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Auricchio garante reforma administrativa
Por Juliana de Sordi Gattone
Do Diário do Grande ABC
10/12/2007 | 07:33
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Após admitir que concorrerá à reeleição no próximo ano, o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB), decidiu falar sobre presente, passado e futuro.

Ele já começa a dar pistas do que será o programa de governo. Cinco áreas terão prioridade. Além de Educação e Sáude – carros-chefe da primeira gestão –, Auricchio pretende ainda investir no Trânsito (avaliado como um dos principais problemas), Habitação e Desenvolvimento Econômico. <EM>Outra questão é enxugar a máquina administrativa. E uma das maneiras encontradas pelo prefeito é fundir diretorias que tenham semelhanças, como Administração e Planejamento.

Embora admita a disputa nas urnas – e tenha certeza de ter em torno de si um grupo coeso –, Auricchio é reticente ao falar sobre a escolha do vice. Para ele, todos os nomes colocados têm qualidades, mas ainda faltam debates com o grupo político.

Diz manter conversas esporádicas com a família Tortorello, mas nega que o conteúdo seja eleição. Nega também que as obras na cidade tenham o intuito de ‘apagar’ a marca deixada pelo prefeito Luiz Tortorello (morto em 2004).

Comenta denúncias que afetaram seu primeiro mandato, como o Pacote Estético – onde supostamente a Prefeitura concedia cirurgi-as plásticas estéticas pagas com dinheiro do SUS – e, recentemente, as acusações do empresário Antônio José Cressoni, sobre suposto esquema de irregularidades em licitações iniciada nas gestões Tortorello, que seria utilizado para a formação de um ‘Fundo de Reserva’.

Para o prefeito, a mudança de foco do empresário – que primeiro acusou Tortorello só para depois incluí-lo na história – tem relação direta com a questão da disputa eleitoral.

Ele rejeita qualquer laço de amizade com Cressoni, e sobre as viagens em comum diz não passarem de coincidência. Sobre sua presença em festas da família de Cressoni, diz ter participado de mais de uma centena de aniversários, casamentos e funerais entre 2003 e 2004. “Político que não vai nesses três tipos de evento não faz política”, garante.

Quanto ao Pacote Estético, afirma que as evidências foram grosseiramente adulteradas. “O Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado já arquivaram os processos. Agora, só falta a Polícia Civil.”

Por isso, Auricchio crê que seus adversários políticos não terão como utilizar as denúncias contra ele durante a campanha eleitoral do próximo ano.

DIÁRIO – Quais as áreas que terão maior fatia do orçamento em 2008?
AURICCHIO – Educação e Saúde.

DIÁRIO – Apostar mais na área social em ano eleitoral é estratégia?
AURICCHIO – Tenho um sonho desde que cheguei na Prefeitura: colocar duas questões básicas que não pudemos antecipar. Precisava reconquistar capacidade de investimento. Em 2005, foram R$ 270 milhões de arrecadação e estamos orçando para o próximo ano R$ 669 milhões. Readquirimos a capacidade de investimento.

DIÁRIO – Como foi reconquistada a capacidade de investir?
AURICCHIO – Conseguimos deixar a folha em 36%. Ela chegou a beirar 42% do orçamento. Contratamos somente 1.000 funcionários: 600 para Educação e 400 para a Saúde. Mais nada. Diminuímos cargos em comissão. Adotamos o pregão eletrônico, que tem trazido economia importante. Por fim, a entrada de empresas ligadas à tecnologia de informação aumentaram a arrecadação de impostos.

DIÁRIO – E a questão da terceirização de funcionários?
AURICCHIO – Hoje, são 5.000 servidores, destes 700 da Transbraçal.

DIÁRIO – Por que mantê-los?
AURICCHIO – São funções de apoio de grande rotatividade, como motorista, pedreiro, varredores. Nessas áreas, um funcionário de carreira teria uma perda de produção ao longo dos anos. Na terceirização, há renovação automática.

DIÁRIO – Mas nem o sindicato sabe o número de servidores?
AURICCHIO – Vamos ter oportunidade de contá-los, porque adotaremos o plano de saúde.

DIÁRIO – O plano médico veio para sanar problema deixado pela extinção do Ipasm?
AURICCHIO – Sim. Mas todos os funcionários receberão: ativos, inativos, dependentes, aposentados e pensionistas, que somam 13 mil pessoas.

DIÁRIO – O que o sr. mudará na administração se for reeleito?
AURICCHIO – Tenho reforma administrativa que está em curso. A essência seria enxugar a máquina do ponto de vista do primeiro escalão.

DIÁRIO – Então, vai diminuir diretorias?
AURICCHIO – Sim. Tem muitas que podem se fundir.

DIÁRIO – Quais, por exemplo?
AURICCHIO – Deixa para o futuro (risos). Acho que Administração e Planejamento têm de correr juntos. Transporte e Trânsito têm de ser fundido em Mobilidade Urbana. Essas estão evidentes.

