O anúncio do governador eleito Geraldo Alckmin (PSDB) de criar a Secretaria de Gestão e Desenvolvimento Metropolitano deve facilitar o diálogo com os municípios e tentar superar as deficiências do Estado em investimentos nas cidades que margeiam a Capital. A região conta com o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC para organizar os problemas e encontrar soluções. A soma de uma Pasta com interesses semelhantes, mas ampliados, é visto como avanço regional.

Para José Antonio Acemel, o Espanhol, coordenador da campanha de Alckmin na região, explicou que é fundamental articular com Campinas e Baixada Santista, envolvendo setores como Transporte Público e rodoviário. "Transporte, Habitação e Educação precisam convergir no processo de metropolização. Essa Pasta vai fazer com que não se gaste mais energia entre várias secretarias", comentou Espanhol.

O presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e prefeito de Ribeirão Pires, Clovis Volpi (PV), avaliou que a secretaria deve melhorar "muito" a relação com as cidades da região. "Se o governador criar, talvez seja uma das coisas mais importantes para reiteração e integração da Região Metropolitana. É uma ideia moderna. Facilitaria em termos de regiões, ou municípios", disse o verde.

O consórcio tem papel de organizar soluções para problemas comuns entre os sete municípios. O órgão é entidade pública capaz de firmar convênios com União e Estado. "Nós temos problemas no sistema viário, no lixo e nos piscinões. Isso são coisas que já estão sendo resolvidas. Os convênios e contratos podem surgir direto com os municípios", avaliou Volpi.

O deputado estadual Sidinei Beraldo (PSDB), que será o próximo secretário-chefe da Casa Civil, é apontado como o articulador na escolha do secretário metropolitano. O formato da Pasta ainda não foi definido. Alckmin estuda como vai moldá-la - se cria setor na secretaria de Planejamento ou se organiza um conselho de prefeitos para discutir e opinar.

Volpi aguarda essa definição para saber se será uma secretaria de investimento ou de planejamento. "Se for investimento será melhor, pois teremos o Rodoanel unindo todas essas cidades em no máximo dez anos. Precisamos de investimentos comuns", pontuou.

"Ainda não sabemos qual vai ser o teor da secretaria. Ele pode criar uma Pasta por decreto lei, desde que não crie nenhum cargo. Ou, então, encaminhar o projeto à Assembleia Legislativa e nós vamos avaliar", resumiu o deputado tucano Orlando Morando (PSDB-São Bernardo).

O projeto do governador também é visto como forma de crescer eleitoralmente nas periferias da Região Metropolitana onde, tradicionalmente, o PT tem vencido o PSDB. Integrante do PT de São Bernardo, o deputado federal reeleito Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, desconfia da bondade do tucano. "Eu confesso que não sei o que esperar, mas nós e o PSDB temos grandes divergências", afirmou.