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Médicos indicam
gengibre e vitamina
B6 para enjoos

Estimativa é que 3 milhões de mulheres sofram anualmente de nauséas e vômitos durante a gestação

Thaís Moraes
Do Diário do Grande ABC
01/07/2013 | 07:00
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Divulgação


Ginecologistas e obstetras do Brasil passaram a receber, a partir de junho, informações atualizadas sobre o tratamento de náuseas e vômitos na gestação. De agora em diante, a recomendação da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) é que mulheres que sofram com enjoos durante a gravidez façam ingestão de gengibre e piridoxina (vitamina B6).

A medida é baseada em opiniões de especialistas e evidências científicas. A estimativa é que cerca de 3 milhões de mulheres sofram anualmente com náuseas e vômitos na gestação. Outro dado informa que 91% das pacientes têm os sintomas no primeiro trimestre da gestação.

Segundo o autor da normativa da Febrasgo, o ginecologista Corintio Mariani Neto, a criação de uma padronização no tratamento foi necessária, principalmente, porque não havia no mercado nacional produto que pertencesse à classe A de medicamentos, isto é, que não apresentava risco algum nem para a gestante nem para o bebê. “Todos os produtos que tínhamos eram de classe B. Isso significa que a prescrição é liberada, mas sua segurança não é absoluta.”

Desde o segundo semestre do ano passado há no mercado brasileiro uma cápsula que contém as duas substâncias. “As quantidades seguras para ingestão diária é de 1 grama para o gengibre e até 75 miligramas para a vitamina B6”, destaca Neto.

A mudança no tratamento também é importante porque a maioria dos antieméticos, medicamentos que aliviam esses sintomas, pode provocar sonolência, tremores nas extremidades e confusão mental.

Segundo a ginecologista e obstetra da Comissão de Assistência ao Parto, Aborto e Puerpério da Febrasgo, Ione Rodrigues Brum, náuseas e vômitos têm ligação direta com a gravidez por conta do aumento do hormônio hCG (gonadotrofina coriônica humana). “Essa substância estimula o centro do vômito no sistema nervoso central. Os enjoos são mais frequentes nos três primeiros meses por coincidir com o pico do hormônio.”

Por conta disso, mulheres grávidas de gêmeos têm mais predisposição a desenvolver os sintomas. Grávidas de fetos do sexo feminino também são mais vulneráveis a enjoos devido aos altos níveis de estrogênio (hormônio feminino), que do mesmo modo está ligado à ativação do centro do vômito.

A nutricionista Ligia Maria Santandréa, 29 anos, está grávida de sete meses e precisou desmarcar compromissos por conta dos enjoos. “Chegava a ficar o dia inteiro enjoada. O vômito é uma coisa que não dá para segurar, então ingeria pouco líquido. Tomei remédios para melhorar os enjoos.”

Já a dentista Deborah Delage, 50, sofreu com as náuseas a partir da oitava semana de gestação de sua filha, hoje com 9 anos. “Tinha vômitos agudos pela manhã, cheguei a vomitar por horas. Em um desses episódios fiquei tão fraca que precisei tomar soro e ficar em observação o dia inteiro”, relembra.

Casos graves podem ser sintoma de doença

Náuseas e vômitos são tão frequentes durante a gestação que podem ser considerados símbolos que apontam o aparecimento de uma nova vida. Os incômodos costumam ocorrer nos três primeiros meses e atingem mais de 75% das mulheres.

Entretanto, quando esses sintomas se apresentam de forma muito acentuada, problemas graves podem aparecer e colocar em risco tanto a vida da mãe quanto a do feto. É o caso da hiperêmese gravídica, caracterizada por náuseas e vômitos prolongados, que atinge de 0,3% a 3% das gestantes.

“Essa doença é caracterizada por perda de peso e desidratação, por isso é necessária internação. Hoje as complicações são mais raras porque intervimos inicialmente, mas há 50 anos mulheres chegavam a perder bebês e até morriam”, explica o professor de Ginecologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Mauro Sancovski.

Para que o diagnóstico de hiperêmese gravídica seja feito, é preciso que outras causas orgânicas sejam descartadas, já que estímulos químicos, infecções, alterações no sistema nervoso central, medicamentos e desordens no sistema digestivo também afetam o centro do vômito.

Além desses, o fator emocional pode provocar enjoos. Caso a mulher não aceite a gestação ou até goste da novidade, mas tenha medos e anseios, esse conflito psicológico pode causar os sintomas.

Um caso famoso da doença foi o da duquesa de Cambridge, Kate Middleton, mulher do príncipe britânico William, que chegou a ficar quatro dias internada em dezembro por conta de náuseas e vômitos intensos.  




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