Política Titulo São Bernardo
Caso Mário de Abreu levou até Marcelo Lima

Operação que gerou decreto de prisão em S.Bernardo encontrou rastros de corrupção do vice

Júnior Carvalho
Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
19/03/2020 | 00:01
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DGABC


A suspeita de que o vice-prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima (PSD), recebeu pagamento mensal de propina de R$ 150 mil para supostamente beneficiar empresa na exploração dos serviços de coleta de lixo na cidade surgiu dos desdobramentos da Operação Barbatanas, que desbaratou esquema de vendas de licenças ambientais no governo do prefeito Orlando Morando (PSDB).

O Diário revelou com exclusividade ontem que Marcelo Lima é alvo de investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, por supostamente agir para favorecer a firma Emparsanco, com sede em São Bernardo, em licitação dos serviços de coleta de lixo no município. Além de vice-prefeito, Marcelo Lima também é secretário de Serviços Urbanos.

O nome do número dois do Paço são-bernardense apareceu a partir de resultados de interceptações telefônicas e quebra de sigilo telemático (trocas de mensagens por meio de aplicativos, por exemplo) dos envolvidos na Operação Barbatanas. Deflagrada em 2017 pelo Gaeco, a ação culminou com decreto de prisão do então secretário municipal de Gestão Ambiental, o vereador afastado Mário de Abreu, ex-tucano e ex-advogado de Morando – Abreu é acusado de cobrar propina para liberação de multas e venda de licenças ambientais. O caso estremeceu o governo Morando logo nos primeiros meses de mandato.

A apuração envolvendo Marcelo Lima dá conta de que a administração tucana pressionou para revogar a PPP (Parceria Público-Privada) do lixo, cujos serviços eram prestados pelo Consórcio SBC Valorização de Resíduos, e colocar na rua certame para a concessão dos serviços. A disputa, contudo, seria direcionada para a Emparsanco. O nome do vice-prefeito é citado, por exemplo, em conversa de empresário com Sérgio de Sousa Lima, ex-diretor de licenciamento da pasta gerida por Mário de Abreu. “Você pode ver o Marcelo Lima com a secretaria na mão, está fazendo rodar lá. Estou sabendo que só da Emparsanco é 150 conto (mil reais) por mês.”

Na peça, que tramita em segredo de Justiça, os promotores citam que as interceptações telefônicas “trouxeram a identificação de diversos outros fatos, cujos indícios de crime são fortíssimos, merecendo-se a busca e apreensão também para este fim”, diz trecho do documento, assinado pelos promotores Bruno Servello Ribeiro e Cintia Marangoni.

Nem a Emparsanco nem Marcelo Lima se manifestaram. O governo Morando alega que não foi notificado. 




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