O Papa João Paulo II apareceu neste domingo e pronunciou, com voz firme e clara, a tradicional missa de Angelus, diante de centenas de fiéis reunidos na Praça de San Pedro, e afirmou, por meio de um assessor, que continua à frente da Igreja.

Em sua primeira aparição pública depois de ter recebido alta na quinta-feira, após permanecer dez dias internado num hospital de Roma, o Papa, de 84 anos, que sofre do Mal de Parkinson, estava bem disposto na janela de seu apartamento no palácio apostólico.

Graças à temperatura amena e ao sol que brilhava sobre a cidade, João Paulo II pôde ir ao balcão de sua residência sem precisar fazer uso de proteção contra correntes de ar frio, como alguns pensavam.

"Queridos irmãos e irmãs", disse o Papa, que depois passou a palavra a um colaborador para a leitura da tradicional mensagem dominical, como é tradição há vários anos, desde que começou a apresentar problemas de locução.

Depois, com voz firme e clara, o Papa pronunciou em latim a bênção do Angelus, diante de centenas de fiéis de numerosos países, quem portavam cartazes e lenços.

As condições de saúde do Papa haviam se deteriorado devido a uma laringo-traqueíte aguda, motivo pelo qual teve que ser hospitalizado de urgência, no dia 1º de janeiro, no Hospital Policlínico Gemelli.

No domingo passado, sua dramática aparição na janela do hospital, durante a qual mal conseguiu falar e estava muito debilitado, suscitou preocupação entre os católicos de todo o mundo, que temiam que o Papa tivesse perdido completamente a faculdade de falar.

Em sua mensagem, lida pelo arcebispo argentino Leonardo Sandri, o Papa reiterou sua intenção de continuar guiando a Igreja e rejeitou indiretamente qualquer proposta para uma eventual renuncia por causa de sua saúde precária.

O Papa agradeceu os desejos de boa recuperação recebidos e afirmou: "ainda necessito de vossa ajuda para cumprir a missão que Jesus me confiou".

Depois de pronunciar a missa de Angelus, o Papa voltou a dar a palavra a seu colaborador, que, em nome do pontífice, fez um pedido pela libertação de todos os seqüestrados no Iraque e, em particular, da jornalista italiana Giuliana Sgrena, do jornal independente de esquerda Il Manifesto.

Ao contrário de outras ocasiões, o Papa não fez saudações em outras línguas, nem em polonês, mas voltou a se despedir de todos os presentes em italiano: "Bom domingo para todos e obrigado".

Para esta semana, todos os compromissos do pontífice foram cancelados, por conta da sua convalescença.