O encontro será realizado neste domingo, sob a presidência do titular do BC argentino, Martín Redrado
Os efeitos da crise financeira mundial na América Latina e as medidas para enfrentá-los serão os principais pontos de discussão da primeira reunião dos presidentes dos BCs (Bancos Centrais) que integram o CCA (Conselho Consultivo para as Américas), órgão criado pelo Banco para Compensações Internacionais, em maio deste ano.
O encontro será realizado neste domingo, em Santiago de Chile, sob a presidência do titular do BC argentino, Martín Redrado.
Uma fonte do BC da Argentina revelou que, nas últimas semanas, Redrado tem se comunicado "constantemente" com os colegas do Brasil, Chile e México, para discutir ações diante da crise.
O presidente do BC brasileiro, Henrique Meirelles, desembarcou na capital chilena no final da tarde de sábado. Segundo sua assessoria, Meirelles não fará nenhum anúncio durante sua viagem ao Chile.
A Argentina está preocupada com a forte desvalorização do real e do peso chileno, enquanto que o BC argentino queima reservas diariamente para manter o nível de cotação da moeda local na banda de 3,20 a 3,30 pesos por dólar.
Atualmente, o grande debate na Argentina é se o país deve acompanhar ou não seus sócios na desvalorização de suas moedas, atendendo às reivindicações dos empresários locais.
No âmbito do governo de Cristina Kirchner, a discussão é sobre como deve ser feita a administração da flutuação do câmbio. Redrado tem deixado que o câmbio sofra uma desvalorização suave. Há um mês, a cotação estava em 3,06 e no último fechamento estava em 3,23.
Mas a UIA (União Industrial Argentina) pressiona para que a cotação chegue a pelo menos 3,40/3,60 pesos por dólar para acompanhar o real brasileiro.
No governo Kirchner, a resistência é para não ceder às pressões empresariais. Enquanto a moeda argentina se desvalorizou 6%, a desvalorização do real foi de quase 30%, e a do peso chileno chegou a 35%, desde março.
Redrado tem gastado cerca de US$ 1,5 bi de reservas para que a desvalorização do câmbio seja lenta e sem traumas.
Na Argentina, ao contrário do Brasil ou do Chile, a população se refugia no dólar e o guarda debaixo do colchão ao menor sinal de instabilidade econômica ou financeira. Por isso, o cuidado do BC em evitar um overshooting (desvalorização) abrupta.
Outros assuntos - Mas o câmbio não será a única discussão dos presidentes do BC. A reunião servirá para fazer um balanço das medidas adotadas por cada uma das autoridades monetárias nesse período de aprofundamento da crise internacional.
Também vão intercambiar opiniões e discutir sobre as futuras medidas que ainda podem ser tomadas para que os países da região possam lidar melhor com a crise.
A missão do Conselho Consultivo para as Américas "é servir de canal de comunicação entre os membros no continente americano e o Conselho da Alta Direção do Banco da Basiléia".
O BIS é uma espécie de banco central dos bancos centrais, e nesse momento de crise é o organismo mais requerido. A criação do conselho é resultado de um processo de consulta com os bancos centrais membros sobre mandatos, mecanismos de organização e tarefas específicas.
O primeiro presidente do órgão é o argentino Martín Redrado, desde primeiro de junho deste ano, e a idéia é de se reunir pelo menos duas vezes por ano.
Henrique Meirelles ficará hospedado na residência oficial da Embaixada do Brasil em Santiago. Depois do encontro, concederá uma entrevista coletiva, mas, segundo a assessoria de imprensa, "não haverá anúncios de novas medidas". Ele irá comentar apenas sobre a reunião que será realizada no Grand Hyatt Santiago. Meirelles retorna ainda neste domingo e deve ficar em São Paulo.
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