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Mandam no nosso e guardam o deles

Na tremenda discussão sobre o aumento dos aposentados, que o governo Lula pretende manter em 6,14%, sua própria base

Por Carlos Brickmann
21/04/2010 | 00:00
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Na tremenda discussão sobre o aumento dos aposentados, que o governo Lula pretende manter em 6,14%, sua própria base parlamentar quer colocar em 7,71% e a oposição insiste em 8,71%, ninguém está falando a verdade. A oposição, quando era governo, segurou o aumento dos aposentados (e ainda criou o tal fator previdenciário, que achata os salários); a base parlamentar governista, nos últimos sete anos, ficou quietinha, só se manifestando na véspera das eleições; e o presidente Lula, quando era oposição, propunha aumentos bem maiores.
O fato é que a discussão não é esta: do jeito que a coisa está, o aumento é insuficiente para os aposentados e excessivo para as contas da Previdência, que não aguenta pagar. O que é preciso, e ninguém quer discutir, é a unificação da Previdência. Por que um funcionário público aposentado recebe o salário integral, enquanto os assalariados menos iguais recebem uma fração disso?
Não há o que argumentar: ou todos são iguais perante a lei ou não são. Tudo bem, quem é funcionário público foi contratado na expectativa de, quando se aposentar, receber o salário integral, ou algo bem próximo disso; seria traumático mexer no que, explícita ou implicitamente, faz parte de seu contrato. Mas quem fosse admitido de agora em diante poderia ingressar na Previdência única. Demora muito para começar a acertar as contas? Pois vai demorar mais ainda se houver atrasos para iniciar o processo. Se o governo anterior tivesse tido a coragem de implementar essa idéia, faltariam 20 anos. Não teve. Por isso faltam 30.

ONDE ESTÁ O DINHEIRO
Por falar em contas deficitárias, o Governo Lula aumentou as despesas com pessoal em 122%, contra 48% de inflação - isso até o ano passado. Os parlamentares ganham não apenas 15 salários por ano, mas também passagens de Brasília para os Estados que representam - mesmo quando representam Brasília. Um único senador, José Sarney, recebe entre vencimentos e aposentadorias diversas mais de R$ 50 mil mensais, quase o dobro do limite legal para gastos salariais do setor público. De 2002 a 2007, o Legislativo contratou 4.668 funcionários novos, sem que o número de parlamentares se tenha alterado; o Judiciário, 4.762. Como é que vai haver dinheiro para permitir que os aposentados sobrevivam?

O DIA DE ATIRAR EM ÍNDIO
Todo dia era dia de índio, lembra Jorge Ben Jor, na bela interpretação de Baby Consuelo. Dia 19 de abril é o Dia do Índio, está na lei. E, numa estranha comemoração da data, a Força Nacional de Segurança Pública foi autorizada a usar armas mortais contra os 80 índios acampados em frente ao Ministério da Justiça. Eles estão acampados, pacificamente, mas podem ser alvejados e mortos. A autorização do uso de armas letais foi concedida pelo ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto. O deputado Luiz Carlos Hauly, do PSDB paranaense, protestou contra os dois absurdos: a autorização para matar índios e o uso da Força Nacional "como serviço terceirizado de segurança de prédios do Ministério da Justiça." E qual a terrível reivindicação dos índios, que levou o ministro da Justiça a autorizar o uso de armas mortais contra eles? Querem que a estrutura da Funai seja proporcional ao número de índios em cada Estado - ao contrário do que ocorre hoje, onde há Estados com muitos índios e pouca Funai e Estados com poucos índios e muita Funai. Que coisa mais terrível! Bala neles!

VIROU DEBOCHE
O Maníaco de Luziânia, que estuprou e matou seis meninos, apareceu enforcado na cela. Segundo a polícia, deve ter se suicidado depois de fazer uma corda com o tecido do colchão. Mas vamos lá, caro leitor: pegue um colchão velho e corte-o em tiras, sem tesoura ou qualquer objeto cortante, que isso não há nas celas. Faça uma corda e, sem banquinho, pendure-a a três metros de altura. Faça o laço. E imagine como é que vai colocar o pescoço lá em cima. É duro de acreditar. Claro que o criminoso deveria ser duramente punido - mas com julgamento. Quem impôs a pena? Quem a executou? São tão assassinos quanto o maníaco.




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