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Metade dos viciados tem problemas psiquiátricos
Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
17/08/2012 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Dependentes de drogas são mais suscetíveis a desenvolver transtornos psiquiátricos, assim como pessoas que já têm doenças mentais estão mais expostas ao vício em substâncias psicoativas. Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde no Hospital Lacan, em São Bernardo, aponta que 51% dos 1.300 dependentes em álcool e drogas tratados nos últimos três anos na unidade apresentavam doenças psiquiátricas como depressão, transtorno bipolar e transtorno obsessivo-compulsivo, entre outras.

Segundo o coordenador da área de Saúde Mental da Pasta, Sérgio Tamai, o perfil dos pacientes comprova o que estudos mundiais já demonstraram: que até metade da população com quadro de dependência ou abuso de drogas também apresenta concomitantemente transtorno mental.

Nesses casos, o tratamento é mais difícil e requer até o dobro do tempo de internação que seria necessário apenas para a desintoxicação. "Pessoas com comorbidade ficam, em média, quatro semanas internadas, enquanto a desintoxicação requer cerca de 15 dias."

Conforme a secretaria, os pacientes em tratamento no Hospital Lacan recebem acompanhamento psicológico individual e coletivo, participam de atividades físicas e esportivas e realizam terapias ocupacionais, como oficinas de pintura, entre outras, durante o período de internação.

Tamai explicou ainda que é necessário tratar não apenas a dependência, mas também o transtorno. "Se a pessoa recebe alta, mas não teve tratamento para a depressão, por exemplo, o transtorno pode influenciar o retorno ao vício."Segundo o coordenador, indivíduos com pré-disposição genética para doenças psíquicas, como a esquizofrenia, aumentam em até sete vezes os riscos de desenvolvê-las quando fazem uso de drogas.

MULHERES

A pesquisa apontou ainda que entre os homens o índice de pacientes com doenças psíquicas foi de 50,1%. Já entre as pacientes mulheres o percentual foi mais alto: 56%. A psiquiatra da Faculdade de Medicina do ABC e do Caps-AD (Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas) de São Caetano Fernanda Piotto destaca que a comorbidade se manifesta em ambos os sexos, mas é comum as mulheres apresentarem primeiro o transtorno psiquiátrico e depois a dependência, geralmente de álcool. "Já os homens acabam desenvolvendo doenças psíquicas por conta do consumo abusivo de entorpecentes."

Fernanda destacou que o primeiro atendimento realizado no Caps inclui entrevista geral com o paciente e a família. "Nesses casos, a vida do paciente deve ser vista como um todo, inclusive suas relações familiares. Uma vez feito o diagnóstico pelo psiquiatra, se a comorbidade existe, a atenção no tratamento deve ser dobrada."




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