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Casos de roubo a banco têm alta de 62,5% no Grande ABC

Sto.André e Mauá lideram ranking negativo
de registros entre janeiro e novembro de 2016

Por Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
27/12/2016 | 07:07
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Celso Luiz/DGABC


Os roubos a banco subiram 62,5% no Grande ABC entre janeiro e novembro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2015 (13 e oito casos, respectivamente), segundo dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado. O aumento foi puxado por Santo André e Mauá, cada uma com cinco registros neste ano. O número está na contramão do Estado, onde houve redução de 17,45%, com 123 ocorrências em 2016, contra 149 no ano passado.

Comparado com o mesmo período de 2015, Mauá passou de nenhum registro para cinco, enquanto Santo André contabilizou dois casos a mais. São Caetano e Rio Grande da Serra foram as únicas cidades onde não houve casos nos quais os criminosos conseguiram levar qualquer quantia (veja mais detalhes ao lado).

De acordo com o professor de Direito e especialista em segurança da Universidade Presbiteriana Mackenzie Alexis Couto, um dos problemas para baixar os registros é que esse tipo de crime é de difícil prevenção. “O patrulhamento da Polícia Militar tem que abranger todas as vias públicas da cidade, o que é impossível. Então, esse combate é mais com a Polícia Civil, na parte de investigação. É preciso rastrear as quadrilhas e coibir que tenham acesso aos meios que utilizam, como dinamite.”

Para o delegado seccional de Santo André, também responsável por Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Hélio Bressan, a polícia tem acompanhado o aumento desse tipo de crime. “Estamos fazendo uma investigação. São quadrilhas que têm praticado esse delito com certa frequência, mas não é um roubo comum”, afirmou.

No início deste mês, a delegacia prendeu oito pessoas, sendo um morador de Mauá, e apreendeu pelo menos 30 armas e 10 mil projéteis, após oito meses de investigação. A maior parte do arsenal estava em uma fábrica clandestina no bairro Aricanduva, na Capital. Tudo era comercializado com quadrilhas especializadas em roubos de empresas de valores, bancos e cargas.

Questionada sobre as ações contra esse tipo de crime, a PM informou que intensifica o policiamento nos locais e horários de maior incidência. “Além disso, em conjunto com a Polícia Civil, tem investido em trabalho de inteligência, atuando na prevenção e também para tentar desmantelar quadrilhas já identificadas.”

A SSP informou ter participado, junto com representantes de bancos e do governo federal, de discussão sobre ações de combate a esse tipo de crime. “Entre as medidas, está a decisão do Exército em obrigar as empresas a terem escolta privada para evitar o extravio de dinamite e o mapeamento georreferenciado dos caixas eletrônicos para dar mais eficiência ao policiamento.”

A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) afirmou que os bancos investiram R$ 9 bilhões em segurança em 2015, o triplo do gasto dez anos atrás. A entidade aposta na cooperação com as autoridades encarregadas da Segurança pública para combater esse tipo de crime, que tem causado preocupação, sobretudo quando há uso de explosivos.

MODUS OPERANDI
A ousadia dos criminosos durante os casos de roubo a banco chama a atenção. O principal tipo de ocorrência, os ataques a caixas eletrônicos, ocorre geralmente durante a madrugada e sob forte esquema, que envolve desde armamento pesado e explosivos até planejamento para atrasar a atuação policial.

Exemplo pôde ser observado no início do mês em Diadema, quando criminosos explodiram caixa eletrônico do Banco do Brasil no bairro Serraria. Para isso, a quadrilha, com pelo menos 15 integrantes, estacionou quatro ônibus atravessados pela Avenida Lico Maia. A SSP afirmou que o caso está sendo investigado pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).

Moradores próximos a empresa de valores mudam a rotina

O bairro Campestre, em Santo André, se transformou em cenário de guerra em agosto devido a tentativa de assalto à empresa de transporte de valores Protege. Cerca de 20 homens munidos de armamento pesado bloquearam vias, deixaram um vigia ferido e veículos incendiados. Depois do trauma, moradores do entorno mudaram a rotina e afirmam que não se sentem seguros.

O engenheiro civil Fábio Carlini, 41 anos, vive em prédio que fica em frente à empresa. O condomínio ainda carrega marcas da madrugada violenta. Os criminosos dispararam tiros na parede e no portão do local. “Desde que aconteceu o crime, nunca entro direto em casa. Sempre dou uma volta na quarteirão antes. Infelizmente, a gente se sente vulnerável”, contou.

Segundo Carlini, que reside no mesmo local há cinco anos, a Polícia Militar faz rondas diárias, porém a insegurança continua. “Consegui acompanhar toda a ação dos bandidos pela janela. Eles tinham vigias em cada lado da rua e um armamento de guerra. Eram pessoas preparadas para fazer esse assalto”, disse.

A dona de casa Cléo Carvalho, 33, afirmou que toda a comunidade está mais cautelosa. “A gente anda pela rua com mais medo e sempre olhando ao redor”, disse.

Questionada, a PM informou que reforçou o policiamento no entorno do local, além de alterar estratégias de prevenção e atuação em casos dessa natureza. Oito envolvidos no crime foram presos.  




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