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'Maurício Soares perdeu o caráter', afirma William Dib

o prefeito demonstra sentimento de traição ao comentar sobre a reaproximação de Maurício com o pré-candidato petista à sucessão, Luiz Marinho

Por Rita Donato
Do Diário do Grande ABC
07/06/2008 | 07:01
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O prefeito de São Bernardo, William Dib (PSB), quebrou o silêncio. Pela primeira vez após a ruptura do grupo governista - rachado com a saída do ex-prefeito Maurício Soares (PSB) da base -, o líder do bloco comenta os bastidores do partido e revela como começou o impasse em torno da pré-candidatura do socialista.

Com discurso mais agressivo, o prefeito demonstra sentimento de traição ao comentar sobre a reaproximação de Maurício com o pré-candidato petista à sucessão municipal, o ex-ministro da Previdência Social Luiz Marinho."Ele estava à serviço do PT para destruir nosso grupo. Maurício perdeu o caráter", ataca.

O prefeito também rebateu o posicionamento do socialista, que sempre afirmou ter aceitado ser o pré-candidato do grupo à pedido dos próprios filiados. "Uma série de mentiras foi construindo a candidatura de Maurício. A primeira é que ele teria sido convidado pelo grupo para ser prefeito. A escolha não se deu por consenso. O que houve de consenso foi a não-candidatura dele."

O chefe do Executivo explica as demissões dos funcionários ligados ao ex-prefeito. Segundo ele, apenas os profissionais comissionados que trabalharam contra o governo foram exonerados. "Uma coisa é ser funcionário de carreira, que faz o que quiser após o horário de trabalho, mas o comissionado exige confiança. Como posso confiar em alguém que convoca outro para fazer campanha contra meu governo?", indaga.

Mesmo seguro de que o afastamento do socialista não prejudicará os planos do governo, Dib critica o retorno de Maurício à legenda que o projetou politicamente. "O valor de Maurício é o grupo do Dib ter perdido um. Todo traidor tem de mentir e quem mente não tem como se explicar depois."

O coordenador do PSB ironiza a tentativa de Maurício, que busca intervenção do diretório nacional para ser o vice de Marinho. "Não sei se isso faz parte do acordo dele com o PT. Se faz, ele não vai conseguir entregar a mercadoria."

DIÁRIO - Quando começaram os problemas em torno da pré-candidatura de Maurício Soares?

WILLIAM DIB - Uma série de mentiras foi construindo a candidatura de Maurício. A primeira é que ele teria sido convidado pelo grupo para ser prefeito. Ele disse que impuseram a candidatura a ele, depois afirmou que a candidatura teria de ser de consenso, que não daria cotovelada em ninguém para ser o escolhido do grupo. Mas a escolha não se deu por consenso e, pior que isso, depois da indicação de seu nome ficou claro que ele deu cotoveladas em todos.

DIÁRIO - Como o sr. definiria o comportamento de Maurício desde quando foi indicado pré-candidato do bloco?

DIB - Ficou bem explicado quando Ademir Silvestre (ex-secretário de Habitação) deu uma entrevista dizendo que ele estava a serviço do PT para destruir nosso grupo. Há muito tempo ele já havia fechado com o PT. Maurício perdeu o caráter. Para provocar o rompimento (da chapa governista) e brigar com Orlando Morando-PSDB (que ocupava a vaga de vice) em todos os momentos ele exaltava a figura de Osmar Mendonça (chefe de gabinete de Dib) como melhor candidato a vice. Depois da ruptura, nós oferecemos a vaga de vice a Osmar e Maurício o chamou de traidor porque ele nunca foi candidato.

DIÁRIO - Uma das reclamações é que o sr. nunca disse que ele não era candidato, mas sempre demonstrou apoio à candidatura tucana. Isso é verdade?

DIB - Vamos fazer um teste de QI. Se eu o convidei para ser o vice ele não podia ser candidato a prefeito, até porque não tinha mais credibilidade no grupo. Há mais de seis meses, o time foi se desfazendo ao redor dele e cada um procurou uma alternativa.

DIÁRIO - Todo o grupo concordou em retirar o apoio à pré-candidatura de Maurício?

