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S.Caetano é o município mais seguro para jovens no País

Cidade lidera ranking que leva em conta escolaridade, taxa de mortalidade e empregabilidade

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
12/12/2017 | 07:00
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 São Caetano é a cidade mais segura para jovens – com idade entre 15 e 29 anos, conforme o Estatuto da Juventude (Lei 12.852/13) – em todo o País. Isso é o que aponta a quinta edição do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, divulgado ontem pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em parceria com a Secretaria Nacional de Juventude e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O indicador classifica 304 municípios com mais de 100 mil habitantes a partir da análise das condições de vida da população jovem em diferentes segmentos, como exposição à violência, seja ela no trânsito ou por homicídio; permanência na escola e escolaridade; forma de inserção no mercado de trabalho e contexto socioeconômico. A edição de 2017 tem como referência os dados de 2015.

O índice divulgado ontem reforça a constatação de que as taxas de homicídios de jovens no País não para de crescer desde a década de 1980, tendo atingido números endêmicos em 2015. A partir da metodologia empregada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o documento classifica as unidades da federação conforme a vulnerabilidade dos jovens à violência, dividida em cinco grupos.

Assim como São Caetano, Santo André e São Bernardo integram o grupo 1, que indica baixa vulnerabilidade (índice até 0,300). Em todo o País, 81 municípios estão nesta lista, sendo o segundo colocado Itatiba (nota 0,201), e, Indaiatuba (taxa 0,203), o terceiro, ambas cidades no Interior do Estado.

Já Mauá e Ribeirão Pires aparecem no grupo 2, com média-baixa vulnerabilidade juvenil à violência, ao lado de outras 67 cidades. Apenas Diadema aparece no grupo 3, classificado como de média vulnerabilidade, junto de outros 94 municípios (veja mais na tabela acima). Rio Grande da Serra não aparece no levantamento, já que possui menos de 100 mil habitantes (tem 48.076 mil).

Em contrapartida, a cidade mais perigosa para jovens do País é Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. A segunda posição ficou com Altamira, no Pará, e São José de Ribamar, no Maranhão, aparece no terceiro lugar do ranking nacional – todas presentes no grupo 5, consideradas de muito alta vulnerabilidade.

O secretário nacional de Juventude, Francisco de Assis Costa Filho, destaca que o diagnóstico dos problemas que afetam a população é importante para a criação de políticas públicas. “O Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência tem esse objetivo – apresentar números e dados da violência contra a juventude, especialmente a juventude negra, para aperfeiçoamento da formulação de ações que levem em conta a realidade desses jovens.”

Os números comprovam o que o Atlas da Violência 2017 revelou, em junho. O documento, elaborado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo mesmo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, considerou homicídios e mortes violentas do período de uma década, entre 2005 e 2015. Entre as sete cidades, São Caetano já aparecia com o melhor índice (12 pontos), ficando em 34º lugar no ranking nacional que considera os municípios com mais de 100 mil habitantes. Em contrapartida, a taxa – que junta homicídios e mortes violentas com causa indeterminada – em território diademense é de 22,8 para cada 100 mil habitantes, a maior da região.

Especialistas destacam que, apesar do cenário melhor em relação ao restante do País, os índices da região pedem urgência na criação de políticas públicas. Segundo eles, a falta de serviços públicos leva à violência.

 

Risco de negras serem mortas é duas vezes maior que o de brancas

Os dados do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, divulgados ontem, reforçam a constatação de que são os jovens de 15 a 29 anos, negros, moradores das periferias e das áreas metropolitanas dos grandes centros urbanos as maiores vítimas da violência. Com base na análise das ocorrências de 2015, os pesquisadores da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), Secretaria Nacional de Juventude e Fórum Brasileiro de Segurança Pública também concluíram que, em 26 das 27 unidades da federação, a taxa de homicídios é maior entre as mulheres negras nesta faixa etária do que entre as mulheres brancas.

Nacionalmente, o risco de uma jovem negra ser vítima de homicídio é 2,19 vezes maior do que o de uma jovem branca. Desmembrando os dados, os pesquisadores identificaram que, no Rio Grande do Norte, o risco de assassinato para as negras desta faixa etária é 8,11 vezes maior que o de uma jovem branca.

Os pesquisadores também calcularam que, em 24 das 27 unidades da federação, as chances de um jovem negro morrer assassinado é maior que a de um jovem branco. As exceções são o Paraná, onde a taxa de mortalidade de jovens brancos é superior à de jovens negros; Tocantins, onde o risco é bastante próximo, e Roraima, que não registrou nenhuma morte de jovem branco no período analisado, o que impediu comparações.

(da ABr)




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