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Fila para transplante
de órgãos cresce 18,2%

Aumento no Grande ABC foi registrado em um ano e
meio; a cada dez pessoas, oito precisam receber rins

Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
28/09/2013 | 07:00
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Divulgação


A fila por transplante de órgãos no Grande ABC subiu 18,2% em um ano e meio. Segundo dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), atualmente a região possui 842 pessoas à espera de um órgão. Em março de 2012, o Diário divulgou que o número de receptores era de 712. A Secretaria Estadual de Saúde informou que não possui dados sobre a quantidade de pacientes que aguardam órgãos nas sete cidades.

O presidente da ABTO, José Medina Pestana, explicou que o aumento é uma tendência mundial. “As pessoas estão vivendo mais tempo e o número de mortes prematuras, que geram doadores, está diminuindo. O transplante só é feito quando morre alguém que não deveria morrer. Se isso não acontece, não têm órgãos para serem transplantados.”

Para que o número de doadores seja ampliado nos próximos anos, Pestana disse que é importante a realização de campanhas para conscientização da população, voltadas tanto para familiares quanto para profissinais da Medicina. “O transplante ainda é uma ação recente e muitos médicos que se formaram antes dessa cultura ser estabelecida possuem pouco conhecimento sobre o tema”, comentou o presidente da ABTO. Na manhã de ontem, foi realizada a 1ª Caminhada pela Doação de Órgãos, em Santo André.

RENASCIMENTO

A morte de uma pessoa reacende a chama de viver de outra. Foi isso que aconteceu com a diretora de escola estadual Iderli Patini Savino, 44 anos, de Santo André. Em março de 2012, o Diário mostrou sua dura batalha na espera por um rim. Em uma tarde de junho como várias outras, a educadora recebeu uma ligação que mudou totalmente a sua vida. Após 24 horas do telefonema, o transplante havia sido realizado e o problema renal de Iderli virou coisa do passado.

“Foram surpresa e emoção muito grandes. O médico liga e faz algumas perguntas sobre o estado de saúde e se há algum problema com a gente. Falei que estava tudo bem. Então, ele fez a seguinte pergunta: temos um órgão aqui, você quer? Nessa hora meu coração bateu mais forte.”

Iderli estava na posição 1.641 da fila de espera e só foi contemplada por conta da compatibilidade com o órgão doado. Segundo dados da ABTO, a cada dez pacientes à espera na região, oito aguardam por rins. “Tenho colegas que faziam hemodiálise comigo, estão cadastrados há muito mais tempo que eu e ainda não receberam o órgão”

Com sorriso no rosto, ela comemora os novos tempos. “É um renascimento a cada dia. Só de deixar de fazer a hemodiálise, que gera outros problemas, é um alívio, porque sabemos que se correm sérios riscos naquela máquina. Hoje, sou uma pessoa normal. Ou seja, é outra vida que começou”, disse Iderli.

A educadora até brinca com a situação agora que está bem de saúde. “Quando recebi a ligação do médico, fiquei gelada na hora. Meu problema era renal, depois que recebi a notícia, comecei a sofrer do coração.”

HC de S.Bernardo fará cirurgias do tipo

O Grande ABC ainda não possui central de captação de órgãos nem hospital que realize transplantes. O único procedimento do tipo feito na região é o transplante de córneas, feito no Hospital Estadual Mário Covas, por meio da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC).

Segundo o secretário de Saúde de Santo André, Homero Nepomuceno, o Hospital de Clínicas de São Bernardo, previsto para ser inaugurado até o fim do ano, será referência em cirurgias do tipo nas sete cidades. “Tem a perspectiva de ser hospital para amparar transplantes. Então, poderemos ter, em breve, unidades que farão a captação e a operação cirúrgica. A região caminha a passos largos no sentido de melhorar a assistência aos moradores nesse tema.”

O titular da Pasta andreense acredita que a região não pode ficar sem equipamentos voltados à doação de órgãos. “Estamos em região com cerca de 2,5 milhões de habitantes, que têm dificuldades de mobilidade daqui para a Capital, uma faculdade de Medicina de bastante qualidade, profissionais e técnicos capacitados. Então, temos condições de ter esse tipo de serviço à disposição”, disse.

Nepomuceno afirmou que o CHM (Centro Hospitalar Municipal) terá condições de ser centro de captação de órgãos em futuro breve. 




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