DIÁRIO – Qual o grande projeto para a reeleição?
AURICCHIO – Cinco questões muito importantes. A gente vai manter Educação e Saúde como primordial. Temos de ver a questão da Habitação, do Trânsito, e dar suporte econômico para a cidade continuar se desenvolvendo.

DIÁRIO – Há comentários de que as suas obras teriam a intenção de retirar a marca deixada por Tortorello. Isso é verdadeiro?
AURICCHIO – Não concordo com isso. Tinha de trilhar um caminho. A questão da marca própria é muito confortável, muito bom, muito personalista, mas eu teria de abrir mão de modernizar a cidade. Optei por deixar a minha administração correr em cima da Saúde. Tenho certeza que essa é minha marca. Investir no combate às enchentes também. Talvez não fique em cima da terra, mas é uma marca.

DIÁRIO – Como está a relação com a família Tortorello?
AURICCHIO – Amena. Tenho respeito por eles.

DIÁRIO – O sr. tem adversários para as eleições?
AURICCHIO – Lógico.

DIÁRIO – Quem são?
AURICCHIO – O cenário está indefinido.

DIÁRIO – Acha que o adversário está dentro do grupo?
AURICCHIO – Não.

DIÁRIO – O sr. acha que o grupo está coeso?
AURICCHIO – Está. Não acho, afirmo.

DIÁRIO – Não sai surpresa?
AURICCHIO – Coeso não significa que não haja atritos.

DIÁRIO – Mas há consenso em torno da reeleição?
AURICCHIO – Tenho convicção.

DIÁRIO – Quem será seu vice?
AURICCHIO – Não tenho nem idéia.

DIÁRIO – Esse é o principal problema?
AURICCHIO – Acho que é legítimo que se tenha pretensões dentro do grupo. Todos têm grande valor.

DIÁRIO – Quem são?
AURICCHIO – O único oficial é o atual vice, Walter Figueira.

DIÁRIO – O sr. já procurou a família Tortorello para falar de eleição?
AURICCHIO – Não tenho procurado, mas mantenho conversas esporádicas com o ex-deputado Marquinho Tortorello.

DIÁRIO – Por falar em família Tortorello, recentemente denúncias atingiram a antiga gestão. Depois, respingaram na atual administração. Qual avaliação que o sr. faz do caso?
AURICCHIO – Acho que é de um indíviduo (Cressoni) que tem descontentamento com o quadro do passado. E que estabeleceu um golpe de denúncias de irregularidade que tinham claramente um foco e, com o passar dos meses, houve perda dele, desencadeando uma sucessão de mentiras a meu respeito, tentando me trazer para o centro dessa questão.

DIÁRIO – Que tipo de motivação provocaria isso?
AURICCHIO – Deve estar correlacionado, senão unicamente relacionado, com o processo eleitoral.

DIÁRIO – O sr. foi procurado por Cressoni após a denúncia?
AURICCHIO – Não. Antes ele tinha demandas com a Prefeitura.

DIÁRIO – Ele alega ter laços de amizade com o sr.
AURICCHIO – Já fui jantar na casa de várias pessoas sem ser amigo delas. Esse indivíduo nunca foi na minha casa. E nem sei onde ele mora.

DIÁRIO – Ele alega que o sr. foi no casamento do filho dele.
AURICCHIO – Não me lembro. Acho que fui no aniversário da filha dele. Como fui, de 2003 até 2004, em uma centena de aniversários, casamentos e, infelizmente de velórios. Político que não vai nesses três tipos de evento não faz política.

DIÁRIO – Cressoni alega que as viagens eram fechadas por uma das filhas de Tortorello.
AURICCHIO – Uma filha dele tinha uma agência de viagem. Obviamente que São Caetano é uma cidade pequena e se tem uma agência de viagem que vende você encontra 30, 40, 50 pessoas da cidade.

DIÁRIO – Cressoni cita três obras no seu mandato que estariam irregulares.
AURICCHIO – Precisa provar. Existem quatro frentes de investigação: administrativa, no TCE, no MP e na Polícia Civil. Ao término, vamos concluir o que há e o que não há. Qualquer coisa antes disso é especulativa. Não estou eximindo ninguém de responsabilidade.

DIÁRIO – Outros dois episódios marcaram a primeira gestão: a Máfia do Óbito e o Pacote Estético. Como estão essas questões?
AURICCHIO – Da primeira não tenho informação por que não recaiu sobre a Prefeitura. Já o Pacote Estético talvez tenha sido a mais grotesca das tentativas de denegrir a imagem da administração, pela grosseria dos documentos falsificados. Até vale investigação, mas não tem nada que posso falar sobre isso.

DIÁRIO – E como estão as investigações?
AURICCHIO – O MP e o TCE já arquivaram. O MP não tenho certeza. Falta ainda a Polícia Civil.

DIÁRIO – Acha que os adversários usarão essas denúncias na sua reeleição?
AURICCHIO – Ainda que houvesse, onde isso implicaria na inegibilidade? É desconhecer princípios básicos da lei eleitoral. Só está implícito em quem já tem transitado em julgado uma ação de improbidade.



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