“Entendo a importância, mas, no fundo, não gosto”. A frase do presidente do PT municipal e que ontem foi confirmado como candidato a deputado estadual, Luiz Turco, resume o sentimento de muitos petistas com relação à aliança da sigla com o deputado federal Paulo Maluf (PP). Também ontem a legenda ratificou o projeto do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT) ao governo do Estado com o PP no arco de alianças.

“Acho que, de maneira geral, o militante não gosta (do apoio de Maluf). O militante saudosista trava, vai para a campanha com sentimento diferente. Mas é importante ter (a adesão). O PT não ganha eleição sozinho. Precisamos de ter 51% dos votos válidos para fazer o embate com o PSDB no Estado”, discorreu Turco, em entrevista ao Diário.

Em seu debute como candidato, Turco vai para as urnas carregando rótulo de nome do governo de Carlos Grana (PT), de Santo André, algo que, para ele, “é responsabilidade grande”. Entretanto, o petista aguarda o desfecho da Copa do Mundo. “O resultado do Mundial vai influenciar todos os políticos. Se (a Seleção Brasileira) perder, atrapalhará todo mundo. Será eleição atípica.”

Turco inicia sua trajetória eleitoral com ampla experiência nos bastidores políticos. Foi por quase duas décadas integrante da cúpula estadual do PT e teve como missão mais delicada curar as feridas do diretório andreense após prévias de 2007 entre Vanderlei Siraque e Ivete Garcia – cisão que custou a vitória petista no pleito municipal de 2008. Em 2012, já sob seu comando, o partido evitou eleição interna e apostou na candidatura de Grana, que derrotou a tentativa de reeleição de Aidan Ravin (PSB).

“Nunca pensei em ser candidato. Sempre trabalhei pela construção partidária. Mas recebi o convite do prefeito Grana e aceitei o desafio”, comentou o presidente municipal, que garante que sua principal dobrada eleitoral na cidade será com Siraque – ele buscará reeleição como deputado federal.

BANDEIRAS

Turco afirmou que, se eleito, tentará costurar união entre a bancada regional, algo que até agora só tem ficado no discurso dos candidatos e deputados. Para o petista, parlamentares estaduais com base no Grande ABC poderiam organizar seminários para debater, em conjunto, problemas que atingem às sete cidades.

“Hoje vejo que falta vontade política. Uma coisa é discurso e outra é propor de fato. Tem pouco de vaidade, pouco de tudo. Como nunca foi deputado, não sei como se trata. Vi outros companheiros e falarem sobre isso, mas também nunca vi ninguém ir ao Consórcio, propor almoço para discutir projetos”, opinou.

O presidente do PT de Santo André disse também que a ampla renovação na chapa petista à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa não será fator dificultador para a legenda. “Essas pessoas que vêm como candidatas pela primeira vez têm apoio na máquina da estrutura do PT. No caso do PT, isso não assusta.”