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Região disputa mercado de carbono
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
24/10/2004 | 15:12
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Projeto de geração de energia elétrica, da empresa Lara, com sede em Mauá, poderá se beneficiar do nascente mercado mundial de créditos de carbono. Orçado em US$ 10 milhões, o plano tem por objetivo gerar eletricidade a partir do gás que emana do lixo do aterro sanitário operado pela empresa. O gerente do projeto, Ralf Lattouf, afirmou que a expectativa é chegar à taxa de retorno anual de 20% do capital investido, com a ajuda dos ganhos adicionais obtidos nesse mercado.

Os créditos de carbono deverão ganhar grande impulso no início de 2005, já que, na última sexta-feira, o Parlamento russo aprovou a adesão do país ao Protocolo de Kyoto. O protocolo surgiu em uma conferência da ONU no Japão, em 1997, quando a maior parte dos países desenvolvidos admitiram que têm provocado o aumento da concentração dos gases do efeito estufa – que eleva a temperatura atmosférica e altera o regime das chuvas – e se comprometeram a reduzir em 5,2% seus níveis de emissão observados em 1990 entre 2008 e 2012. Para que o acordo entrasse em vigor, era necessário que reunisse mais de 55% da poluição mundial. Com a adesão russa ao protocolo, o acordo passou a reunir 61% da poluição do planeta.

Mas onde entram os créditos de carbono? O documento da ONU assinado em Kyoto prevê mecanismos de flexibilidade, segundo os quais os países industrializados podem atingir as metas de redução de emissão com que se comprometeram por meio da busca de complementos dessas metas em países em desenvolvimento (como o Brasil). Assim, estes últimos países receberiam dinheiro em troca da certificação – que são os créditos de carbono ou MDL (mecanismos de desenvolvimento limpo) – de projetos que substituem gases poluentes, como o que pretende a Lara. Dessa forma, as empresas de mercados em desenvolvimento podem alavancar ganhos com a obtenção desses certificados.

Responsável por receber resíduos domiciliares da região que totalizam mais de 40 mil toneladas de lixo por mês, a Lara quer montar um sistema de captação e queima do gás do aterro para gerar 10 MW de energia. Além da eletricidade, poderá haver um benefício ambiental, ao se reduzir 450 mil toneladas de emissão de metano ao longo da vida do projeto. O metano é 21 vezes mais causador do efeito estufa do que o dióxido de carbono.

Antecipado – Lattouf afirmou que uma auditoria independente validou o projeto e a empresa cumpre os trâmites para receber a aprovação pelo governo brasileiro, alguns dos requisitos para comercializar os créditos de carbonos. Ao mesmo tempo, o gerente negocia um contrato de venda de 1 milhão de créditos antecipados – correspondente hoje a cerca de US$ 5 milhões – para financiar a fase inicial do projeto, orçada em US$ 2 milhões, que poderá entrar em operação em cinco meses.




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