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A hora dos rapinantes

A Medida Provisória que autoriza os bancos estatais a comprar bancos privados, sem concorrência, é boa ou má?

Por Carlos Brickmann
26/10/2008 | 00:00
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A Medida Provisória que autoriza os bancos estatais a comprar bancos privados, sem concorrência, é boa ou má?

Esse colunista não tem a menor idéia (aliás, não é o único, e tem a seu lado muita gente que conhece o mercado, conhece Economia e diz que não entende o que está acontecendo). O que este colunista sabe é que, sempre que a concorrência pública é dispensada, abre-se a porta para acontecimentos estranhos.

Um bom exemplo é o de bancos que há muitos anos foram liquidados e que, na opinião dos antigos proprietários, têm hoje créditos com o Tesouro. Estes créditos, a propósito, são contestados: conforme a maneira de fazer o cálculo, eles continuam devendo, e muito. Os antigos proprietários gostariam de ver o fim da intervenção e de receber o pagamento dos créditos a que julgam ter direito; o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, já disse que isso é inviável, que não será ele quem dará dinheiro público a banqueiros falidos, e ponto final.

O fato, entretanto, é que as famílias proprietárias desses bancos há muito liquidados são ricas, têm poder político, estão entranhadas em lugares que têm influência, consideram-se mais importantes que o cidadão comum e, por algumas centenas de milhões de dólares, podem tranquilamente ignorar quaisquer limites éticos. Sem concorrência, então, é papa fina.

Alerta, pois: se é preciso gastar nosso dinheiro para salvar o sistema bancário, vá lá. Mas dar ainda mais dinheiro para milionários incompetentes, não.

O VITORIOSO
Sem levar em conta os resultados de hoje, o grande vencedor das eleições foi o PMDB, com 1.195 prefeitos e 8.496 vereadores eleitos no dia 5 de outubro, contabilizando quase 12 milhões de votos. O segundo é o PSDB, com 5.912 vereadores; o PP fica em terceiro, com 5.134; o DEM em quarto, com 4.819; o PT é o quinto, com 4.170 vereadores.

OS CHORÕES
Até o início da crise econômica, iniciada nos Estados Unidos, os empresários reclamavam do baixo valor do dólar. Agora reclamam do contrário: da alta do dólar. Como costuma dizer o presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Abram Szajman, conhecedor dos humores do setor, "empresário é que nem gato: goza e mia".

ELOÁ, O TIRO E OS TIROS
Na discussão sobre o tiro que teria ou não sido dado logo antes da invasão pela Polícia do apartamento onde as meninas Eloá e Nayara eram reféns, está-se perdendo um ponto importante do caso: quaisquer que tenham sido os erros cometidos pela Polícia, não é lá que se deve procurar criminosos. Os policiais são os mocinhos, embora sua missão não tenha dado certo; o bandido, o criminoso, é Lindembergue, que matou Eloá e feriu Nayara. Pior: foi por medo desse tipo de discussão (e das consequências judiciais que dela adviriam) que os policiais não alvejaram o sequestrador quanto tiveram oportunidade. Se um atirador de elite o matasse (salvando a vida de Eloá, garantindo a integridade física de Nayara), haveria uma gritaria histérica dizendo que a Polícia prefere atirar a negociar.

DE HOTEL EM HOTEL
A Procuradoria da República em São Paulo comprou, para sua nova sede, o hotel cinco estrelas Crowne Plaza, pertinho da Avenida Paulista, uma das regiões mais nobres da cidade. Preço (da Secretaria de Patrimônio da União): pouco menos de R$ 42 milhões. Que seja uma boa compra, e que o prédio atenda às necesidades da Procuradoria. Que não seja, entretanto, como o caso Hilton. O Tribunal de Justiça de São Paulo alugou, por pouco mais de R$ 600 mil mensais, o prédio do Hilton, hotel cinco estrelas que por muitos anos foi o mais luxuoso da cidade. A reforma já terminou há um ano - e até agora o prédio não foi ocupado, embora os aluguéis estejam sendo pagos rigorosamente em dia. Por que? Não há explicações.

PENSE E VOTE
Poucas vezes houve campanhas eleitorais tão sujas, tão cheias de baixarias, tão carregadas de preconceitos. E isso ocorreu nas regiões economicamente mais desenvolvidas do país! Antes de votar, portanto, pense: quem autorizou cafajestadas, disseminou preconceitos, liberou agressões a eleitores e cabos eleitorais do adversário merece seu voto? Ou, no caso do "eu não sabia", quem não consegue controlar a própria campanha merece seu voto? Seu voto é uma procuração, uma declaração de confiança: deve ser dado a quem tenha condições de respeitá-lo. Procure evitar conflitos, escolha tranquilamente o candidato de sua confiança, rejeite o prazer de espezinhar os adversários vencidos. Bom voto!




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