Na comparação entre este e o Censo de 1991, quatro cidades da região se mantiveram estáveis neste quesito. São Caetano e Rio Grande da Serra conseguiram melhorar a condição das crianças e São Bernardo teve uma piora no quadro da pobreza.
O levantamento do IBGE não considera o número de crianças por domicílio – ou seja, entre essas 51 mil crianças, há casos em que menos de R$ 400 servem para alimentar mais de uma delas.
No Brasil, 40% das crianças com até 6 anos vivem nessas condições, contra 18% na região. Embora a situação no Grande ABC seja melhor do que a média nacional, passada uma década, em cinco cidades não houve redução do problema. “O IBGE utiliza o limite de 6 anos porque acreditamos que esta fase inicial do desenvolvimento da criança requer estrutura sólida em termos de renda adequada do chefe de família e saneamento na moradia”, disse a técnica do Departamento de População e Indicadores Sociais do IBGE Bárbara Cobo.
Segundo o órgão, 14,3 mil crianças com até 6 anos de São Bernardo viviam, em 2000, em casa onde a renda máxima era de R$ 400. Em Santo André, eram 11,6 mil crianças; Mauá, 10,7 mil crianças; Diadema, 9,6 mil; Ribeirão Pires, 2,4 mil; e Rio Grande da Serra, 1,5 mil. São Caetano, com os menores números absolutos e percentuais, tinha 790 crianças.
Para a professora do Departamento de Geografia Urbana da USP Amália Inês Geraigef de Lemos, a desindustrialização da região na década de 90 pode explicar o alto nível de desemprego e a atual situação de pobreza. “A região sempre teve uma alta concentração de indústrias. Nas últimas décadas, muitas delas deixaram o ABC, dando lugar a novas indústrias e comércios que exigem maior especialização do funcionário”, disse Amélia.
Além disso, existe a migração de famílias de baixa renda que moravam nas periferias da capital e, para deixarem de pagar aluguel, ocuparam áreas de mananciais na região.
De acordo com a Fundação Seade, 19% da população economicamente ativa do Grande ABC estava desempregada no último mês de outubro – 246 mil pessoas.
Cesta básica – Pesquisa realizada pela Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André (Craisa) mostrou que o valor médio da cesta básica no Grande ABC na última semana de novembro era de R$ 232,38. Realizado em 32 supermercados da região, o levantamento inclui 34 produtos, baseado no consumo de uma família de quatro pessoas, por um período de 30 dias.
A desempregada de Rio Grande da Serra Márcia Maria dos Santos, 22 anos, tira, em média, R$ 250 por mês. Mesmo grávida de nove meses, Márcia sobrevive recolhendo sucata – o material é vendido, para o sustento da filha Tamires. Na última sexta-feira, segundo a desempregada, o pacote de arroz que restava estava pela metade. “Ainda tem de sobrar um pouco para dividir com meu marido. Eu levo para ele na cadeia”, disse Márcia. O pai de Tamires e da criança que está por nascer está detido na Cadeia Pública de Ribeirão desde o mês passado.
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