Setecidades Titulo Veículos incendiados
Tentativa de assalto a empresa tem explosões e veículos incendiados

Quadrilha atacou sede da Protege na madrugada
de ontem, no bairro Campestre, em Santo André

Por Daniel Macário
Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
18/08/2016 | 07:00
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André Henriques/DGABC


  Tentativa de assalto à sede da empresa de transporte de valores Protege, na Rua dos Coqueiros, bairro Campestre, em Santo André, na madrugada de ontem, transformou o bairro residencial em área nobre da cidade em verdadeira zona de pavor. A ação criminosa durou cerca de uma hora e contou com a atuação de quadrilha formada por pelo menos 20 homens munidos de armamento de grosso calibre, além de explosivos. Embora o grupo não tenha conseguido concretizar o roubo, um vigia ficou levemente ferido e 13 veículos foram incendiados e abandonados em diversos trechos da cidade com a finalidade de atrapalhar o trabalho da polícia. Oito pessoas foram presas.

A ação dos criminosos teve início por volta das 3h15 e foi frustrada devido à presença de dez vigilantes armados na empresa somada a chegada da Polícia Militar, conforme a polícia. Durante a fuga, a quadrilha protagonizou cenas simultâneas de terror pelas cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Zona Leste da Capital dignas de produção cinematográfica. Além de explosivos e estrepes espalhados, carros e caminhões foram incendiados com a finalidade de bloquear diversas vias.

As avenidas da Paz e dos Estados, Rua Sumaré, além do cruzamento da Alameda São Caetano com a Avenida Prestes Maia, ficaram interditadas até por volta das 13h, após remoção dos veículos. Um condomínio residencial localizado ao lado da empresa foi atingido pelos disparos, o que causou diversos prejuízos, e uma revenda de peças automotivas, na Avenida da Paz, ficou completamente destruída após ser incendiada. Houve confronto com a polícia na Rua Costa Barros, na Capital e também em São Bernardo, e outros automóveis abandonados por vias de São Caetano e na vias da Zona Leste.

A Prefeitura de Santo André informou que a liberação das vias contou com o trabalho de 30 agentes, 13 viaturas, três guinchos, além de pás carregadeiras e equipes do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental) e AES Eletropaulo.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, foi realizada perícia no local e em todos os veículos envolvidos na ação, além de colheita de material e demais elementos que possam identificar os autores. Na tarde de ontem, oito integrantes da quadrilha foram presos pelo Denarc (Departamento Estadual de Investigações Sobre Narcóticos) na Zona Leste da Capital. Também foram apreendidas armas de grosso calibre e carros usados pelo grupo na fuga. A identidade dos criminosos não foi divulgada.

Por meio de nota, a Protege informou que a atuação dos vigilantes e as barreiras do sistema de segurança da empresa impediram o roubo e que os criminosos não tiveram acesso ao caixa forte. “Houve registro de um colaborador ferido por estilhaços, que, felizmente, passa bem. A Protege aguarda a apuração dos fatos e, para isso, colabora com as autoridades policiais.”

Em coletiva de imprensa realizada na tarde de ontem, a Polícia Civil destacou que investiga se a quadrilha responsável pela tentativa de assalto e demais atos criminosos pela cidade tem participação nos outros três casos de roubo a sedes de empresas especializadas em transporte de valores neste ano: em Campinas, Ribeirão Preto e Santos. “Já desarticulamos parte dessas quadrilhas, mas elas podem ir se reestruturando”, afirmou o delegado titular do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) Luiz Carlos do Carmo.

“Na maioria dessas ações, há pessoas ligadas ao tráfico, roubo de carga e roubo a banco, mas tem gente que é a primeira vez que participa. Na maioria dos casos, são quatro ou cinco que encabeçam a ação e o restante é contratado para atuação específica, como atear fogo nos veículos”, explicou o diretor do Deic Emídio Machado Neto.

Força-tarefa envolvendo também policiais do Deic e Denarc foi montada para atuar no caso. A polícia estima a existência de, no máximo, três quadrilhas especializadas neste tipo de crime no Estado. “Fiquei orgulhoso que a Polícia Civil prendeu parte da quadrilha no mesmo dia. Não era uma tarefa simples, já que são profissionais. É um dever cumprido”, afirmou o delegado seccional de Santo André Hélio Bressani.

Unidade sofreu tentativa de assalto em janeiro de 2008

A tentativa de assalto de ontem foi a segunda observada na sede da Protege, no bairro Campestre, em Santo André. Em 14 de janeiro de 2008, criminosos tentaram assaltar a unidade ao estourar uma das paredes que levariam à tesouraria da empresa, no entanto, o artefato falhou. Nada foi roubado e os criminosos fugiram.

O ataque de ontem é o quarto do tipo registrado neste ano no Estado. Na madrugada de 14 de março, quadrilha levou R$ 50 milhões da Protege de Campinas, no Interior. Sete pessoas foram presas.

Em 4 de abril, em Santos, no Litoral, criminosos invadiram sede da Prosegur. Na troca de tiros, dois policiais militares rodoviários e um morador de rua morreram. Policiais civis recuperaram cerca de R$ 10 milhões roubados. Dois homens foram presos, um deles em São Caetano.

Em 5 de julho, R$ 51,2 milhões foram levados em Ribeirão Preto, no Interior, também da Prosegur. Um policial militar rodoviário e um morador de rua foram mortos. Seis homens foram presos.

Para o ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva Filho, o que se vê é que, desde o primeiro ataque, “o que a polícia fez até agora foi muito pouco em termos de pessoas presas”. “Mostra a dificuldade dos sistemas de inteligência da polícia, de tentar identificar os criminosos que estão se articulando”, considera.




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