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Veículos são vilões da poluição
Por Victor Hugo Storti
Especial para o Diário
17/12/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Apesar de o Grande ABC ser densamente industrializado, o transporte rodoviário (veículos de modo geral) é o que responde pelo maior índice de emissão de gases de efeito estufa nas sete cidades, com 60%, conforme dados divulgados na manhã de ontem pelo ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade e encomendados pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

Segundo o estudo do organismo, responsável pelo auxílio dos governos no desenvolvimento de ações sustentáveis, São Bernardo está à frente no quesito e é responsável pela emissão de 35% de CO2 (dióxido de carbono), com praticamente 2 milhões de toneladas lançadas ao ar ao ano. O vice-líder em poluição por veículos é Santo André, com 28%, ou 1,7 milhão de tonelada/ano.

O Grande ABC tem uma das maiores frotas de veículos do País – 1,2 milhão. Os caminhões leves são os principais responsáveis pela poluição, despejam 1,6 milhão de tonelada/ano de CO2. Isso porque eles estão três vezes mais presentes nas vias da região do que os caminhões pesados, responsáveis por produzir 1,5 milhão de tonelada/ano de CO2, sendo 142.452 contra 48.508, respectivamente. Já os automóveis, com frota estimada em 1.098 milhão, liberam, por ano, 1 milhão de tonelada de CO2.

Conforme os especialistas, o fato de os caminhões serem os maiores vilões se dá pelo uso de óleo diesel, combustível mais poluente do que gasolina e etanol.

INDÚSTRIAS

O relatório pontua ainda que a segunda maior fonte de emissão de CO2 são as chamadas fontes de energia estacionária, ou seja, indústrias, residências e comércios. Nesse quesito, a cidade campeã é Santo André, com a emissão de 38% de CO2, com aproximadamente 1 milhão de toneladas/ano. A segunda é São Bernardo, com 27%, ou 742 mil toneladas/ano.

Ao segmentar esses dados de acordo com o subsetor, as indústrias são as maiores responsáveis pela emissão de CO2 na região, no que diz respeito a fontes estacionárias, com 65% do total, ou cerca de 1,7 milhão de tonelada. As residências estão na segunda colocação no ranking deste setor e representam 21% das emissões, ou 577 mil toneladas por ano.

De acordo com o estudo, as altas taxas de industrialização em diversos setores, como o automotivo e a manufatura, contribuem para que a rede elétrica tenha o maior volume de emissões por fonte, com 45%. Outro ponto importante é que, diferentemente de outras regiões industrializadas, o Grande ABC tem consumo de gás natural significativo, o que coloca a fonte de energia na segunda colocação, com 38%.

Para o coordenador do Grupo Temático de Meio Ambiente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, João Ricardo Caetano, a importância do estudo é justamente conhecer a origem das emissões dos gases de efeito estufa. “O inventário permite que a região conheça suas próprias emissões. Assim podemos traçar políticas públicas de redução dessas emissões.”

Alterações climáticas são principal impacto

Os impactos ambientais, principalmente na figura das mudanças climáticas, são os principais problemas da poluição. De acordo com o gerente de mudanças climáticas do Iniciativas Ambientais Locais, Igor Albuquerque, os impactos ambientais ainda não podem ser destacados a curto prazo. “Hoje, é difícil conseguir relacionar problema direto, já que é necessário tempo de 30 anos para comprovar, o que é muito para analisar um comportamento climático na região”, afirmou.

No entanto, o especialista alerta para o fato de algumas anormalidades já serem observadas, como a ação das consequências climáticas, as altas temperaturas no verão. “Essas emissões vão ter impactos em longo prazo. O planeta todo está aumentando as emissões e isso está criando anormalidade climática que vai ter outros resultados, como o aumento da temperatura e deslizamentos de terra”.

O inventário, realizado pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC utiliza dados de 2014 obtidos junto a diversos órgãos. O estudo foi concluído em seis meses e o plano para mitigação dos problemas será divulgado posteriormente pelo órgão regional.




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