Em visita ao Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou que a região é a vanguarda do trabalho decente. "Tanto o modelo do empresariado como o comprometimento das prefeituras são exemplos para o restante do País. O Grande ABC possui trabalhadores e empregadores conscientes, politizados, o que permitiu à região avançadas conquistas sociais."

O ministro esteve presente ontem no lançamento da Agenda Regional do Trabalho Decente, que marcou a criação de uma comissão tripartite - composta por representantes do poder público, sindicatos e empresários - para localizar os segmentos que ainda registram formas precárias de trabalho.

Lupi disse que vai pedir ao restante do País que siga o Grande ABC, já que a assinatura do termo de compromisso da comissão é modelo de interlocução, organização e diálogo. "Que seja regra para banir de vez o trabalho indecente no Brasil. Este é um passo muito importante para o avanço da sociedade."

A Diretora do Escritório da OIT (Organização Internacional do Trabalho) no Brasil, Laís Abramo, também elogiou a iniciativa, salientando que a região já possui a seu favor a estrutura tripartite do Consórcio.

Para o secretário do Desenvolvimento Econômico de Diadema, Luís Paulo Bresciani, a função da comissão vai além da fiscalização e punição. "A preocupação maior é estabelecer uma agenda que solucione e diminua as condições de trabalho precário", ressaltou.

O diretor-executivo do Consórcio, Fausto Cestari Filho, apontou que este é o início de um conceito apregoado pela OIT como nova maneira de conceber diferentes formas de trabalho. "A região é um local maduro para fazer diferencial. Aqui, os maiores problemas são informalidade, ausência de carteira assinada e segurança no trabalho, como a falta do uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual)", explicou Cestari.

O secretário do Desenvolvimento Econômico de Santo André avaliou que o MEI (Microempreendedor Individual), já é um primeiro passo no combate à informalidade.

O prefeito de Diadema, Mário Reali, ressaltou que embora a região seja um dos pólos industriais mais desenvolvidos do País, ainda existe o trabalho precário, principalmente nos setores de acabamento e pequenas montagens de plástico, borracha e metalmecânico. "Infelizmente é o preço que dita as condições de trabalho. Se o empresário não fornece pelo preço pedido, ele vai comprar da China ou da Índia, e acaba sobrando para o trabalhador."

Lupi acredita que até o fim do ano o saldo de vagas na região - com déficit de 13 mil postos desde outubro - estará positivo. "Os dados de novembro apontam recuperação da indústria automobilística; o mercado interno continua batendo recorde graças ao IPI reduzido, e o mercado internacional já começou a se recuperar."