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Engraxate. Barbeiro. Cabeleireiro. 70 anos de estrada

O andreense Osvaldo Guazzelli tem uma história profissional iniciada em junho de 1950. E é tão querido que Memória recebeu duas crônicas escritas por seus clientes no salão de cabeleireiro que resiste, com todas as dificuldades impostas pela pandemia deste 2020

Por Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
19/06/2020 | 00:01
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“Apesar da mudança e da adoção de estilos mais modernos, quem é das antigas e ainda gosta de aparar a barba com navalha, além de encontrar uma boa conversa com esse descendente de italianos, vai poder manter a tradição por muito tempo, se depender da vontade do barbeiro.”

Andrea Catão Maziero, Diário, 24 de junho de 2002, ao entrevistar o nosso personagem de hoje.

Naquele junho de 2002, Osvaldinho Guazzelli estava deixando o salão de barbeiro que abrira 43 anos antes, em 1959, na Rua Regente Feijó, 202, mudando-se para a Rua José Bonifácio, 6, na mesma Vila Assunção. Contas feitas, ele está no novo endereço há 18 anos, significando que os planos revelados à repórter Andrea deram certo.

Mais importante são os 70 anos de vida profissional, contabilizados pelo amigo e cliente José Bueno Lima, o advogado cronista. Ou com outro freguês e igualmente amigo, Vanderlei Antonio Retondo. Os dois enviaram crônicas à Memória, felicitando Osvaldinho Guazzelli.

TRAJETÓRIA

Em 70 anos de atividades, Osvaldinho Guazzelli trabalhou em quatro endereços, conforme comentou com o Dr. Bueno Lima:

1 – Salão de João Callejon e João Rossini, na Rua José Bonifácio, num prédio na esquina com a Avenida Dr. Erasmo, pertencente à família Poianas.

2 – Antigo Largo da Ipiranguinha, a Praça Adhemar de Barros.

3 – Salão montado na casa em que nasceu: Rua Regente Feijó.

4 – A mudança para o atual endereço, onde começou.

O ENGRAXATE

Para Vanderlei Retondo, Osvaldinho contou que começou como engraxate.

1 – Aos 10 anos de idade, com sua caixinha de engraxate, atuava no Bar da Saudade, que ficava na esquina da Rua Guilherme Marconi com a Rua Joaquim Távora, na Vila Assunção. 

2 – Após ter seu trabalho reconhecido, foi convidado para trabalhar, ainda como engraxate, no salão de barbeiro do Sr. João Calejão (ou Callejon, como escreve Dr. Bueno), na Avenida dos Andradas, ao lado da ‘Pharmacia Assunpção’ (era assim mesmo que se escrevia na época).

3 – Faz o curso de barbeiro na Wella Cosméticos, em São Paulo, e troca a caixa de engraxate pela tesoura. 

OSVALDO GUAZZELLI

23-11-1940 – O nascimento em Santo André, na Vila Assunção, filho de Benigno Guazzelli e Rosa Bechelli Guazzelli.

FAMÍLIA – O casamento com Darcy De Laura, pais de Daniella e Mirella. Osvaldinho e Darcy são avós de um casal.

CLIENTES – A maioria dos prefeitos, muitos vereadores.

FRASE – “Faço o que amo e enquanto Deus me der saúde vou continuar.”

DATA REFERENCIAL – 20 de junho de 1950. Portanto, amanhã é dia de dar um abraço no Osvaldinho Guazzelli, com os devidos cuidados exigidos nos dias atuais.

NA CRÔNICA

“A maioria de sua clientela só cortava a barba, o que lhe exigia ficar até altas horas de todas as noites afiando as navalhas para o dia seguinte. E faziam questão que ele ‘escanhoasse’ (palavra que, até hoje, ele gosta!)</CF> no corte, para a face ficar ‘lisinha’”.

Cf. José Bueno Lima

“Pioneirismo era seu lema, seu salão foi o primeiro da cidade a possuir lavatório próprio para lavagem de cabelos, o que lhe gerou grandes dores de cabeça até o aculturamento de parte de sua clientela que não via com bons olhos aquele tipo de serviço, considerando-o coisa de mulher.”

Cf. Vanderlei Antonio Retondo.

Diário há meio século

Sexta-feira, 19 de junho de 1970; ano 12; edição 1263

Manchete – Um Brasil otimista espera pela grande final

No noticiário, a Copa do Mundo no México roubava a cena, meio século atrás.

Ensino – Professor Wanderley Nogueira da Silva: a posse na direção da Faculdade de Medicina do ABC.

Em 19 de junho de...

1920 – Do correspondente do Estadão na região: a despeito dos boatos, podemos garantir ser ótimo o estado sanitário do município de São Bernardo (área hoje distribuída entre as sete cidades do Grande ABC).

Devem seguir por estes dias para a Europa, em viagem de recreio, Luiz Martinelli e André Magini, negociantes estabelecidos em Santo André – com descendentes na região até hoje.

1960 – Martini & Rossi S/A anuncia o novo número do seu telefone na fábrica de São Bernardo: 42-71-11.

Nota – Também a famosa fábrica de bebidas não resistiu aos tempos de desindustrialização, encerrando atividades em Rudge Ramos, entre a Avenida Caminho do Mar e a Via Anchieta.

Memória guarda um pedacinho da história da Martini & Rossi, em forma de fotos originais recebidas há anos de um dos seus diretores.

Santos do dia

- Juliana Falconieri

- Romualdo

- Gervásio e Protásio

Município brasileiro

- Aniversário de Ribeirão Preto. Elevado a município em 1871, quando se separa de São Simão.




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