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Futsal mais que especial
Lígia Valezi
Especial para o Diário
10/06/2012 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Além do fato de morarem no Grande ABC e serem apaixonados pelo futsal, há outra característica que une Anderson Maggiola, 22 anos, Douglas Fernandes da Silva, 23, e Anderson Ferreira, 26: os três jogadores da região têm deficiência auditiva. Mais do que isso, os atletas são integrantes da Seleção Brasileira de Futsal para Surdos, que disputará os Jogos Pan-Americanos voltados para a categoria entre os dias 12 e 24, na Praia Grande.

Os três atletas atuam no time da Assp (Associação dos Surdos de São Paulo), na Capital, e defenderão a camisa verde e amarela ao lado de outros 12 atletas, que jogam em equipes paulistas, cariocas, gaúchas e goianas.

Mas esta não será a primeira vez que estes meninos representam o Brasil. O clube que defendem na Capital já é bicampeão do Sul-Americano de Futsal Para Surdos. O time venceu o torneio, que é uma espécie de Libertadores da América da modalidade, em 2008, no Uruguai, e em 2010, no Paraguai.

No ano passado, a Seleção Brasileira disputou o Mundial de Futsal para Deficientes Auditivos na Suécia. O desempenho não foi dos melhores: a equipe foi a 11° colocada entre 16 times. Apesar do resultado, o ala Anderson Maggiola lembra do evento com bastante carinho.

"Foi experiência muito boa, que guardei como exemplo para evoluir mais. É muito difícil competir um Campeonato Mundial. Nos outros times os jogadores recebem auxílios financeiros. Além disso, as outras seleções treinaram cerca de seis meses e aqui isso não aconteceu", explicou o auxiliar administrativo.

Segundo os jogadores, a Seleção fez apenas três treinos antes de embarcar para o país europeu. Cada atleta teve que pagars sua viagem e até o uniforme que usaram. O morador de São Caetano calcula que desembolsou cerca de R$ 5.000, bancados pela empresa que trabalha, que o patrocinou.

A solução que o montador Anderson Ferreira encontrou foi negociar um adiantamento de salário na instituição que presta serviço, uma multinacional da região. "Quando voltamos do Mundial algumas pessoas disseram que o Brasil tinha perdido, mas não concordo. Fomos buscar conhecimento e experiência", comentou o morador da Paulicéia, em São Bernardo.

Douglas Fernandes da Silva não competiu no Mundial porque não conseguiu o investimento necessário. Apesar disso, o professor de dança do Integrarte, projeto da Prefeitura de São Bernardo, disse que a Seleção pode ser campeã no Pan-Americano. "Confio nos jogadores brasileiros e no nosso grupo. O Brasil é o time mais forte. Quero mostrar que podemos chegar ao título", garantiu o são-bernardense.

A CBDS (Confederação Brasileira de Desportos dos Surdos) afirmou que segue em busca de patrocínios para a equipe. No entanto, a entidade fornecerá uniformes aos atletas neste Pan-Americano. A Seleção já realizou três treinos em Louveira, no interior paulista, e ainda deve se reunir alguns dias antes da competição para adquirir mais entrosamento.

A namorada de Douglas, Carolina Guerra da Silva, 20 anos, foi a intérprete para que esta matéria pudesse ser produzida.


Atletas sonham em defender equipes de ‘ouvintes'

Uma resposta é unânime entre os três atletas do Grande ABC que disputarão o Pan-Americano de Futsal para Surdos na Praia Grande a partir desta semana: todos sonham em defender times de ouvintes, ou seja, de pessoas sem deficiência auditiva.

Os jogadores garantem que são capazes de vestir as camisas de clubes comuns. Apesar disso, muitas vezes são alvos de discriminações. "É muito difícil jogar no profissional porque há preconceito. Pensam que surdos não são capazes. Queria ter uma chance para jogar em times de ouvintes", afirmou Anderson Maggiola, 22 anos.

Os atletas até jogam futsal informalmente com alguns amigos que não têm deficiência, mas quando o assunto é contratação a situação fica mais difícil. O são-bernardense Anderson Ferreira, 26, chegou a jogar em time de ouvintes da Paulicéia, mas acabou se afastando do grupo após ser alvo de preconceito.

Já Douglas Fernandes da Silva, 23, garantiu que as pessoas se impressionam com sua habilidade. "Quando as pessoas me vêem jogando, sempre ficam surpresas e dizem que tenho talento. Sempre sonhei em ser jogador profissional. Tenho capacidade para isso", contou o atacante.




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