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Roteiro deve ter ao menos 5 dias
Bem-vindo ao mundo da lua

Para aproveitar melhor cada paisagem de San Pedro e arredores, é preciso ao menos cinco dias

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
14/02/2019 | 07:14
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Ari Paleta/Arquivo Pessoal


Para aproveitar ao máximo a viagem ao Deserto do Atacama, o melhor é ficar ao menos cinco dias inteiros na cidade, com mais um para chegar e outro para ir embora, totalizando sete. Menos tempo do que isso não vale a pena, tanto pelo investimento quanto pela logística até se chegar ao local, e pelos passeios, já que muitos consomem boa parte do dia, pois são distantes da cidade, e alguns são cansativos, por envolver caminhadas. Sem contar que se tem menos chance de passar mal com a altitude do que se fizer a aclimatação aos poucos.

Só para se ter ideia de como as mudanças são bruscas por lá, desembarcamos em Calama com forte calor, mas até chegar em San Pedro já estava anoitecendo, e o frio ao descer da van era de doer a espinha. Isso porque o clima desértico permite que, no mesmo dia, faça 40ºC no meio da tarde e, de madrugada, despenque para abaixo de zero. Todo santo dia. O que acontece porque quase não há vegetação, e poucas construções, o que poderia conservar o calor durante o dia para quando a noite caísse. É curioso o fato de que as casas são todas baixinhas e similares, sem telhado, justamente porque pouco chove. São erguidas com adobe, material local que conserva a temperatura interna e, por fora, se parecem com bunkers, com bandeiras do Chile fincadas na porta. Todas essas peculiaridades reforçam atenção especial ao fazer a mala para esta viagem.

Sem botar tanta fé nesta oscilação do clima, fui batendo o queixo até o pueblo, como é chamado o centrinho, para jantar, onde me senti aconchegada no super-recomendado restaurante Adobe, que tinha fogueiras em seu interior, e então pedi uma taça de vinho para acompanhar a refeição (desembolso alto, de 36 mil pesos para duas pessoas, ou R$ 198, mas valeu a pena). Ao levantar da mesa, para minha surpresa, parecia que havia ingerido, sozinha, uma garrafa da bebida, o que pode ser explicado pela altitude. Foi o suficiente para concluir que, em alturas elevadas, é preciso cautela quando o assunto é álcool, pois seu efeito é potencializado. Ainda mais quando se acaba de desembarcar.

É PROIBIDO DANÇAR - Talvez esse seja um dos motivos que endossaram inusitada lei da cidade que proíbe as pessoas de dançar – qualquer semelhança com Footloose (filme que se passa em comunidade conservadora em que a dança é proibida) é mera coincidência. Tanto que não há espaços para isso. Os próprios locais não compreendem a lei, e a consideram infundada, o que não os impede de ‘remexer o esqueleto’ do portão de casa para dentro. No passado, turistas embriagados já fizeram bastante algazarra por suas ruelas de chão de terra batida e iluminação escassa – por isso, levar lanterna é fundamental –, o que motivou a legislação. Comportamento que, agora, reservam para o meio do deserto, onde há festas ilegais, e sob pena de multa aos organizadores.

Também não se pode beber na rua – proibição válida para todo o Chile. Aliás, muitos restaurantes não vendem bebida alcoólica, pois não têm licença para tal. Quem quiser comprar uma garrafa (há vinhos por 3.600 pesos, ou R$ 20) para tomar em casa, por exemplo, tem que fazê-lo em adegas, e é recomendável guardá-la na mochila. Não há bares, ou seja, lugares só para tomar um drink. E nos estabelecimentos que têm essa licença só se pode beber se for comer algo, mesmo que seja beliscar. Além disso, como não possuem licença para atuar como casas noturnas, à 1h, no máximo, tudo está fechado na cidade, que, então, faz jus à fama de, assim como seus arredores, ser um dos locais mais silenciosos do mundo.
 




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