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Repressores da época da ditadura são julgados na Argentina
Por Da AFP
20/06/2006 | 16:19
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A Justiça argentina abre nesta terça-feira um novo capítulo no julgamento de acusados de cometer crimes contra a Humanidade durante a última ditadura (1976-83), ao iniciar o julgamento de um ex-chefe policial, o primeiro após a anulação das leis de anistia, em 2003.

O ex-diretor de Investigações da Polícia de Buenos Aires, Miguel Etchecolatz, braço direito do falecido repressor Ramón Camps, enfrenta um julgamento oral e público por acusações de seqüestro, tortura e homicídio de seis pessoas.

O julgamento de Etchecolatz é o primeiro de uma série prevista para os próximos meses como resultado da reabertura de centenas de processos arquivados nos anos 80 por causa das leis de anistia. Trata-se das leis Ponto Final (1986) e Obediência Devida (1987), sancionadas sob pressão militar durante o governo de Raúl Alfonsín (1983-89), anuladas pelo Congresso em 2003 e declaradas inconstitucionais em 2005, pela Suprema Corte.

O ex-repressor, de 77 anos, cumpre prisão domiciliar por roubo e mudança de identidade de um filho de desaparecidos, e recebeu outra sentença, de 23 anos de prisão, por violações dos direitos humanos, que foi levantada pelas leis de anistia, atualmente suspensas.

Etchecolatz foi responsável por 21 campos clandestinos de detenção que funcionaram na província de Buenos Aires, nos quais foi visto, segundo o depoimento de sobreviventes.

Vestindo um terno escuro e rodeado por seus advogados, o ex-policial ouviu as acusações segurando um pequeno rosário branco, às vezes mostrando indiferença. Em frente a ele, integrantes das Mães e Avós da Praça de Maio misturavam-se a parentes de vítimas da ditadura, que lotaram a sala de audiências.

O julgamento se baseia em uma denúncia conjunta feita por órgãos de defesa dos direitos humanos, e acontece no Salão Dourado da Prefeitura de La Plata, onde os juízes ouvirão 134 depoimentos em três meses de audiências.

Antes do início da audiência, o advogado de Etchecolatz, Luis Carri Pérez, afirmou que seu cliente "agiu em situação de guerra, como um simples policial sob ordens militares". Segundo Pérez, o ex-repressor estará presente apenas à primeira audiência, e o restante irá acompanhar de casa, amparando-se na alegação de que sofre de uma doença em estágio terminal.




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