Economia Titulo Crise Financeira
BCs discutem ações contra a crise

O encontro será realizado neste domingo, sob a presidência do titular do BC argentino, Martín Redrado

19/10/2008 | 07:09
Compartilhar notícia


Os efeitos da crise financeira mundial na América Latina e as medidas para enfrentá-los serão os principais pontos de discussão da primeira reunião dos presidentes dos BCs (Bancos Centrais) que integram o CCA (Conselho Consultivo para as Américas), órgão criado pelo Banco para Compensações Internacionais, em maio deste ano.

O encontro será realizado neste domingo, em Santiago de Chile, sob a presidência do titular do BC argentino, Martín Redrado.

Uma fonte do BC da Argentina revelou que, nas últimas semanas, Redrado tem se comunicado "constantemente" com os colegas do Brasil, Chile e México, para discutir ações diante da crise.

O presidente do BC brasileiro, Henrique Meirelles, desembarcou na capital chilena no final da tarde de sábado. Segundo sua assessoria, Meirelles não fará nenhum anúncio durante sua viagem ao Chile.

A Argentina está preocupada com a forte desvalorização do real e do peso chileno, enquanto que o BC argentino queima reservas diariamente para manter o nível de cotação da moeda local na banda de 3,20 a 3,30 pesos por dólar.

Atualmente, o grande debate na Argentina é se o país deve acompanhar ou não seus sócios na desvalorização de suas moedas, atendendo às reivindicações dos empresários locais.

No âmbito do governo de Cristina Kirchner, a discussão é sobre como deve ser feita a administração da flutuação do câmbio. Redrado tem deixado que o câmbio sofra uma desvalorização suave. Há um mês, a cotação estava em 3,06 e no último fechamento estava em 3,23.

Mas a UIA (União Industrial Argentina) pressiona para que a cotação chegue a pelo menos 3,40/3,60 pesos por dólar para acompanhar o real brasileiro.

No governo Kirchner, a resistência é para não ceder às pressões empresariais. Enquanto a moeda argentina se desvalorizou 6%, a desvalorização do real foi de quase 30%, e a do peso chileno chegou a 35%, desde março.

Redrado tem gastado cerca de US$ 1,5 bi de reservas para que a desvalorização do câmbio seja lenta e sem traumas.

Na Argentina, ao contrário do Brasil ou do Chile, a população se refugia no dólar e o guarda debaixo do colchão ao menor sinal de instabilidade econômica ou financeira. Por isso, o cuidado do BC em evitar um overshooting (desvalorização) abrupta.

Outros assuntos - Mas o câmbio não será a única discussão dos presidentes do BC. A reunião servirá para fazer um balanço das medidas adotadas por cada uma das autoridades monetárias nesse período de aprofundamento da crise internacional.

Também vão intercambiar opiniões e discutir sobre as futuras medidas que ainda podem ser tomadas para que os países da região possam lidar melhor com a crise.

A missão do Conselho Consultivo para as Américas "é servir de canal de comunicação entre os membros no continente americano e o Conselho da Alta Direção do Banco da Basiléia".

O BIS é uma espécie de banco central dos bancos centrais, e nesse momento de crise é o organismo mais requerido. A criação do conselho é resultado de um processo de consulta com os bancos centrais membros sobre mandatos, mecanismos de organização e tarefas específicas.

O primeiro presidente do órgão é o argentino Martín Redrado, desde primeiro de junho deste ano, e a idéia é de se reunir pelo menos duas vezes por ano.

Henrique Meirelles ficará hospedado na residência oficial da Embaixada do Brasil em Santiago. Depois do encontro, concederá uma entrevista coletiva, mas, segundo a assessoria de imprensa, "não haverá anúncios de novas medidas". Ele irá comentar apenas sobre a reunião que será realizada no Grand Hyatt Santiago. Meirelles retorna ainda neste domingo e deve ficar em São Paulo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;