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Camelôs lucram até R$ 3 mil com venda ilegal de passes
Por Tatiane Moreno
Especial para o Diário do Grande ABC
12/12/2004 | 12:07
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Na manhã de sábado, camelôs que vendem passes gratuitos ilegalmente em Diadema e responsáveis pela ETCD (Empresa de Transporte Coletivo de Diadema) se reuniram na Câmara dos Vereadores da cidade para discutir alternativas de renda para os vendedores ambulantes. Segundo o diretor presidente da empresa, Airton Germano, foi “uma conversa tranqüila e muito proveitosa”.

Germano informou ao Diário que os camelôs se comprometeram a suspender a venda ilegal de passes até quarta-feira, quando será realizada uma nova reunião. “Eles (os ambulantes) reconheceram a ilegalidade do ato e ficaram de formar uma comissão para facilitar a negociação.”

Mas, o Diário apurou que a conversa conciliadora não deve espelhar a realidade dos próximos dias. Os camelôs afirmaram ao Diário logo após a reunião que os diversos tipos de passes continuarão sendo vendidos, inclusive os bilhetes do projeto bolsa-transporte, que são distribuídos gratuitamente pela Prefeitura de Diadema para idosos, deficientes físicos, desempregados e estudantes. Esses vales são comercializados pelos ambulantes por R$ 1.

“Acho difícil algum de nós largar o serviço por qualquer emprego. Tem mês que chego a tirar R$ 3 mil. O mercado de trabalho só oferece emprego para ganhar R$ 600, coisa que ninguém quer”, revela L.O.A, 38 anos.

Os camelôs fazem questão de ressaltar, no entanto, que há interesse de conciliação. “Não queremos atrito com a polícia nem com a ETCD. Nos comprometemos a não armar as barraquinhas. Mas se um cliente chegar para comprar, vamos vender. Estaremos pelas ruas porque o peru de Natal ainda não está garantido”, revela A. M., 35 anos, que atua há mais de dois anos no Centro de Diadema.

Cerca de 80 camelôs participaram do encontro realizado sábado com a ETCD, mas, segundo os próprios ambulantes, muita gente ficou de fora. A reunião foi organizada em virtude das duas blitze realizadas na terça e na quinta-feiras desta semana pela Polícia Militar e pela ETCD, quando os vendedores disseram ser vítimas de “um verdadeiro arrastão”. Segundo eles, durante o trajeto do Centro de Diadema até a delegacia, parte dos vales teria sumido.

“Só eu perdi de R$ 12 a R$ 17 mil em passes e cartões telefônicos. E sou autorizado pela Telefônica a revender os cartões, inclusive tenho notas-fiscais. Fiz boletim de ocorrência e agora a polícia me persegue, diz que estou inventando esse sumiço”, garante L.O.A., o mesmo que disse lucrar cerca de R$ 3 mil por mês com a atividade. Além dos bilhetes, L. comercializa água, sucos e refrigerantes. Na batida policial, cerca de 5 mil passes do bolsa-transporte foram apreendidos.

Os ambulantes, no entanto, não parecem estar unidos. “Eles não têm liderança. Alguns disseram que são assaltados e que os passes roubados, muitas vezes, são revendidos para a barraca ao lado”, afirma Airton Germano, da ETCD.




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