Diarinho Titulo
Mandela Esporte Clube
Por Por Marcela Munhoz
24/01/2010 | 07:01
Compartilhar notícia
Getty Images


Sabe o clima especial que paira no ar durante a Copa do Mundo e a sensação indescritível de ver o Brasil vencer na final? Para a África do Sul, a linguagem universal do esporte foi além e ajudou a reconciliação entre negros e brancos.

Em 1995, a desacreditada seleção de rúgbi (formada por brancos e um negro) deu a volta por cima e venceu o torneio mundial sediado naquele país. O incentivador foi Nelson Mandela, o então presidente da África do Sul.

Ele quis riscar de vez o apartheid da história e uma das maneiras foi por meio do esporte. A vitória dos Springboks - odiado pelos negros, que jogavam mais futebol, e amado pelos brancos - uniria todos em um sentimento. A história real foi adaptada para o cinema em Invictus, que estreia na sexta. "Não me lembro de outro momento em que um povo se unisse tão rápido e completamente", fala Morgan Freeman, que interpreta Mandela.

O apoio foi arriscado. Os negros queriam se vingar e acabar com tudo o que lembrasse o apartheid, inclusive, mudar o nome e as cores da equipe. Mas Mandela pensou diferente. Incentivou o time de brancos para que todos percebessem que o ódio entre as raças tinha de acabar.Na final, ele fez questão de entregar o troféu ao capitão François Piennar (Matt Damon), com o uniforme do time.

"A genealidade do Mandela consistitiu em reconhecer que um dos símbolos de divisão e ódio podia ser transformado num instrumento de unidade nacional", acredita John Carlin, autor de Playing the Game, no qual o filme foi inspirado. É uma história que vale a pena conferir.

Madiba pede paz

Nelson Rolihlahla Mandela - Madiba para os africanos - é formado em Direito e foi presidente do país entre 1994 e 1999. Ainda estudante, começou a brigar contra o apartheid. Sempre defendeu a luta pacífica, mas mudou de opinião em 21 de marco de 1960, quando policiais atiraram contra manifestante negros, matando 69. O massacre fez com que ele passasse a defender a luta armada contra o sistema.

Em 1964, foi condenado à prisão perpétua por planejar ações armadas, permanecendo na cadeia até 1990. "Ao longo dos anos, lutou pela liberdade e unificação nacional, tentando não desobedecer as regras da sociedade. Hoje, Mandela é considerado mito", explica Leila Hernandez, professora de História da África da USP.

Diante das pressões internacionais, o então presidente Frederik de Klerk solicitou, em fevereiro de 1990, a libertação de Mandela. Em 1993, ele e Klerk dividiram o Prêmio Nobel da Paz, pelos esforços para acabar com a segregação racial. Mandela elegeu-se em 1994, sendo o primeiro presidente negro naquele país. Agora, dedica-se a ONGs que lutam pelos direitos humanos.

Neste ano, completa 92 anos e vai ganhar uma homenagem: 18 de julho vai ser o Dia Internacional de Nelson Mandela. Ele também emprestou seu nome para um dos estádios da Copa do Mundo, o Nelson Mandela Bay.

País da Copa

A África do Sul é um país independente, situado no sul do continente africano. A população é composta por negros (70%), brancos descendentes de ingleses, holandeses, franceses e alemães (12%), entre outros.

A origem histórica do apartheid vem da época da colonização européia. Os colonizadores (conhecidos por afrikaner) se consideravam a verdadeira nação. A cor e as características raciais determinaram o domínio da população branca. O regime durou 47 anos.

Apesar de hoje a África do Sul ser o país mais rico do continente, ainda é subdesenvolvido e sofre com a violência e a Aids. Por isso, sediar a Copa do Mundo é uma boa. "A nação sentirá orgulho em ser anfitriã, mas o melhor: receberá investimentos", explica Leila Leite Hernandez, professora da USP.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;