizado por Marinho. A obra teve orçamento inicial de R$ 18 milhões, com recursos do governo federal, mas série de aditamentos foi solicitada pelo governo petista.

O mandato de Marinho chegou ao fim poucos dias depois de deflagrada a operação sem que o museu fosse concluído – o canteiro foi instalado em 2011 e a estrutura era para ter sido entregue em 2012. Buso e Neto respondem em liberdade às acusações da PF e do MPF (Ministério Público Federal). A pedido do atual prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), o Museu do Trabalho e do Trabalhador deve se transformar em uma Fábrica de Cultura.

CASO VALDIRENE

Na segunda passagem de Oswaldo Dias (PT) pela Prefeitura de Mauá, entre 2001 e 2004, a secretária de Finanças era Valdirene Dardin. Entre 2003 e 2004, ela teria retirado R$ 230 mil da conta da Prefeitura no banco Santander (foram três saques de R$ 50 mil e outro de R$ 80 mil).

O sumiço do recurso foi percebido por seu sucessor na Pasta de Finanças, Adalberto Coppini. Ele atestou que o valor tinha sido sacado das contas com assinatura de Valdirene, que, inicialmente, refutou as acusações. Mas um depoimento do gerente do banco, dizendo que ela havia exigido que os valores fossem colocados em sacolas de supermercado, complicou a situação. Valdirene foi presa em setembro de 2005, condição que ela ficou até janeiro do ano seguinte.

MORTE DE CARLÃO ARRUDA

Valdir Mitterstein, conhecido como Gaúcho, era vereador de Rio Grande da Serra quando José Carlos Arruda, então prefeito da cidade, foi sequestrado e morto em abril de 1998. Curiosamente, Carlão Arruda havia herdado a administração de Cido Franco, que morrera no ano anterior vítima de infarto.

Gaúcho passou a ser suspeito de assassinar Carlão Arruda três anos depois do crime. Investigações policiais colocaram o então vereador como o principal mandante do crime. O motivo seria uma dívida que Arruda possuía com Gaúcho. Ainda conforme a tese policial da época, o político teria contratado três pessoas para executar o então prefeito.

Ele foi preso em abril de 2001, quando exercia mandato na Câmara de Rio Grande da Serra. À época, a Prefeitura era administrada por Ramon Velasquez (PT), genro de Gaúcho. Pouco tempo depois, outro vereador, Expedito Oliveira, também foi considerado suspeito da morte de Carlão. Expedito era presidente do Legislativo à época da morte do então prefeito e, por isso, ocupou principal cadeira no Executivo por alguns meses.

Gaúcho foi condenado a 14 anos de prisão. Cumpriu metade da pena. Em 2016, tentou registrar sua candidatura a vereador pelo PTC, movimento barrado pela Justiça Eleitoral. Ele sempre disse ter sido condenado injustamente.

MOACIR BEZERRA

Em fevereiro de 1988, Moacir Bezerra era vereador do PTB de Santo André. No dia 7 daqueles mês e ano, Bezerra participava de uma festa de casamento na Vila Curuçá. A celebração era pelo matrimônio de sua sobrinha. A primeira confusão aconteceu ainda na festa, quando ele ofereceu sua casa na Praia Grande para que os noivos pudessem desfrutar da lua de mel. O irmão da noiva criticou a residência, dizendo que lá não havia conforto e que era uma porcaria. Bezerra retrucou afirmando que, apesar de modesta, havia boa mobília e poderia, muito bem, acolher o casal.

A discussão ficou acalorada, mas a ‘turma do deixa disso’ agiu rápido. Bezerra decidiu deixar a festa, aborrecido. Voltou para casa disposto a ir para Praia Grande. Pegou seu revólver – falou que andava armado em viagens – e entrou no carro. Mas se lembrou que sua mãe, que morava no Interior, estava em Santo André e também aproveitava a festa na Vila Curuçá. Bezerra voltou para o local para conversar com ela. Chovia forte e o então vereador buscou abrigo na varanda, quando escorregou e deixou o revólver cair.

Ao pegar a arma no chão, ele alegou ter batido o braço em um muro, o que provocou um disparo acidental. A bala atingiu a cabeça do policial militar Oswaldo Fernandes, que morreu na hora. Bezerra argumentou não ter visto vítima e, após o disparo, saiu do local. O então vereador, procurado, se entregou à polícia. Nunca mais Moacir Bezerra retornou à política.




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