O superendividamento da população é tema que preocupa o Ministério da Justiça. "Queremos transparência e informação ao consumidor e há setores que nos preocupam", disse o ministro Luiz Paulo Barreto. Para ele, a situação ganhou importância com a chegada de cerca de 30 milhões de pessoas à classe média nos últimos anos. "Ninguém ganha com o superendividamento dos consumidores", avaliou.

Para evitar problemas no futuro, o DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor), do Ministério da Justiça, firmou convênio ontem com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para que haja troca de informações e aprimoramento de atividades regulatórias, fiscalização e educação de investidores. "Esta é preocupação preventiva", resumiu. Isso porque, segundo ele, muitos dos que têm ingressado no mundo do consumo não conhecem ainda "as regras do jogo".

Para Barreto, é preciso que o cliente saiba claramente o quanto paga por determinado produto comprado a prazo e qual é a taxa de juros. Também é preciso enfatizar a esse consumidor, segundo ele, a possibilidade de se fazer poupança para adquirir um bem, no futuro, com pagamento à vista e solicitar desconto.

As avaliações do ministro vêm justamente no dia em que o jornal Financial Times publica matéria enfatizando que o boom de crédito pode trazer problemas para o Brasil. Segundo a publicação, a fatia de crédito estava em 22% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2002; hoje está em 47% e a expectativa é a de que o percentual possa chegar a 60%. Nas economias desenvolvidas alcança até 100%.