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Coronavírus derruba comércio para Páscoa

Redução de até 70% nos pedidos e aumento da inadimplência marcam feriado deste ano

Por Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
09/04/2020 | 00:01
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Banco de Dados


Com o crescimento do número de casos positivos do novo coronavírus, vendedores e chocolateiros da região viram o número de pedidos reduzir até 70% para esta Páscoa em relação à data no ano passado. Na outra ponta, fabricante de embalagens temáticas para o feriado relatam que a inadimplência atingiu 70%. Ainda na incerteza de quanto tempo a doença pode impactar nos negócios, as empresas não estimam prejuízos no longo prazo.

Ainda que a demanda tenha ficado acima do esperado, as encomendas caíram aproximadamente 70% para a chocolatier Kátia Oliveira, de São Caetano, 43 anos, há 19 no ramo. Trabalhando com entregas programadas – gratuitas no raio de cinco quilômetros e a partir de R$ 5 para endereços mais distantes –, ela recebeu 40 pedidos até ontem. “Tenho alunos que tiveram até 25 pedidos cancelados e outros chegaram a vender (barras de) chocolate porque não tinha como produzir e entregar.”

“Neste ano, nem ia fazer (produtos para) Páscoa, mas tive que me reinávamos porque dou aulas (em centros gastronômicos), porém, elas foram suspensão desde março e só devem voltar em junho. Com isso, fiquei sem renda”, disse Kátia. Ela conseguiu impulsionar as vendas depois de fazer transmissão ao vivo sobre chocolate e entrar em grupos para divulgar o trabalho nas redes sociais.

Franqueada da Brasil Cacau em Santo André há dez anos, Heloisa Guidetti disse que a estimativa de vendas para o feriado caiu 70%. “Estamos fazendo delivery e anunciando nas redes sociais para tentar reduzir os prejuízos ao máximo.”

No longo prazo, a comerciante não sabe como as contas vão fechar. “A princípio, a quarentena reduziu o faturamento a zero e, depois que este período terminar, não conseguimos prever como será, pois o desemprego e a queda do poder aquisitivo da população certamente afetarão o faturamento”, apontou.

Na Cromus Soluções, que produz e comercializa embalagens temáticas, em Mauá, sete a cada dez clientes entraram em contato para postergar o pagamento das compras. “Não chamamos de inadimplência porque eles renegociaram prazos (para pagamento), pois todo mundo está esperando esta época (de coronavírus) passar”, afirmou Eduardo Cincinato, presidente da empresa. 

Há pelo menos três meses a fábrica já estava entregando os produtos aos compradores, portanto, o volume de pedidos não foi afetado, apenas as contas a receber. “Normalmente, cerca de 10% atrasam o pagamento, mas menos de 2% se tornam, de fato, inadimplentes”, relatou Cincinato.

A equipe de reportagem do Diário questionou a Cacau Show, a Brasil Cacau e a Kopenhagen, contudo, nenhuma projeta como as vendas para a Páscoa devem se comportar neste ano. As marcas disponibilizam compras pelo site e fazem promoções para a data.

ALTERNATIVA -- Visando contribuir com os lojistas chocolateiros, centros de compras da região iniciam drive-thru hoje, onde os clientes podem retirar e pagar pedidos feitos previamente diretamente com as marcas. Participam os shoppings ABC e Atrium (até domingo), em Santo André, e o Golden Square (até domingo), em São Bernardo.

Campanha incentiva a troca de chocolate em 14 de junho

Com o objetivo de reduzir os prejuízos do setor, sobretudo dos pequenos fabricantes, campanha nacional está pedindo que a troca de chocolates em família, típica da Páscoa, ocorra apenas em 14 de junho. A ação é divulgada por meio da #pascoaatejunho e não visa substituir a celebração religiosa.

“As pequenas fábricas ou chocolateiros terão mais tempo para girar a produção. Tem casos em que a pessoa investiu todo seu capital em 100 quilos de chocolate e tem o problema sério de precisar repor o valor para pagar as contas”, exemplificou Eduardo Cincinato, presidente da Cromus Soluções, que apoia a iniciativa. “A ideia é esperar este momento (de quarentena para prevenção da propagação do novo coronavírus) passar e comemorar em família.”

Kátia Oliveira, 43 anos, cocolatier de São Caetano, é a favor e incentiva o movimento. “Estou orientando meus alunos para que, quando alguém ligar querendo cancelar um pedido, tentar adiar para junho para não perderem o que insvestiram”, disse. Para fortalecer a ideia, o setor pede para que mercados e lojas mantenham os produtos em estoque.




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