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Falta de funcionários
interfere em
produtividade

Consórcio Intermunicipal pedirá aumento no efetivo da Polícia Civil na região, com objetivo de melhorar produtividade

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
15/07/2013 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Quase metade dos inquéritos policiais abertos nas delegacias do Grande ABC entre janeiro e maio deste ano rendeu algum tipo de prisão pela Polícia Civil, segundo as estatísticas divulgadas pela SSP (Secretaria da Segurança Pública). A produtividade na região é considerada positiva, mas está abaixo da média do Estado e de toda a Grande São Paulo, ficando acima apenas da Capital.

Na opinião de especialistas ouvidos pelo Diário, a explicação pode estar no deficit de funcionários para investigar e registrar as ocorrências que existem nos DPs (distritos policiais) locais. Até julho, a média é de 58 inquéritos instaurados por dia.

O assunto será um dos temas a serem debatidos entre os secretários das sete cidades e o titular da Pasta estadual de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, em reunião a ser realizada no dia 18.

Presidente do GT (Grupo de Trabalho) de Segurança do Consórcio Intermunicipal e secretário em São Bernardo, Benedito Mariano é enfático ao dizer que a região exigirá a imediata contratação de pelo menos mais 300 investigadores e escrivães para as delegacias do Grande ABC.

“Não dá para fazer milagre. É difícil a gente cobrar algo da polícia judiciária com esse deficit de funcionários. O que existe hoje é uma subnotificação dos crimes”, disse.

 Por meio da assessoria de imprensa da SSP, o diretor do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), responsável pela Polícia Civil na região, Paulo Afonso Bicudo, disse que não pode revelar o número oficial de escrivães e investigadores que trabalham atualmente no Grande ABC. O objetivo é não expor dados confidenciais.

A necessidade de contratações, contudo, é uma das bandeiras pelas quais as associações que representam a categoria lutam junto ao governo. Levantamento feito pelo Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), mostra que seria necessário reforço de pelo menos mais 8.000 profissionais para dar conta da demanda atual de trabalho.

“O volume de crimes é muito grande. E, além disso, o agente tem de fazer trabalho administrativo. O delegado é a única figura da autoridade que está presente em qualquer lugar. Nosso trabalho muita vezes é social, trocamos a investigação pela conciliação”, disse o presidente do sindicato, George Melão.

“É a mídia que determina o que de fato vamos investigar, de acordo com a repercussão do caso”, resumiu Marilda Pinheiro, presidente da Associação dos Delegados do Estado de São Paulo. “Há um excesso de trabalho e falta de reconhecimento. Diria que a Polícia Civil paulista é a melhor do mundo por conseguir trabalhar nas condições que lhe são oferecidas.”

Mariano lembra que, na região, as prefeituras ainda ajudam com o aluguel de imóveis e até cedem funcionários às delegacias. Portanto, reduzir o deficit de funcionários poderia melhorar o trabalho. “Não tenho dúvidas que a produtividade dobraria.”

 
 

Sindicato defende reestruturação

Delegacias especializadas e de bairros periféricos aparecem com os piores índices de produtividade na região. Justamente por isso, o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo defende uma reestruturação no sistema de DPs de todo o Estado.

“É preciso repensar, fazer estudo técnico e avaliação dos locais onde estão instaladas essas delegacias. Ver onde mais há demanda para distribuir melhor o quadro de policiais. E fechar distritos em locais onde não há nenhuma necessidade”, disse o presidente George Melão.

Para o delegado, o governo teme o peso político negativo de fazer uma reestruturação das delegacias. “O interesse político acaba se sobressaindo ao da população. Por isso não fazem”, completou.

Segundo os dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública), a média é de cerca de 325 inquéritos instaurados em cada uma das delegacias do Grande ABC no período entre janeiro e julho.

Segundo o secretário de Segurança Urbana de São Bernardo, Benedito Mariano, uma das principais reivindicações do Consórcio Intermunicipal no encontro com o governo do Estado é para que os 27 distritos policiais de bairros da região funcionem em esquema de plantão, abertos 24 horas. “Há pelo menos quatro anos e meio que estamos cobrando isso”, revelou. Outro pedido será pela criação de uma delegacia seccional para Mauá, isolada de Santo André.
 

Demacro anuncia aumento, mas não revela de quanto será o reforço

O Demacro não respondeu às perguntas do Diário sobre metas de produtividade da Polícia Civil no Grande ABC, nem se os números apresentados pela Secretaria da Segurança Pública são considerados positivos.

Por meio da assessoria de imprensa, a Pasta informou apenas que serão abertos processos seletivos para o preenchimento de cerca de 2.800 novas vagas no efetivo, entre delegados, investigadores, escrivães e agentes policiais. O investimento anunciado gira em torno de R$ 170 milhões anuais.

Os números, no entanto, são para todo o Estado. A secretaria não informa quantos dos novos policiais civis que serão incorporados de fato ao quadro do Grande ABC. O dado será cobrado pelo Consórcio Intermunicipal na reunião agendada para o dia 18. 




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