Não faz muito tempo, o futuro do ex-governador Geraldo Alckmin estava garantido: candidato a governador de São Paulo pelo PSDB, nome essencial para que o hoje governador José Serra disputasse a Presidência - um nome tão essencial que ninguém iria traí-lo. Teria o apoio do DEM, de Serra, do PSDB, do PSB, de outros partidos; teria possivelmente o apoio do prefeito de São Paulo, já que o atual prefeito Gilberto Kassab é forte candidato à reeleição. Ao insistir em se candidatar à Prefeitura (e com apoio de políticos de fora de São Paulo, como o mineiro Aécio Neves e o cearense Tasso Jereissati), Alckmin rachou seu partido, perdeu o apoio do governador José Serra, dividiu a aliança DEM-PSDB e corre dois riscos, ambos capazes de encerrar sua carreira política:

1 - o de, candidato de um PSDB que ele mesmo rachou, perder as eleições;

2 - e, pior, o de perder a convenção de seu próprio partido, já que onze dos doze vereadores tucanos e líderes importantes, como o secretário Walter Feldman, querem a aliança. Serra não se manifesta, mas quer Kassab, não Alckmin.

A insistência de Alckmin em sair candidato-do-eu-sozinho está tendo, em São Paulo, o mesmo efeito da disputa Hillary x Obama no Partido Democrático americano: o vitorioso na sangrenta guerra interna conquista a legenda, mas não tem como unir o partido para as eleições. Ao querer tudo, Alckmin coloca tudo em risco. E corre o risco de perder até o que tinha garantido, a legenda para se candidatar ao governo de São Paulo.

DEFINIÇÃO

O premiadíssimo publicitário Neil Ferreira, tucano de carteirinha, radical adversário do petismo e do governo Lula, lembra que Geraldo Alckmin teve 40 milhões de votos na disputa pela Presidência. E toma posição: "Engrandecido na campanha presidencial, Geraldo Alckmin não tem o direito de encolher".

TERCEIRO TEMPO

Todo o esquema político montado pelo PSDB para voltar ao poder com Serra depende de um único fator: a manutenção das regras do jogo. Pela lei de hoje, o PT não tem nenhum nome capaz de enfrentar o governador paulista. Mas, como comprovou o tucano Fernando Henrique ao conseguir a reeleição, as regras podem ser mudadas. E não há tucano algum capaz de enfrentar Lula em 2010.

O MUNDO GIRA

Paulo Pereira da Silva, ou Paulinho da Força, deputado federal pelo PDT paulista, convidou Geraldo Alckmin e Marta Suplicy para o palanque do Dia do Trabalho, quinta-feira. Não convidou o governador José Serra nem o prefeito Kassab. O palanque costuma ser disputadíssimo, com apresentação de artistas famosos e sorteio de casas, automóveis e eletrodomésticos. Só que, entre o convite e a festa, veio a Operação Santa Tereza, investigação da Polícia Federal que envolve Paulinho. Como é que Marta e Alckmin farão para esquivar-se do convite?

E GIRA O MUNDO

Kassab, DEM, foi convidado para a festa de 1º de Maio da CUT, tradicionalmente aliada ao PT.

ENCHA O TANQUE

Está decidido: a gasolina vai subir. A justificativa oficial será o barril do petróleo, que pulou de US$ 30 quando o atual preço da gasolina foi fixado para mais de US$ 100, hoje. Mas espera-se, também, que a gasolina mais cara contribua para reduzir o trânsito (e a poluição) em São Paulo e outras metrópoles.

MALDADE PURA

O atual governador do Ceará, Cid Gomes, quando prefeito de Sobral, comprou para a cidade uma frota de carros de luxo. Agora, levou a sogra de jatinho para a Europa. Apelido que os maldosos lhe deram: "Vip" Gomes.

RECORDAR É VIVER

O ex-deputado federal Professor Luizinho e a ex-ministra Matilde Ribeiro são candidatos a vereador, pelo PT de Santo André.