O número de trabalhadores temporários no comércio de rua da região deve aumentar em até 10% neste ano por conta do Natal, em comparação com o mesmo período de 2017. De acordo com estimativas das associações comerciais do Grande ABC, devem ser pelo menos 5.000 vagas.

A cidade responsável pelo maior número de contratações é São Bernardo, com expectativa de 2.000 trabalhadores, 10% a mais do que em 2017. “Ainda não está estabelecida a confiança plena, mas já é um sinal de recuperação quando os lojistas começam a contratar. É uma excelente oportunidade para quem perdeu o emprego durante a crise e também para trabalhadores jovens que estão na busca do primeiro emprego. As vagas podem ainda representar a possibilidade de contratação definitiva ou renda extra para os gastos de dezembro e janeiro”, avaliou o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo) Valter Moura.

A Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André) também projeta aumento de 10% no número de funcionários temporários em relação ao ano passado – estimativa de 1.500 postos – na cidade. O presidente da entidade, Pedro Cia Júnior, também chamou a atenção para as chances de efetivação. “O setor vem de uma crise de dois a três anos, então há uma grande chance de manutenção deste funcionário, já que alguns locais ainda trabalham com o contingente abaixo do necessário”, contou.

A unidade do Armarinhos Fernando localizada no Centro de Santo André está com dez funcionários temporários e tem perspectiva de efetivar todos. Entre eles, o repositor Bruno Cursino de Moraes, 26 anos, morador da Vila Suíca, que estava há três meses desempregado e possui contrato até fevereiro. “Estava difícil de encontrar emprego na área de estoque, mesmo com formação de curso técnico. Agora que encontrei, estou dando o meu melhor”, disse.

Em Mauá, a estimativa é de acréscimo de 5% nas contratações, de acordo com o presidente da Aciam (Associação Comercial e Industrial de Mauá), Harry Walendy. “O comerciante, principalmente o de rua, está percebendo mais consultas em preços e frequência maior de pessoas, o que consequentemente gera aumento nas vendas. Então, há mais otimismo”, afirmou. O acréscimo representa cerca de 1.500 contratações temporárias, que são esperadas principalmente no segmento de serviços e comércio varejista.

A presidente da ACE (Associação Comercial e Empresarial) Diadema, Vera Lucia Rocha, também acredita no aumento do índice na cidade, mas sem estimativas. “A população está mais otimista, sobretudo o empresariado. Por isso, acreditamos que uma parte dessas pessoas que estão sendo contratadas temporariamente terá grandes chances de ser efetivada em postos de trabalho que serão abertos.”

Após reforma, contrato pode ser prorrogado

É importante lembrar que com a reforma trabalhista, que recentemente completou um ano de aprovação, o contrato de trabalho temporário de 180 dias pode ser estendido por mais 90. Anteriormente, a legislação previa que o funcionário tivesse um vínculo de três meses.

Para o economista e coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição, este fator pode pesar na hora da efetivação. “Dá basicamente nove meses. Podemos concluir o seguinte: que se houver uma sinalização de crescimento no primeiro semestre, os trabalhadores temporários do fim de 2018 podem continuar nesta condição e, após este período, voltarem a ser contratados como temporários”, disse.

O professor e coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio, observou que mesmo com 2018 não sendo um ano tão favorável para a economia, há indicadores positivos que se refletem na expectativa do setor. “Temos de considerar que houve melhoria leve no mercado de trabalho, que significa mais renda circulando. Quanto mais o fluxo de vendas aumentar em 2019, maior a chance de efetivação.”