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Pyongyang não tem energia para iluminar suas ruas
Por Da AFP
02/01/2003 | 10:32
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Enquanto o mundo inteiro teme a ameaça dos programas nucleares de Pyongyang, o turista estrangeiro que visita a Coréia do Norte descobre ao cair da noite que o país não tem energia sequer para iluminar as ruas da sua capital. Escassez anacrônica de um serviço básico que piora a avaliação da falta de sentido em aplicar seus limitados recursos em ambiciosos projetos atômicos condenados pela comunidade internacional.

Com a economia em crise e a população passando fome, a Coréia do Norte cai na escuridão assim que o sol se põe. Não há energia sequer para a calefação das casas, que sofrem com um inverno mais rigoroso.

No entanto, o visitante que chega a Pyongyang tem garantida, em meio à escuridão, a visão da estátua de 20 m de altura de Kim Il-Sung, fundador do regime comunista norte-coreana, localizada em uma colina, coberta por uma pintura dourada e iluminada por refletores.

A principal avenida da capital, o bulevar Changgwang, tem um ar sinistro em toda sua extensão, da estação central até a sede do Partido dos Trabalhadores, perto do melhor hotel da capital, o Koryo, e de uma das poucas grandes lojas que existe no país.

Um passeio pela escuridão leva ao Changgwang Karaokê Club, um bar noturno freqüentado principalmente por estrangeiros. Os norte-coreanos que vão ao lugar se divertem batendo um papo cauteloso com os visitantes sobre as recentes mudanças da economia do país.

"Antes éramos todos rigorosamente iguais. Agora, se trabalhamos mais, ganhamos mais. Isso incentiva as pessoas a trabalharem mais", explica Kim Jong Hyok, de 25 anos, funcionário do Ministério dos Transportes. Ele afirma que seu salário aumentou 20, enquanto os preços subiram até 17 vezes. "Dá para me alimentar, vestir e morar", explica.

Um dos símbolos do fracasso das ambições do país domina Pyongyang: a estrutura piramidal do hotel Ryugyong, de 105 andares, ainda inacabado. "Está em processo de construção há uns dez anos", explica Yun Chang Wu, funcionário da rádio oficial.

No litoral do país, um silêncio absoluto reina em uma cidade próxima à central nuclear construída pelos ocidentais. "Os moradores estão no campo, por isso tudo está tão silencioso", explica um guia.

As casas de concreto possuem um aspecto inacabado e os placas descrevendo glórias ao regime comunista são visíveis em todas as partes: nas paredes, nos telhados e na estação ferroviária, onde não passa um trem.




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