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O País dos Bolsonaros

O deputado Jair Bolsonaro, o próprio, do PP fluminense, usa verba pública para imprimir panfletos contra as

Carlos Brickmann
15/05/2011 | 00:00
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O deputado Jair Bolsonaro, o próprio, do PP fluminense, usa verba pública para imprimir panfletos contra as garantias dos direitos dos homossexuais. Bolsonaro foi eleito para manifestar sua opinião, é inviolável no exercício do seu mandato, concordemos ou não com o que diz. Mas com dinheiro público?

O humorista Danilo Bolsonaro Gentili não usou dinheiro público nem é contra os gays. Mas usou a exposição que teve por uso de uma concessão pública para fazer piadas no Twitter com as vítimas do nazismo. Qual o motivo para vilipendiar os mortos em campos de concentração? Simples: entre os 55 mil habitantes do bairro planejado de Higienópolis, em São Paulo, 3.500 se manifestaram contra a construção de uma estação do Metrô. Uma pessoa disse que o Metrô traria ao bairro pessoas com as quais não gostaria de conviver. Daí a conclusão de que o bairro inteiro era contra pobres. Como em Higienópolis há muitos judeus (e muitos árabes, muitos japoneses, muitos italianos), Danilo Bolsonaro Gentili resolveu fazer piada sobre as mortes em campos de concentração.

Bolsonaro e Danilo Bolsonaro Gentili não estão sós: aproveitando o espaço oferecido por bolsonaros de bolso, colunistas que lavam as mãos, alguns bolsonaros saíram do armário louvando Hitler e o nazismo - isso quando gangues neonazistas de São Paulo atacam nas ruas homossexuais e nordestinos.

Não é hora de ficar quieto. Para Bolsonaro, Comissão de Ética. Para os demais bolsonaros, o artigo 20 da Lei 7.716, que pune racismo com prisão e multa.

O Bolsonarão

De Bolsonaro, que este colunista não entende por que ainda não foi submetido ao Conselho de Ética, louve-se a amplitude de seus ideais políticos. Já foi do Partido Democrata Cristão, do PPR, PPB, PTB, PFL; e agora é do PP.

O bolsonaro suplicante

Danilo Bolsonaro Gentili, assustado com a reação, pediu desculpas e pôs-se "à disposição da comunidade judaica". Mas já devia estar à disposição da Justiça.

Os outros bolsonaros

Não dá para esquecer Rafinha Bolsonaro Bastos, do mesmo programa de TV em que atua Danilo Bolsonaro Gentili, que publicamente elogia o crime de estupro. Segundo diz, só mulher feia é estuprada e deveria agradecer ao estuprador. Apologia ao crime também é crime.

Em busca do osso

Este colunista poucas vezes viu uma campanha tão violenta (e pouco ética) como a que se move contra a ministra da Cultura, Ana de Hollanda. E é sempre "fogo amigo", movido pelos cumpanhêro, e nada tem a ver com o desempenho ou as idéias da ministra: o que se quer, e isso fica claro a cada reunião, é o cargo dela. Parece até coisa tucana: são os aliados que divulgam histórias como a das diárias indevidamente recebidas, ou mudanças nas linhas traçadas por seu antecessor, Juca Ferreira, onde já se viu mudar coisas do tempo de Lula, que devem ser veneradas e louvadas como se sagradas fossem?

Se Ana está ou não trabalhando bem, isso não importa: o caso é que ela ocupa o cargo que outros querem.

Não gosto, não existe

Em 1870, irritado com o embaixador britânico, o ditador boliviano Mariano Melgarejo o expulsou de maneira peculiar: amarrou-o e colocou-o de costas num burro, a caminho da fronteira. A rainha Victoria determinou à Esquadra britânica que bombardeasse a Bolívia. Não era possível: a Bolívia não tinha litoral. Sua Majestade determinou então que a Bolívia não mais existia e tirou-a do mapa.

O secretário da Segurança de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, resolveu do mesmo jeito o problema do PCC, Primeiro Comando da Capital, grupo criminoso que, da prisão, comanda o crime organizado no Estado: decretou que o PCC já não existe. Segundo diz, só há hoje uns 30 integrantes do PCC.
Talvez fizesse bem ao secretário falar com parentes de presos. Eles sabem.

Assim é se lhe parece

O secretário resolveu também o problema recorrente de bandidos que dinamitam caixas eletrônicos: "É o crime da moda". Há gente, na Polícia e fora dela, pedindo proteção especial para os caixas.

Estão errados: nas grandes cidades européias e americanas, o caixa eletrônico fica na rua. O que é preciso é dar segurança à população. Se a população estiver protegida, os caixas também estarão.

Novo de novo

O PMDB anuncia que está se renovando. Recebe dois políticos que ainda não passaram por lá: o presidente da FIESP, Paulo Skaf, e Gabriel Chalita, uma das poucas pessoas que já escreveram mais livros do que têm de anos de vida. Ambos saíram do PSB. Chalita, antes de passar pelo PSB, foi do PSDB, de seu melhor amigo e guru político, o governador tucano Geraldo Alckmin.

O gênio, a fera

Newton Mesquita, um dos melhores artistas plásticos do país, lança livro com 200 imagens de trabalhos realizados ao longo de sua carreira. O prefácio é de uma fera do jornalismo, Thomaz Souto Correa, vice-presidente da Editora Abril. Dia 17, às 18h, na Livraria da Vila, Alameda Lorena, 1.731, SP.




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