Setecidades Titulo Baixa temperatura
Moradores de rua sofrem com o frio
Por Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
09/06/2012 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


A vida dos moradores de rua é sempre muito difícil. O papelão serve de colchão, comida só vinda de doações, banho tem de ser em albergue e a falta de cobertor, muitas vezes, é suprida pelo álcool. A situação fica ainda mais complicada no frio. Com as baixas temperaturas no Grande ABC nos últimos dias, as dificuldades são cada vez maiores para essas pessoas.

"É horrível. Com esse tempo a coisa fica pior para nós. Passamos muito frio. Para esquentar, só tomando cachaça", afirmou um morador de rua de 28 anos, que dorme há cerca de um ano na calçada da Avenida 15 de Novembro, no Centro de Santo André, embaixo do viaduto Adib Chammas.

Ele relatou as dificuldades enfrentadas por essas pessoas, que vivem em condições precárias pelas ruas da região. "O frio é complicado, mas a fome é a pior coisa. Passa um monte de gente comendo, pedimos comida, mas ninguém dá. A sorte é que, às vezes, a Prefeitura traz sopa. Mas isso nem sempre acontece", disse.

Na tarde de ontem, a equipe do Diário constatou a presença de seis pessoas dormindo nessa calçada da Avenida 15 de Novembro, ao lado do Terminal Santo André Oeste de ônibus. No mesmo momento, agentes da Prefeitura chegaram para oferecer ajuda aos moradores de rua. A intenção era encaminhá-los para o albergue municipal.

A coordenadora de abordagem do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) Centro, conhecido como Casa Amarela, Ines Rosa da Silva, afirmou que o trabalho para tirar essas pessoas da rua não é fácil. "Eles são resistentes. Fazemos monitoramento e abordagens diárias, mas nem sempre aceitam ajuda. Alguns sentem dificuldades em se adequar às normas do abrigo e voltam para as ruas. Nesses casos, temos de respeitar o direito de ir e vir", explicou.

Após o contato dos profissionais, os moradores de rua resistiram, mas acabaram aceitando ir para a Casa Amarela. "Vamos para lá tomar banho e comer. O problema é que a van só leva, depois temos que sair na chuva", reclamou um dos desalojados.

ABRIGO - Para o período de frio intenso deste ano, o Grande ABC conta com 230 vagas de abrigo para pessoas em situação de rua em São Bernardo, 40 em Diadema, 80 em Santo André, 20 em São Caetano e 45 em Ribeirão Pires. As prefeituras de Mauá e Rio Grande da Serra não informaram os números.

Apenas em Santo André, São Bernardo, Diadema e Ribeirão Pires há aproximadamente 1.000 pessoas vivendo em vias públicas, segundo as administrações municipais.

Prefeituras realizam ações para arrecadar agasalhos

Com o frio, as prefeituras da região realizam ações para ajudar os mais necessitados durante o inverno. Santo André, Diadema e São Caetano já iniciaram suas campanhas para arrecadação de agasalhos.

Juntas, as três cidades pretendem arrecadar 655 mil peças de roupas usadas, mas em bom estado de conservação, além de sapatos, cobertores e outros itens necessários para espantar o frio.

Em Santo André, a campanha começou ainda em abril e segue até o dia 16 de julho, em mais de 100 pontos de arrecadação espalhados pela cidade. A meta é conseguir ao menos as 520 mil peças da campanha realizada no ano anterior.

Já em São Caetano, a campanha começou no mês passado e vai até 11 de junho. A expectativa é que o número de peças seja maior do que em 2011, quando foram angariadas 75 mil unidades. Voluntários podem fazer doações em toda a rede municipal de educação, UBSs, prédios municipais e sede do Fundo Social de Solidariedade do município.

Com carreata que percorreu diversos pontos da cidade, Diadema lançou a campanha no mês passado. A expectativa de arrecadação é de 60 mil peças, 10 mil a mais em relação ao esperado para 2011, que fechou a campanha com pouco mais de 60 mil doações.

São Bernardo também pretende realizar a campanha neste mês, mas ainda está em busca de parceiros para viabilizar a ação.

As peças doadas vão aquecer pessoas cadastradas em entidades e instituições sociais de Diadema e Santo André. No caso de São Caetano, os kits são montados e distribuídos primeiramente para moradores de habitação coletiva identificados pela Secretaria de Assistência e Inclusão Social e, posteriormente, para entidades assistenciais.




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