DIB - A retirada do apoio da candidatura dele se deu mais naturalmente do que aquilo que ele afirmou ser a candidatura de consenso. O que houve de consenso foi a não-candidatura e eu não tinha outra alternativa senão convidá-lo a ser outra coisa.

DIÁRIO - Se o ex-prefeito já estava ao lado do prefeiturável petista, Luiz Marinho, qual era o plano dele mantendo a pré-candidatura?

DIB - No primeiro momento era atrapalhar o PSB. O trabalho incessante foi não deixar o grupo unido e o que ele fez foi jogar um secretário contra o outro, um vereador contra o outro. Não deu muito certo e ele procurou se vitimizar, achando que sua saída (da base) o mostraria como vítima do processo.

DIÁRIO - Os pedidos de exoneração de Maurício e de sua mulher, Laerte Soares, ex-secretária de Desenvolvimento Social, ocorreram tarde demais?

DIB - No momento oportuno. O problema é que ele ficou no cargo sem trabalhar e quando pediu demissão esqueceu de avisá-la. A dona Laerte chorou porque o marido não contou a ela que havia pedido demissão. Ela não tinha mais como ficar, a situação tornou-se incomoda, e disse que não compactuava com o processo político.

DIÁRIO - A justificativa de ambos para os pedidos de exoneração foi a solidariedade às pessoas que o sr. demitiu, todas ligadas a eles. Como o sr. entende este posicionamento?

DIB - Quero enfatizar que quando ele foi lançado era para cumprir um projeto e não compromisso com pessoas. E ficou claro que ele não tinha compromisso comigo. Em nenhum momento a candidatura desse ou daquele foi voltada para compromisso político ou econômico, eu não aceitaria este tipo de coisa. O compromisso do grupo é com a cidade.

DIÁRIO - A demissão dos profissionais ocorreu por conta da aproximação com Maurício?

DIB - Ele obrigou os funcionários a participar de uma reunião com Luiz Marinho, então tive de mandar embora aqueles que, no horário de serviço, fizeram campanha. Nunca constrangi servidores públicos, mas exonerei as pessoas que estavam trabalhando contra o governo e não mais para uma uma pseudo-candidatura (a de Maurício). Uma coisa é ser funcionário de carreira, que faz o que quiser após o horário de trabalho, mas o comissionado exige confiança. Como posso confiar em alguém que convoca outro para fazer campanha contra meu governo? Não é qualquer um que estou mandando embora, são aqueles que estão executando o trabalho sujo. Nunca pedi para trabalharem a favor, mas é uma questão de ética. Ou fala bem do governo ou cala a boca. Agora, usar telefone, carro e computador para trabalhar contra não dá para permitir.

DIÁRIO - Maurício quer que o PSB siga a filosofia da nacional, base aliada do governo Lula, e se coligue com o PT no município. Uma união com os tucanos pode arranhar a imagem do partido?

DIB - Não entendo. A primeira pessoa que apoiei no PSDB foi Maurício Soares. Na segunda eleição, que fui vice, ele era do PPS, daí voltou para o PSDB para concorrer à vaga de vice-governador. Depois ele renunciou (à Prefeitura de São Bernardo, em 2003) e, no dia seguinte, saiu do PSDB. Ficou sem partido porque nenhuma legenda o queria, nem o PT.

DIÁRIO - Depois de todo o impasse, o sr. acredita que o PSB perderá Maurício para o PT?

DIB - O PT nunca o aceitaria. Só aceita hoje porque ele estava do lado de cá. O valor do Maurício é o grupo do Dib ter perdido um. O Maurício só tem valor porque estava ao lado do grupo governista. Ele volta (garantindo seu apoio) para o partido que o mandou embora e panfletou que ele vendeu apoio a mim, que ele vendeu o mandato. Quando ele era candidato, o PT falou que era acordo para entregar o mandato ao Orlando. Ele respondeu? Não disse nada. Todo traidor tem de mentir e quem mente não tem como se explicar depois. Eu trato as pessoas com respeito, agora, ser tratado do jeito que ele quer, só no PT.

DIÁRIO - O ex-prefeito busca intervenção da executiva nacional do PSB para ser o vice do PT. Isso pode ocorrer?

DIB - Não sei se isso faz parte do acordo dele com o PT. Se faz, ele não vai conseguir entregar a mercadoria.




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