O tecnobrega não sai da boca do povo. Vai dizer que não fica com a música Ex Mai Love, da Gaby Amarantos, na cabeça quando começa Cheias de Charme, da Rede Globo? Na trama, Chayene também faz sucesso. A personagem canta Se Você Me Der, de Arthur Danni, que curtiu a música em tecnobrega. "Ficou original e envolvente", diz o sertanejo. De tanto ouvir as canções, José Américo Júnior, 17 anos, de Santo André, virou fã do ritmo. "É engraçado e ótimo para dançar."

Apesar de conquistar mais gente com a novela, o sucesso do tecnobrega não é de agora. Começou em 2000, no Pará. Artistas e DJs uniram o brega tradicional (estilo de Odair José e Reginaldo Rossi) com calipso, reggaeton, entre outros ritmos caribenhos. "Além disso, houve a incorporação de batidas eletrônicas", ressalta Ronaldo Lemos, autor do livro Tecnobrega: o Pará Reinventando o Negócio da Música.

Segundo ele, os CDs eram gravados em estúdios caseiros e vendidos a baixos preços em camelôs, além da divulgação pela internet. "Para muitos desses artistas, quanto mais a música for distribuída livremente, melhor", afirma Ronaldo. O dinheiro vem dos shows. Foi assim que Joelma e Chimbinha bombaram a banda Calypso. Em 2007, uma pesquisa mostrou que o grupo era o mais ouvido do Brasil.

Apesar do sucesso, o preconceito é grande. Para Ronaldo, a rejeição existe desde a criação do brega, na década de 1970. Mesmo assim, o estilo ganha cada vez mais fãs no Brasil e mundo. Prova é a versão de Águas de Março (Tom Jobim) com Gaby Amarantos, que está bombando na Europa.